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Editorial
Tendo como pano de fundo toda a problemática do Processo de Bolonha, e na sequência das questões levantadas na Conferência Os Profissionais da Informação em Contexto Europeu: Perfis, Formação, Mobilidade, realizada pela BAD em Setembro de 2005, a Comissão Editorial dos Cadernos BAD propôs-se contar com a colaboração dos Directores dos diversos cursos de formação superior na área das ciências da informação e documentação disponíveis em Portugal, aos quais endereçou um convite para colaborarem nesta edição dos Cadernos BAD que deliberou subordinar ao tema: O Ensino Superior em Informação e Documentação e o Processo de Bolonha. A reflexão deveria responder, basicamente, a duas questões, uma de carácter genérico, sobre o modo como cada Director vê a área de formação BAD em Portugal face às mudanças desencadeadas pelo Processo de Bolonha e outra, mais concreta, relativa ao modo como o curso que dirigem ou coordenam se vai adaptar a elas. De facto, a implementação do Processo de Bolonha representa uma profunda reforma no ensino superior em Portugal, que se consubstancia principalmente na adopção de um sistema de graus académicos baseado em três ciclos, comparável e legível em todo o Espaço Europeu de Ensino Superior, no estabelecimento de um sistema de créditos e na criação de um sistema de avaliação e certificação da qualidade. Face a questões de grande actualidade, o objectivo foi contar, numa perspectiva de futuro, com o contributo de vários especialistas nacionais na área em estudo que nos permitiriam obter uma espécie de mosaico da formação superior nesta área em Portugal, através da teorização e avaliação crítica dos modelos formativos existentes e da apresentação de propostas para a melhoria da qualidade do ensino ministrado. Com efeito, o Processo de Bolonha constitui um desafio e uma oportunidade para a educação em informação e documentação em Portugal. Desde logo, no que diz respeito à integração dos estudos no sistema de graus académicos previsto e à articulação entre a educação efectuada nos diversos ciclos de estudos. Mas o aspecto mais importante desse desafio situa-se ao nível da melhoria da qualidade, designadamente da estrutura e dos conteúdos curriculares, do corpo docente, da metodologia de ensino-aprendizagem, da base científico-didáctica e da promoção da investigação. Tendo presente a reflexão que se vem produzindo no espaço europeu por universidades e associações profissionais, pela EUCLID – the European Association for Library and Information Education and Research e pelo Conselho Internacional de Arquivos, cabe às instituições portuguesas de ensino a responsabilidade primeira pela formação de profissionais com as competências adequadas para operarem em modernos serviços de informação e documentação e para usufruírem da mobilidade profissional que o espaço europeu lhes proporciona. Enquanto associação profissional, a BAD não se demitirá da sua quota-parte de responsabilidade nesta matéria.
Bolonha: sem pressa, sem perda de tempo
A articulação entre as declarações de Lisboa (2000) e Bolonha (1999) exige uma gestão unitária, que não existe, para um território que vai do Atlântico aos Urais.
Bolonha e a formação universitária e profissional em Ciência da Informação
O objecto de abordagem deste texto é o estabelecimento de uma relação entre o plano de BOLONHA e as respectivas implicações na reestruturação do ensino e formação em Ciência da Informação. Partindo da análise do novo modelo de organização do ensino superior em três ciclos, tal como consta do documento legal, perspectivam-se as principais mudanças provocadas pela alteração do paradigma de ensino-aprendizagem, procedendo à enunciação dos ajustamentos a executar no domínio da formação em Biblioteca e Documentação e Arquivo. Enunciam-se as principais competências a adquirir, no primeiro e segundo ciclos de estudo, designadamente as que remetem para o desempenho de actividades técnicas e especializadas nas unidades de informação e documentação.
Um modelo formativo em Ciência da Informação, de feição europeia e adequado a Bolonha: o caso da Universidade do Porto
Após uma breve resenha da evolução dos modelos formativos, na chamada “área BAD”, quer a nível internacional, quer no contexto português, é feita uma abordagem dos desafios que o Processo de Bolonha coloca e das implicações que tem nos modelos de ensino em Portugal. Em particular, aborda-se o caso do modelo formativo em Ciência da Informação em vigor na Universidade do Porto e sua adequação a Bolonha, processo em que o primeiro e o segundo ciclos de estudos (licenciatura e mestrado) são reestruturados tendo em conta as orientações europeias, não só ao nível do plano curricular, mas também quanto à definição das competências a desenvolver em cada um desses ciclos de estudos.
A formação profissional BAD e o processo de Bolonha
Na transição do século XX para o século XXI, nota-se a tomada de consciência pela quase totalidade dos responsáveis europeus pelo Ensino Superior da necessidade de uma reforma do mesmo no sentido de o tornar verdadeiro catalisador de uma sociedade com maior mobilidade e acesso ao conhecimento. Às Ciências da Informação e Documentação cabe qualificar o acesso à nova esfera de bens culturais disponibilizados em simultâneo em todo o planeta de forma inaudita respeitando os valores da pós-modernidade: a ecologia e a felicidade humana, o bem-estar do homem concreto, a partilha responsável do saber, a transparência dos actos económicos e políticos, a denúncia da corrupção e a desmistificação. A prodigiosa capacidade de acumulação de informação técnica, científica e humanista coloca desafios mais prementes aos profissionais BAD, de certa forma intermediários entre as duas principais esferas nos âmbitos do saber e da cultura: a dos autores e a dos consumidores, a do conhecimento e a da acção. A sua formação deve, pois, assumir, em simultâneo e a todos os níveis, as características de unitária e plural, técnica e humanista e incluir tanto a Sociologia, a Cultura e a Psicologia, como o Direito, a Gestão e as técnicas de informação.
A Universidade Autónoma de Lisboa, o Processo de Bolonha e a área das Ciências Documentais e da Ciência da Informação
Pretende-se apresentar de forma sucinta mas esclarecida os traços específicos que caracterizam os projectos de formação na área das ciências documentais ⁄ ciência da informação da Universidade Autónoma de Lisboa já enquadrados no modelo de Bolonha. Ao nível pós-secundário é referido o Curso de Especialização Tecnológica, nível IV, em Documentação e Informação. No ensino superior o curso de 1.° ciclo (licenciatura) em Ciência da Informação, a pós-graduação em Ciências Documentais e o curso de 2.° ciclo (mestrado) em Ciências Documentais.
O Mestrado em Estudos de Informação e Bibliotecas Digitais do DCTI ⁄ ISCTE e o processo de Bolonha
A adequação ao processo de Bolonha do Mestrado em Estudos de Informação e Bibliotecas Digitais (MEIBD) do Departamento de Ciências e Tecnologias da Informação (DCTI) do ISCTE foi um processo tratado com mais de ano e meio de avanço sobre a data prevista para a leccionação segundo o novo paradigma. No ano lectivo de 2005-2006 o MEIBD já funcionou segundo os novos moldes. A aprovação pelo Ministério do modelo e documentação do MEIBD, aquando da submissão de conformidade ao processo de Bolonha, foi imediata e sem alterações. Neste texto dá-se conta da reestruturação introduzida no MEIBD de modo a melhorar a formação oferecida e simultaneamente adequar o mestrado ao processo de Bolonha.
O processo de Bolonha e a inevitável mudança na área da Ciência da Informação
São descritos os princípios fundamentais da Declaração de Bolonha e algumas alterações que ela pressupõe. Evoca-se a história da formação dita BAD, em Portugal, destacando-se o aparecimento das primeiras licenciaturas nacionais, dentre as quais a de Ciências e Tecnologias da Documentação e Informação (CTDI) da Escola Superior de Estudos Industriais e de Gestão do Instituto Politécnico do Porto, demonstrando-se o modo como foi feita a adequação da referida licenciatura de CTDI, ao abrigo de Bolonha, e sublinhando-se, no novo modelo de ensinoaprendizagem, o protagonismo, a autonomia e a responsabilização dos alunos. Caracteriza-se a actual licenciatura multidisciplinar, de banda larga, referindo-se as competências que um licenciado deve adquirir, tendo em conta a necessidade do surgimento de um novo perfil para os actuais Profissionais da Informação.
A formação em Ciências da Informação e da Documentação
O actual contexto educativo, a nível do ensino superior, está marcado pela implementação do Processo de Bolonha. As mudanças que estão a ocorrer devem ser encaradas como uma oportunidade não só para reestruturar a actual oferta formativa pelas instituições universitárias, mas também para oferecer novas formações que estejam em sintonia com a evolução da sociedade e do mercado. Entre outros campos do saber que primam pela inovação, as Ciências da Informação e da Documentação têm nos últimos anos constituído uma área que vê multiplicar-se a oferta de formações a nível internacional. Urge, portanto, a nível nacional complementar a oferta formativa neste domínio, oferecendo cursos que se norteiem pelos parâmetros “bolonheses” da empregabilidade, mobilidade e formação ao longo da vida. Com este artigo pretendemos dar um contributo para que a nível nacional seja ministrada uma formação adequada aos profissionais da informação e da documentação. A nossa análise centra-se, essencialmente, numa retrospectiva sobre a oferta de formação a nível europeu e nacional, para depois descrevermos as linhas gerais da oferta formativa que a Universidade de Évora pretende implementar.
Percursos de formação: o lugar das Ciências da Informação e da Documentação
O processo de Bolonha e as configurações da sociedade actual impõem novos desafios à formação superior na área das ciências da informação e da documentação, tendo como referência, nomeadamente, as competências centrais que é preciso desenvolver. A Universidade Aberta procura corresponder a essas questões apresentando uma proposta formativa perspectivada para possibilitar uma intervenção activa em determinados contextos, com especial destaque para as bibliotecas escolares.
A licenciatura em Ciências da Informação e Documentação da Faculdade de Filosofia de Braga
Neste artigo pretende-se explicar como partindo da sua experiência de sete anos na formação de pós-graduados em Ciências da Informação e Documentação (CID), a Faculdade de Filosofia de Braga da Universidade Católica Portuguesa preparou o lançamento de uma licenciatura em CID que pretende responder aos desafios lançados pela Sociedade da Informação e do Conhecimento e pelo denominado processo de Bolonha. O plano de estudos apresentado visa dotar os futuros licenciados com novas responsabilidades e competências, de forma a tornarem-se verdadeiros especialistas da informação, agentes profissionais conhecedores, eficazes, eficientes na gestão e recuperação da informação.
2006
Alves, Aida Barros, Ana Paula Andrade, António Galvão, Esmeralda Afonso, Gorete Costa, Isabel
Leituras
Memorias de Portugal: la experiência archivística portuguesa. TABULA: Acal, n.° 8, 2005. 175 p. Encoding across frontiers: Proceedings of the European Conference on Encoded Archival Description and Content (EAD and EAC), Paris, France, 7-8 October 2004, edited by Bill Stockting and Fabienne Queyroux, The Haworth Press, 2005. E-LIS http://www.eprints.org/ Acesso aberto a documentos sobre documentação e informação
2006
Sousa, Ana Barros Mariz, José Sequeiros, Paula
Editorial
A problemática das políticas de salvaguarda do património e da constituição de uma memória digital são, desde há muito, preocupação da área das bibliotecas e dos arquivos em geral, dado que estes organismos constituem casos complexos, devido não só à sua dimensão, mas sobretudo à sua natureza, uma vez que contêm acervos múltiplos, correspondentes a lógicas e modelos institucionais multisseculares. Contando com o contributo de vários especialistas nacionais e internacionais, são abordadas questões relativas à salvaguarda e valorização do património arquivístico à guarda das instituições, quer em suporte tradicional quer em suporte digital, e é discutida a necessidade de dotar os organismos públicos e privados dos meios técnicos e humanos para o seu tratamento e disponibilização, com o necessário recurso às tecnologias adequadas. Sendo os fundos arquivísticos as primeiras fontes da nossa memória individual e colectiva, têm particular e reconhecido relevo para o conhecimento e a investigação científica, hoje também já noutras actividades como a gestão e a administração, com particular ênfase na “gestão documental” e no apoio aos processos de decisão, permitindo obter níveis de eficácia e eficiência fundamentais para o desenvolvimento e o bem-estar na sociedade actual. Com a temática do presente número dos Cadernos BAD, a Associação Portuguesa de Bibliotecários Arquivistas e Documentalistas, pretendeu lançar as bases de discussão e reflexão sobre o enquadramento conceptual e a implementação das POLÍTICAS DE SALVAGUARDA DO PATRIMÓNIO E MEMÓRIA DIGITAL, que assumem extrema importância na actual sociedade da informação e do conhecimento. A edição do n.° 2 de 2005 dos Cadernos BAD sofreu considerável atraso que se deve a condicionalismos vários, decorrentes de imprevistos ao longo de todo o processo. Aos nossos associados e leitores, apresentamos as nossas desculpas pelo atraso na edição mas estamos certos que o resultado final justificou a espera.
Arquivos Digitais: da origem à maturidade
A preservação digital é uma área científica crítica para os profissionais de informação. A complexidade crescente dos objectos digitais e a rápida desactualização tecnológica provoca problemas que incluem tanto a manutenção do valor operativo dos documentos electrónicos numa organização, como o provável desaparecimento de memória social. Diversas tentativas e projectos têm sido desenvolvidos no sentido de dar resposta, apesar de parcial, a estes problemas. O IAN/TT tem seguido os esforços desenvolvidos nesta vertente, preparando alguns projectos que permitam lançar as bases de uma futura estrutura capaz de receber, gerir e acessibilizar os documentos de arquivo electrónicos produzidos pelo sector público.
A Biblioteca Nacional e a memória digital do património bibliográfico português: a experiência da Biblioteca Nacional Digital
A Biblioteca Nacional Digital (BND), serviço da Biblioteca Nacional para utilizadores à distância desde 2002, é analisada nas suas vertentes estratégica e de conteúdos. A análise contextualiza a BND no ambiente nacional e internacional e equaciona os principais desafios e oportunidades que, no futuro próximo, se oferecem às bibliotecas digitais, em geral, e à BND, em particular.
Memória institucional e gestão universitária o caso da Universidade Federal da Bahia
A memória institucional de natureza arquivística raramente está disponível de forma sistêmica e articulada para as instâncias decisórias das universidades federais brasileiras. Ainda que, reconhecidamente, a memória institucional possua as características e possa ser compreendida como informação estratégica, indispensável à gestão e ao planejamento organizacional, os recentes avanços das tecnologias digitais foram apenas timidamente voltados para a qualificação digital da informação de natureza arquivística identificada com a memória institucional. Com efeito, a memória institucional dificilmente é percebida e compreendida como informação estratégica dotada de real valor decisório para as atividades de gestão e planejamento das instituições universitárias. Assim, foi elaborado e distribuído um questionário aos gestores dos dois últimos e do atual reitorado da UFBA. As respostas foram agregadas, analisadas e discutidas, identificando que há um discurso formal, mas ainda insuficiente, na UFBA regulamentando, do ponto de vista organizacional, a dinâmica indispensável à manutenção da vitalidade da memória institucional como fonte de informação estratégica. Na Conclusão, apresentam-se recomendações discorrendo sobre diretrizes para um sistema digital de memória estratégica e analisando o impacto administrativo (notadamente na avaliação institucional e na autonomia da universidade), na UFBA, de uma memória institucional ativa, estruturada e orgânica.
2005
Matos, Maria Teresa Navarro de Britto
Arquivo Digital Humberto Delgado Um caso de divulgação documental pela Internet
O Arquivo Digital Humberto Delgado é um veículo de divulgação pela Internet de imagens digitalizadas de documentos existentes em arquivos portugueses e estrangeiros, relacionados com o General Humberto Delgado, figura marcante do século XX português. O motor de busca do Arquivo Digital Humberto Delgado permite uma complexa combinação de tipos de pesquisa, com fácil acesso a mais de 45 000 imagens digitalizadas de documentos e respectiva descrição.
Pricipales mecanismos para la localización y recuperación de la información de la Unión Europea
Nos últimos tempos a União Europeia assistiu à diminuição da sua credibilidade e como os cidadãos se mostram cada vez mais cépticos. Por esta razão, as autoridades comunitárias apostam na implementação de estratégias da informação concretizadas em mecanismos que sirvam para transmitir à população os objectivos atingidos e os futuros projectos da União. Entre esses mecanismos, sobressaem, por um lado, as redes de centros de informação tanto no território europeu como em países terceiros e, por outro, o portal oficial da Comunidade Europeia: Europa.
A abordagem contemporânea sobre a cognição humana e as contribuições para os estudos de usuários da informação
Este artigo discute questões presentes na ciência da informação que mostram as suas relações com as ciências cognitivas, especificamente no que se refere aos estudos sobre os usuários da informação. Apresenta, inicialmente, conceitos-chave da ciência da informação, cujas influências podem ser encontradas nas abordagens cognitivas tradicionais, que têm influenciado sobremaneira as pesquisas e a prática profissional no que se refere aos usuários da informação. No final, aponta caminhos para que os estudos sobre os usuários possam ter como base os princípios das abordagens contemporâneas sobre o conhecer humano no sentido de demonstrar que é possível observar os usuários não somente do ponto de vista individual ou subjectivo, como muitos autores preferem, mas também como seres inseridos em contextos sociais.
Leituras
FERREIRA, Sueli Mara Soares Pinto, ed. lit. ; SAVARD, Réjean, ed. lit. – The virtual customer: a new paradigm for improving customer relations in libraries and information services: satellite meeting, São Paulo, Brasil, August 18-20, 2004 : um novo paradigma para melhorar o relacionamento entre clientes e serviços de informação e bibliotecas : reunião satélite : un nouveau paradigme pour améliorer le service à la clientèle dans les bibliothèques et services d'information : colloque satellite : un nuevo paradigma para mejorar el relacionamento entre clientes y servicios de información y biblioteca : reunión satélite. München: K. G. Saur, 2005. xvi, 385 p. ISBN 3-598-21845-1 ICA – International Council on Archives Documentos de arquivo electrónicos: manual para arquivistas. [Lisboa]: Torre do Tombo, D.L. 2005. (ICA, Estudo n.º 16). Trad. de Electronic records: a workbook for archivists. S.l.: ICA, 2005 SAORÍN PÉREZ, Tomás – Los portales bibliotecários. Colab. de José Vicente Rodrigúez Muñoz. Madrid: Arco Libros, 2004. 251 p. ISBN 84-7635-573-4.
2005
Patrício, Helena Cannas, Ana Proença, Maria Carla