Repositório RCAAP
Pseudotumor Cerebri Pediátrico: Um Estudo Multicêntrico
Objetivo: Descrever uma população com Síndrome Pseudotumor Cerebri (SPTC) pediátrico, o seu diagnóstico diferencial, perfil clínico, fatores associados e tratamento. Métodos: Trata-se de uma análise retrospetiva dos registos clínicos de casos de internamento pediátrico no Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho e Hospital de S.João, no período de Janeiro de 2006 a Dezembro de 2016, com o diagnóstico de papiledema e pseudotumor cerebri sujeitos a avaliação oftalmológica. O SPTC foi diagnosticado segundo os critérios clássicos (1937) e os critérios revistos por Friedman et al (2013). Os doentes foram divididos segundo a idade em dois grupos: crianças (<10 anos) e adolescentes (10 a 18 anos). Resultados: Obtiveram-se 41 casos de papiledema, 18 (43,9%) com diagnóstico de SPTC, 29,3% de lesão ocupante de espaço, 12,2% de causa infeciosa, 7,3% causa estrutural e 7,3% por trombose de seio venoso central. O sexo masculino foi mais prevalente no grupo das crianças (71,4%) e o feminino no grupo dos adolescentes (63,6%). A obesidade demonstrou-se mais prevalente no grupo de adolescentes (55,6% vs 0%). Sintomas de hipertensão intracraniana estiveram presentes em 88,9% dos casos. Todos os doentes foram tratados com acetazolamida e 80% demonstrou resolução do papiledema aos 12 meses. Conclusão: A SPTC foi uma causa frequente de papiledema na nossa população pediátrica, mais prevalente em crianças de sexo masculino e adolescentes de sexo feminino. A obesidade parece estar associada a SPTC, particularmente em adolescentes.
2019
Braga, Joana Figueiredo Costa, Sónia Torres Faria, Olinda Meira, Dália Breda, Jorge
New Perspectives of Ocular Surface Evaluation in Primary Sjögren’s Syndrome
Introduction: The diagnosis of Primary Sjögren's Syndrome (pSS) is sometimes challenging, taking into account the clinical heterogeneity and the variability of diagnostic criteria fulfillment. This study aims to evaluate the tear meniscus (TM) and corneal sub-basal nerve plexus (SBNP) in a population with pSS. Material and Methods: Cross-sectional study of 50 patients with pSS and 20 healthy controls. Conventional dry-eye disease evaluation was performed, using Schirmer test I without anaesthesia, tear break-up time and corneal fluorescein staining. TM height and area were analyzed using anterior segment optical coherence tomography (AS-OCT) and corneal SBNP was evaluated using in vivo Confocal Microscopy (IVCM), with study of nerve density, length and tortuosity. Differences in pSS ophthalmic features were analyzed according to phenotype profile. Data analysis was conducted by IBM-SPSS Statistics 25.0. Results: TM height was significantly lower in pSS in contrast to the controls (p < 0.001). Corneal SBNP density and length were significantly lower and tortuosity significantly higher in pSS patients comparing to controls (p < 0.001, p = 0.004 and p = 0.001, respectively). Conclusion: AS-OCT and IVCM may be useful in the evaluation of lachrymal unit dysfunction in pSS, complementing the conventional methods used in the evaluation of dry-eye disease.
2019
Cardigos, Joana Barcelos, Filipe Carvalho, Helena Luis, Maria Elisa Crisostomo, Sara Vaz-Patto, José Alves, Nuno
EPISCLERAL BRACHYTHERAPY IN PORTUGAL:
OBJECTIVOS: Avaliar o desempenho do Centro de Referência Português de Onco-Oftalmologia no que diz respeito ao controlo local, taxas de sobrevida, taxas de metastização e efeitos secundários da Braquiterapia Episcleral (BTE), e comparar estes resultados com a literatura. MATERIAL E MÉTODOS: Estudo prospectivo e consecutivo que incluiu os doentes referenciados ao Centro de Referência de Onco-Oftamologia por melanoma da úvea e tratados com BTE entre Novembro 2013 e Setembro 2018. Foram recolhidos dados de follow-up no que diz respeito ao controlo local, sobrevida, metastização e efeitos secundários. Foi igualmente realizada a análise de factores preditivos dos resultados e efeitos secundários. RESULTADOS: Um total de 100 doentes realizou BTE mas apenas 98 completaram follow-upde pelo menos 2 meses. Noventa e seis por cento dos doentes atingiram controlo local do tumor e a taxa de incidência de falência do tratamento foi de 2,2/100 pessoa-anos. A taxa de incidência da mortalidade foi de 6,0/100 pessoa-anos e a de desenvolvimento de metástases foi de 7,2/100 pessoa-anos. O efeito secundário mais frequente foi o desenvolvimento de catarata e a taxa de incidência de retinopatia da radiação foi de 31,5/100 pessoas-ano. CONCLUSÕES: Os nossos resultados mostram um excelente desempenho no que diz respeito ao controlo local após tratamento com BTE, com taxas de sobrevida e metastização satisfatórias. A taxa de toxicidade ocular é aceitável considerando os altos níveis de controlo local da doença. Assim, a BTE é uma opção válida como tratamento conservador, em contraste com a enucleação, preservando a estética facial.
2019
Fonseca, Cristina Albuquerque, Maria Rodrigues, Tiago M Casalta-Lopes, João Teixeira, Tânia Simões, Paulo César Cachulo, Maria da Luz Fernandes, Júlia Proença, Rui
Lacrimal gland abnormalities in blepharophimosis, ptosis and epicanthus inversus syndrome
Abstract: Introduction: Blepharophimosis, ptosis and epicanthus inversus syndrome (BPES) is an uncommon autosomal dominant congenital disease caused by a mutation in the FOXL2 gene. Its major features are blepharophimosis, blepharoptosis, epicanthus inversus and telecanthus, and recently there have been some reports linking this disease to lacrimal gland (LG) agenesis. We studied the LG changes in BPES patients of our institution. Material and methods: Six patients with ages between 1 and 39 years old were studied. Lacrimal film evaluation was performed by slit-lamp biomicroscopy and Schirmer I test. LG volume was measured on computed tomography scans. All patients were screened for FOXL2 mutations. Results and discussion: The lacrimal film was abnormal in 2 patients. Both presented a reduced lacrimal meniscus; in one patient the Schirmer I test was decreased and in the second patient a significative superficial keratopathy was visible. An absence of the LG was disclosed on both CT scans. In 2 other patients LG volume was bilaterally reduced and in 1 it was normal. The remaining 1-year-old child had visible LGs and a normal lacrimal status evaluation. In this group of patients, clinical changes found on the lacrimal film evaluation were greatly associated to LG dysgenesis. A FOXL2 gene mutation was found in all cases, one of them not previously described. Conclusion: This study reinforces the recently described association between BPES and alacrimia and the importance of lacrimal evaluation in these patients, mainly if they are surgical candidates. A new FOXL2 mutation not previously described is also reported.
Avaliação do disco ótico na drepanocitose em idade pediátrica
Introdução:A drepanocitose é uma hemoglobinopatia que está associada a complicações vasculares multissistémicas que se podem repercutir a nível oftalmológico, atingindo essencialmente a retina. Este estudo teve como objetivo realizar uma análise morfológica e vascular dos discos óticos de crianças com drepanocitose e procurar correlacioná-las com parâmetros oftalmológicos e dados clínicos da doença. Material e métodos: Estudo prospetivo e observacional com 18 olhos de 10 crianças com drepanocitose com idade média de 11 ± 3,3 anos, 70% do sexo feminino. Realizou-se angiografia por tomografia de coerência ótica (OCT-A) – Cirrus 5000 Angioplex – com avaliação morfológica e da densidade vascular do disco ótico. Resultados:A melhor acuidade visual média foi de 0,9 em ambos os olhos. O equivalente esférico médio foi de + 0,50 no olho direito e + 0,70 no olho esquerdo. Na biomicroscopia, salienta-se a presença de icterícia das escleróticas em 6 olhos (33%). Observou-se a presença de retinopatia não proliferativa em 8 olhos (44%) e de nenhum com retinopatia proliferativa. A relação escavação-disco vertical foi de 0,56 ± 0,16em olhos com retinopatia, superior à dos olhos de crianças sem retinopatia - 0,41 ± 0,11 (p=0,003). A densidade média central de vasos superficial (44,58 ± 1,08 % vs50,64 ± 1,29 %; p=0,001)e profunda (35,33 ± 1,62% vs41,67 ± 1,02%; p=0,001) foi inferior em crianças com retinopatia. Conclusão: Este estudo apresenta os primeiros dados sobre a avaliação do nervo ótico por OCT-A em crianças com drepanocitose em Portugal. O estudo permitiu concluir que a relação escavação-disco nas crianças com drepanocitose e retinopatia está ligeiramente aumentada quando comparada com a de crianças com drepanocitose sem retinopatia. A densidade vascular do disco ótico foi inferior em olhos com retinopatia. São necessários mais estudos para validar a real importância diagnóstica e prognóstica destes exames na drepanocitose.
CORNEAL SUBBASAL NERVE PLEXUS EVALUATION BY IN VIVO CONFOCAL MICROSCOPY IN MULTIPLE SCLEROSIS
PURPOSE Multiple Sclerosis (MS) is the most frequent cause of neurologic disability in young adults, characterized by demyelination and axonal degeneration. Monitoring this last component remains an important challenge. Our study aims to access corneal subbasal nerve plexus morphology by in vivo confocal microscopy (CCM) and explore the possibility of using this noninvasive technology to obtain a biomarker of axonal degeneration. METHODS In this cross-sectional study 30 patients with MS and 22 healthy controls were included. All participants underwent full ophthalmology standard evaluation, CCM and optical coherence tomography (OCT). The following corneal subbasal nerve plexus morphology parameters were analysed: corneal nerve fibre density (CNFD), corneal nerve branch density (CNBD), corneal nerve fibre length (CNFL) and corneal nerve fibre tortuosity (CNFT). Neurological disability of MS patients was accessed using Expanded Disability Status Scale (EDSS) and MS Severity Score (MSSS). RESULTS Compared to controls, MS patients have lower CNFD, CNBD and CNFL (p<0.001) but no significant difference was found related to CNFT (p=0.108). No significant differences were found related to corneal subbasal plexus parameters between MS patients with or without optic neuritis (MSON vs MSNON). CNFD and temporal-inferior peripapillary retinal nerve fibre layer (ppRNFL) showed inverse association both with EDSS (rS=-0.62, p<0.001 for CNFD; rS=-0.53, p=0.003 for temporal-inferior ppRNFL) and MSSS (rS=-0.44, p=0.018 for CNFD; rS=-0.49, p=0.009 for temporal-inferior ppRNFL) scores. CONCLUSIONS CNFD, CNBD and CNFL are decreased in MS patients, suggesting axonal degeneration. Further longitudinal studies are needed to confirm whether CNFD could be a promising imaging parameter in MS severity evaluation. Keywords: multiple sclerosis, axonal degeneration, optical coherence tomography, corneal confocal microscopy, expanded disability status scale.
2019
Hipólito Fernandes, Diogo Luís, Maria Elisa Cardigos, Joana Cardigos, Joana Vieira, Miguel Alves, Marta Papoila, Ana Luísa Papoila, Ana Luísa Cunha, João Paulo Ferreira, Joana Tavares
Analysis of choroidal structure changes in diabetic patients without diabetic retinopathy
ABSTRACT Purpose: To identify changes in choroidal structure in diabetic patients without diabetic retinopathy (DR) that led to choroidal thickening after one year of follow-up, by differentiating alterations in the stromal and vascular areas of the choroid. Methods: Prospective observational cohort study in which 125 diabetic patients without DR were included, from October 2014 to December 2015. Patients received a complete ophthalmologic evaluation including spectral domain optical coherence tomography scans using enhanced depth imaging mode in the first visit (V1) and in a second visit after 12 months (V2). A 1500µm subfoveal choroidal area (total choroidal area [TCA]) was segmented into luminal area (LA) and stromal area (SA) using an image binarization technique. To assess the vascular status of the choroid, the choroidal vascularity index (CVI) was calculated as the proportion of LA to TCA. Generalized linear mixed-effects regression models were used. Results: Of the 125 patients, 103 completed the study, nine of which developed DR (8.7%). SA was significantly higher at V2 than at V1 (p=0.010), while CVI was significantly lower (p=0.028). TCA and SA were negatively associated with axial length (p=0.010 and p=0.011, respectively) and positively with CT (p<0.001). CVI was positively associated with axial length (p=0.001) and spherical equivalent (p<0.001). The presence of DR increased the CVI by 1.60% (p=0.042). Conclusion: After 12 months of follow-up, diabetic patients without DR at baseline appear to have a thicker choroid at the expense of decreased vascularity and stromal thickening. These structural changes may be due to ischemic processes in choroidal vasculature, with subsequent hyperpermeability and increased extracellular matrix deposition, and may represent the primary event in diabetes before the onset of DR.
2019
Figueiredo, Ricardo Luís, Maria Elisa Fernandes, Diogo Hipólito Cunha, João Paulo Alves, Marta Papoila, Ana Luísa Pinto, Luís Abegão Ferreira, Joana Tavares
Editorial
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2018
Rocha Sousa, Amandio Monteiro-Grillo, Manuel
Estratégia Nacional para a Saúde da Visão
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2018
Magalhães, Augusto Falcão, Manuel Campos, Nuno Monteiro Grillo, Manuel Murta, Joaquim Neto Breda, Jorge Menéres, Pedro Quadrado, Maria João
Editorial
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Resumos de Comunicações Livres
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O valor das redes sociais em Oftalmologia.
Introdução:As redes sociais têm assumido uma importância crescente em Medicina. O autor apresenta a evidência na literatura acerca do uso das redes sociais em Oftalmologia e procede a uma reflexão crítica sobre os benefícios e desvantagens das mesmas. Métodos: A pesquisa de referências bibliográficas foi feita com recurso às ferramentas PubMed e Google Scholar, pesquisando publicações em língua inglesa entre Janeiro de 2011 e Fevereiro de 2019 com os termos "social media AND ophthalmology" em qualquer parte do texto. Foram ainda efectuadas pesquisas específicas para redes sociais específicas em diversas doenças oftalmológicas. Resultados: Observou-se que existem 14 publicações sobre aplicações de redes sociais em Oftalmologia, incidindo sobre temas incluindo a cirurgia de catarata, glaucoma, doenças da retina, oftalmologia pediátrica e transplantação corneana. Discussão: As redes sociais têm promovido a expansão do conhecimento e a sua divulgação, contudo apresentam importantes limitações dos pontos de vista da qualidade científica, ético e social.
2020
Valejo Coelho, Nuno Moura Tavares-Ferreira, joana Dutra-Medeiros, Marco
Editorial
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Eficácia profilática da brimonidina no pico tensional após injeção intra-vítrea de bevacizumab: ensaio clínico randomizado em cross-over
Objetivos: Determinar a eficácia da brimonidina tópica na prevenção do pico de pressão intra-ocular (PIO) que ocorre após a injeção de fármacos intra-vítreos. Material e Métodos: Ensaio clínico randomizado, do tipo crossover, com inclusão de doentes submetidos a duas injeções intra-vítreas (IIV), em meses consecutivos, de bevacizumab. Aleatorização de cada doente para o grupo de controlo (sem profilaxia) ou para o grupo de intervenção (administração de uma gota de brimonidina, 20 minutos antes da IIV), com posterior cruzamento dos grupos, na segunda visita. Medição da PIO antes da IIV, imediatamente após (T0), 10 minutos (T10) e 20 minutos (T20) após a mesma. Resultados: Inclusão de 40 olhos de 40 doentes (80 IIV), com uma mediana de idades de 71,5 anos (32–83 anos), dos quais 40% eram do sexo feminino (n=16). Registada uma PIO média de 13,4 mmHg previamente à injeção (desvio padrão [DP] ±3,2; intervalo: 8-26). No grupo sem profilaxia, a PIO média em T0 foi de 35,6mmHg (DP:±11,6; intervalo:15-68,7), por oposição a uma PIO média em T0 de 30,7mmHg (DP:±10,2; intervalo:13,3-53,7), no grupo com profilaxia. Comparando os dois grupos, os doentes medicados profilaticamente com brimonidina apresentaram PIOs inferiores em T0 (PIO 14% mais baixa; p=0,0012), T10 (p=0,0016) e T20 (p<0,001). Não se registaram reações adversas do uso da brimonidina. Conclusões: Este estudo permitiu-nos demonstrar que a administração profilática de brimonidina antes da IIV é uma medida útil para atenuar o aumento de pressão verificado após a injeção.
2020
Brízido, Margarida Lopes, Beatriz Basílio, Ana Luisa Simões, Pedro Holanda, Helena Rodrigues, João F Miranda, Margarida
AVALIAÇÃO AUTOMÁTICA DA PROGRESSÃO DO QUERATOCONE UTILIZANDO UM NOVO SOFTWARE DE APOIO À DECISÃO CLÍNICA: UMA ANÁLISE DE CONCORDÂNCIA
Introdução Apresentamos e validamos clinicamente um novo software que compara automaticamente os parâmetros tomográficos e avalia a progressão do queratocone com base em critérios pré-determinados. Métodos Foi desenvolvida uma ferramenta informática capaz de classificar o estado de progressão da doença ectásica corneana. Posteriormente, 2 graders (um especialista de córnea e um oftalmologista geral) avaliaram dois exames tomográficos (Pentacam; Oculus Optikgeräte GmbH, Wetzlar, Germany) de doentes com queratocone. Cada par de imagens foi subjetivamente classificado em 0 – sem progressão, 1 – progressão duvidosa ou 2 – progressão clara. Na análise de concordância entre os graders e o software foram avaliados: a percentagem de concordância, o Kappa de Cohen (k) e o Gwet’s AC. Para os dois coeficientes estatísticos, consideraram-se os graus de concordância entre: 0 a 0.2 (insignificante), 0.2 a 0.4 (mediano), 0.4 a 0.6 (moderado), 0.6 a 0.8 (substancial) e 0.8 a 1.0 (quase perfeito). Resultados Incluímos 43 olhos de 26 doentes com queratocone (idade 27.9±6.9 anos) submetidos a exames tomográficos consecutivos (7.5±2.6 meses entre exames). A percentagem de concordância entre o software e o grader especialista na área de córnea foi de 92.3% [95% CI 0.88-0.97, p<0.001], com um k de Cohen de 0.80 [95% CI 0.67-0.93, p<0.001] e um Gwert’s AC de 0.85 [95% CI 0.67-0.94, p<0.001], representando uma concordância quase perfeita. A concordância com o oftalmologista geral foi mais baixa, 88.4% [95% CI 0.83-0.93, p<0.001] com um k de Cohen de 0.67 [95% CI 0.51-0.82, p<0.001] e com um Gwert’s AC de 0.75 [95% CI 0.60-0.89, p<0.001], representando uma concordância substancial. Conclusão O software proposto demonstra excelente concordância com um grader especialista em córnea. Esta ferramenta permite facilmente comparar os parâmetros tomográficos em exames seriados de doentes com queratocone, aumentando a produtividade na prática clínica. Além disso, pode ser uma ferramenta útil ao oftalmologista geral, que poderá não estar familiarizado com a interpretação de exames tomográficos, nomeadamente na avaliação da progressão do queratocone.
2020
Oliveira, Mariana Almeida Rosa, Andreia Murta, Joaquim Raimundo, Miguel Azenha, Catia Gil, João Quadrado Barbeiro, Paulo
Epithelial downgrowth after clear corneal phacoemulsification
Resumo Objetivo O objetivo deste artigo é descrever um caso clínico de downgrowth epitelial após facoemulsificação através de incisões em córnea clara. Materiais e Métodos Os autores descrevem um caso clínico de um homem de 79 anos submetido a facoemulsifição no olho esquerdo, através de incisão corneana de 2.75mm com implante de lente intra-ocular (LIO). A cirurgia decorreu sem intercorrências, excetuando uma síndrome de íris flácida (SIF) intra-operatória que causou encarceramento mínimo da íris. Nas consultas de pós-operatório do dia 1 e 7 não se detetaram quaisquer anomalias exceto encarceramento mínimo da íris. Na consulta de 1 mês de pós-operatório detetou-se um crescimento difuso de epitélio em relação com a porta de entrada e com a íris encarcerada. O doente estava assintomático, a sua melhor acuidade visual corrigida (MAVC) era 7/10 e a pressão intra-ocular (PIO) era 16mmHg. Não se detetou inflamação intra-ocular. Foi presumido um diagnóstico clínico de downgrowth epitelial que posteriormente foi suportado por tomografia ótica de segmento anterior, microscopia especular e topografia da córnea. Resultados Aos 5 meses de follow-up o doente mantém-se assintomático, sem evidência de propagação do downgrowth epitelial, apesar do encarceramento da íris. A MAVC e PIO mantêm-se estáveis, 7/10 e 16mmHg, respetivamente, o olho mantém-se sem sinais de inflamação. Discussão As condições que predispõe à invasão do epitélio para a câmara anterior incluem múltiplas cirurgias intra-oculares, atraso ou cicatrização incompleta, encarceramento da íris e implantação das células epiteliais com os instrumentos. Ainda não se conhece totalmente a fisiopatologia desta condição. Os outcomes dos tratamentos disponíveis são variáveis e geralmente insatisfatórios, não havendo guidelines. Neste caso em particular o principal fator de risco identificado foi o SIF que levou ao encarceramento da íris. Conclusões Apesar do prognóstico desta patologia ser normalmente mau, aos 5 meses de follow-up o doente mantém-se assintomático, sem evidência de propagação do downgrowth epitelial. Palavras-chave: invasão epitelial, facoemulsificação, síndrome da íris flácida
2020
Fernandes, Carla Dias Bruxelas, Carolina Silva, Pedro Patrício, Maria Sara Simões, Pedro
Neurosensory detachment in acute myeloid leukemia
Neurosensory retinal detachment is a rare ocular finding in acute myeloid leukemia. We describe a case of a 25 year-old female with history of acute myeloid leukemia under chemotherapy that was referred to the Ophthalmology Department due to blurred vision and metamorphopsia in the left eye for the last two weeks. On examination, there was an oval, high, paracentral lesion, superior to the macula with adjacent small hemorrhage. She performed macular spectral domain optic coherence tomography that showed macular edema with neurosensory detachment, fluorescein angiography that revealed a multifocal diffusion with hyperfluorescence and indocyanine green hypofluorescent spots suggesting choroidal ischemia. A diagnosis of neurosensorial retinal detachment that revealed a choroidal infiltration was made. The chemotherapy was continued and, one month after, progressive visual improvement was identified. A systemic disease with atypical retinal findings should alert to diagnose extramedullary disease and a multidisciplinary approach is necessary.
2020
Lopes, Patrícia José Figueiredo Leal, Inês Marques-Neves, Carlos Marques-Neves Pinto Ferreira, Nuno
BURACO MACULAR IDIOPÁTICO: RESULTADOS ANATÓMICOS E FUNCIONAIS A 12 MESES DAS DIFERENTES TÉCNICAS CIRÚRGICAS
Introdução: O buraco macular idiopático (BMi) é uma patologia da interface vitreorretiniana cujo tratamento é cirúrgico através de vitrectomia via pars plana (VPP). As técnicas mais conhecidas incluem a pelagem da membrana limitante interna (pMLI), o flap invertido (FI) e o transplante de membrana limitante interna (txMLI). Ainda não existem evidências suficientes sobre o efeito destas técnicas na recuperação das camadas externas da retina. Objetivos: Comparar os resultados das diferentes técnicas cirúrgicas e avaliar a taxa de recuperação das camadas externas da retina no pós-operatório. Métodos: Estudo coorte retrospetivo em doentes com BMi submetidos a VPP entre janeiro de 2017 e dezembro de 2018, no Hospital de Braga. Os parâmetros avaliados incluíram a melhor acuidade visual corrigida (MAVC), tamanho do BM (TBM), presença de membrana epirretiniana (MER), tempo de espera cirúrgico (TeC) e o sucesso cirúrgico anatómico (SC). Foram analisadas as taxas de recuperação das bandas externas da retina: camada nuclear externa, membrana limitante externa, zona elipsóide e de interdigitação. Resultados: Foram analisados 59 olhos, 42 (79,2%) do sexo feminino e idade média de 67,3±10,9 anos. O maior SC verificou-se no FI (93,5%). O ganho de MAVC foi superior na pMLI (p<0.001). A presença de MER, o TBM e o TeC não foram determinantes na escolha da técnica cirúrgica e no SC. Observaram-se ganhos progressivos das camadas externas da retina, sem diferenças significativas entre os períodos de seguimento. Conclusão: A VPP é anatómica e funcionalmente benéfica no BMi. O FI obteve maior taxa de SC, no entanto a pMLI permitiu maior ganho funcional.
2020
PINTO, CHRISTOPHE NOVERSA, RAFAELA FERNANDES, TIAGO MENDONÇA, LUÍS SANTOS, GIL CALVÃO GENTIL, RITA GOMES, NUNO SOUSA, KEISSY
REFERENCIAÇÃO PRECOCE DE DOENTES COM ORBITOPATIA TIROIDEIA
Introdução: Na Doença de Graves (DG), o diagnóstico precoce da Orbitopatia Tiroideia (OT) é fundamental para que se possa evitar as graves sequelas físicas e psicológicas de uma OT não tratada. Este estudo teve como objetivo avaliar os resultados da articulação precoce entre as áreas especializadas de Endocrinologia e Oftalmologia, na consulta de Olho-Tiroideia. Material e Métodos: Avaliação retrospetiva de 10 anos dos resultados da articulação feita para a consulta de Orbitopatia tiroideia do Hospital da Luz, antes e depois da criação de um protocolo de referenciação precoce, instituído em 2014. Os doentes seguidos em consulta foram caraterizados com base em 2 grupos de estudo: grupo 1 de referenciação precoce, com <1 Ano (A) de diagnóstico de Doença de Graves (DG), vs o grupo 2 com >1A de diagnóstico de DG. A atividade da OT foi avaliada através do Clinical Activity Score (CAS). A análise estatística dos dados foi realizada em SPSS (versão 21). Resultados e Discussão: Entre 2008 e 2018, foram observados 391 doentes na consulta de especialidade (Grupo 1:2 – 201:190), sendo 48 anos a idade média e 81% de doentes do sexo feminino. Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas em relação às queixas oftálmicas nos dois grupos (Grupo 1:2 – 113:128; p>0,05). Em relação à atividade da doença, os resultados foram CAS<3 = 82% e CAS≥3 = 18 % no grupo 1, e CAS<3 = 92% e CAS≥3 = 8 % no grupo 2, com p>0,05. O tabaco é relevante para o CAS apenas nos doentes do grupo 2 (p<0,05). O CAS mostrou-se maior nos doentes mais velhos p< 0,05 (no total, mas a relação é mais forte nos doentes com referenciação precoce). O CAS também demonstra ser significativamente maior nos homens p<0,05 no grupo 1, mas não no grupo total de doentes. Em relação ao tratamento, foram encontradas diferenças entre os dois grupos de estudo (p<0,05), tendo sido instituído tratamento conservador em 54,2% vs 46,8% face aos 12,4% vs 7,3% de doentes tratados com pulsos de metilprednisolona (Grupo 1 vs 2). Conclusões: A série estudada mostra as características de uma consulta com vasta experiência e inserida num hospital terciário com uma maior proporção de casos com mais atividade, do que a descrita na literatura. Na referenciação precoce a doença ativa é mais prevalente, sendo inferior o número de doentes sem doença ativa, mas a associação não é significativa. Na referenciação precoce há significativamente mais doentes enviados para corticoterapia por pulsos. Com o protocolo de referenciação verificou-se que o CAS em doentes precocemente enviados é significativamente diferente em relação ao período prévio, no entanto mais semelhante ao descrito na literatura - são enviados mais doentes e não apenas os mais queixosos, o que permite diagnosticar e tratar precocemente estes doentes. Assim concluímos que ao referenciar precocemente estes doentes melhoramos a qualidade de vida, diminuindo as sequelas de uma eventual OT em doentes com DG. Palavras-Chave: orbitopatia tiroideia, doença de Graves, protocolo, referenciação precoce, consulta olho-tiroideia
2020
SILVA, RITA SOUSA FERREIRA, MARA CABRAL, JOÃO ROSARIO, FRANCISCO OLIVEIRA, JORGE
Excavação coroideia focal em idade pediátrica
Objetivos: Apresentar um caso clínico de uma escavação coroideia focal (ECF) numa cirança de 4 anos. Materiais e métodos: Caso clínico Resultados: Uma criança de 4 anos apresenta-se com perda da acuidade visual do olho esquerdo sem outros sintomas concomitantes. A fundoscopia revelou uma lesão amarela-esbranquiçada na fóvea e a tomografia de coerência óptica de domínio espectral (SD-OCT) mostrou uma escavação coroideia local com depressão das camadas retinianas. Não foi identificado líquido subretiniano. Foi realizado um extenso estudo analítico e imagiológico, sem resultados positivos. Foi realizado o diagnóstico de ECF unilateral. Conclusões: A ECF é uma coroidopatia idiopática local, habitualmente diagnosticada através de SD-OCT. A sua etiologia é desconhecida. Alguns autores admitem a hipótese de ser uma malformação congénita, enquanto outros a veem como uma manifestação secundária a outras patologias. De acordo com o nosso conhecimento, este é o primeiro caso clínico reportado desta patologia idiopática numa criança tão jovem, pelo que especulamos que esta entidade se poderá apresentar de forma primária ou secundária a outras doenças corioretinianas.
2020
Costa, Jorge Vasco João, Marina Sousa, Keissy Calvão-Santos, Gil Mendonça, Luís Gomes, Nuno