RCAAP Repository
Ecografia Oftálmica em Doentes com Miodesópsias e Fotópsias: Estudo Observacional Retrospetivo Descritivo e Analítico
Objetivos: Descrever achados ecográficos em doentes com miodesópsias e/ou fotopsias, analisar associações entre queixas, achados e variáveis. Material e Métodos: Analisámos doentes com queixas de miodesópsias e/ou fotopsias que realizaram ecografias oftálmicas entre Janeiro 2012 e Agosto 2015 no Serviço de Oftalmologia do Hospital Santa Maria. Resultados: Foram executadas ecografias oftálmicas em 77 olhos de 62 doentes. Entre os 62 doentes: 59% tinham apenas miodesópsias, 40% tinham fotopsias com ou sem miodesópsias e 11% referiam diminuição da acuidade visual. Nas ecografias foram descritos os seguintes achados: 40% sinerése vítrea, 14% descolamento posterior do vítreo (DPV) incompleto, 45% DPV total, 11% rasgadura retina, 4.8% descolamento retina (DR), 12,9% hemovítreo e 12,9% com diâmetro anteroposterior aumentado. Os doentes mais jovens tiveram maior tendência para rasgadura/DR. Dos doentes com apenas miodesópsias 5.4% apresentaram uma rasgadura/DR, os doentes que tinham fotopsias com/sem miodesópsias 20% apresentavam uma rasgadura/DR. Constatamos diferentes apresentações semiológicas entre os doentes com DPV total vs DPV incompleto. Conclusões: Na maioria das vezes as miodesópsias e fotopsias associam-se a casos sintomáticos de DPV, dentro destes, 16% podem ter uma complicação. Parece haver uma tendência para risco aumentado de DR/rasgadura em doentes com fotopsias quando comparados com os doentes com miodesópsias isoladas mas é necessário um estudo com maior número de doentes. O DPV sintomático em idades mais jovens também parece estar associado a maior risco de complicações. O DPV total aparece mais associado a queixas de miodesopsias em oposição aos doentes com DPV incompleto que referem principalmente fotopsias.
Evaluation of refractive status and optical components in eyes of school-aged children born prematurely
Purpose: To evaluate the visual function and determine the factors associated with the development of refractive errors in school-aged children born prematurely. Material and methods: One hundred and seventeen children with gestational age less than 37 weeks that were born between 1 January 2006 and 31 December 2007 were included. For statistical purpose, participants were divided into groups according to gestational age and birth weight (BW). All made a complete ophthalmic examination and measurement of optical components. Results: There was no statistically significant increase of refractive errors in children born more prematurely (p>0.05), although the value of the spherical equivalent was greater for children with BW <1500g (p=0.042). It was observed a higher number of cases of strabismus in children with BW <2000 g (p=0.036). Regarding optical components, it was observed that infants born more prematurely had eyes with shallower anterior chamber, steeper corneal curvature and shorter axial length. It was also found that myopia in children with BW <2000g was caused by an increase of the corneal curvature, while in those with BW >2000 g was due to an increased axial length. Children with ROP had more prevalence of refractive errors compared with those without ROP (p=0.004). Conclusions: Children born more prematurely and those with ROP appear to be at increased risk of developing refractive error and strabismus, which can persist throughout life. In these children, refractive error seems to be most affected by corneal curvature than by axial length.
2016
Gonçalves, Rita Mota, Ágata Ribeiro, Isabel Menezes, Carlos Lemos, José Alberto Coelho, Pedro Maio, Tiago Portela, Alexandrina Tenedório, Paula
Ptose palpebral no adulto – Quando pedir exames e quais?
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Exames complementares de diagnóstico na Blefaroptose
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Ectrópion do ponto lacrimal como resolver
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Advances in glaucoma pharmacological therapeutics
Abstract Objectives To create a review article about potential breakthroughs in the pharmacological treatment of glaucoma Material and Methods Non-systematic review of literature Results There are four potential breakthroughs in the pharmacological treatment of glaucoma, acting either by reducing intraocular pressure, or by neuroprotection or modulation of vascular function Conclusions In the near future, we will be faced with several new ways of approaching the pharmacological treatment of glaucoma patients Resumo Objetivos Elaborar um artigo de revisão sobre novas formas de tratamento farmacológico da neuropatia glaucomatosa Material e Métodos Revisão não sistemática da literatura Resultados Existem quatro vias potenciais que podem mudar o tratamento farmacológico do glaucoma, quer através da redução da pressão intraocular, como através da neuroprotecção ou modulação da função vascular Conclusões Num futuro próximo vão surgir, na área do glaucoma, novas formas de abordar o tratamento farmacológico que mostram já resultados promissores
2016
Barbosa-Breda, João Martins da Silva, Marta Inês Perestrelo, Sara Falcão-Reis, Fernando Rocha-Sousa, Amândio
Trabeculoplastia Seletiva por Laser - Revisão
A trabeculoplastia seletiva por laser é uma opção terapêutica válida para o glaucoma e HTO, sendo utilizada desde 1995. Tem-se mostrado eficaz na redução da pressão intraocular, induzindo um dano mínimo na malha trabecular. Mais frequentemente, é aplicada sob a forma de 50 spots em 180º da malha trabecular ou 100 spots em 360º com eficácia que parece ser comparável entre as duas modalidades. É um procedimento de baixo risco, com efeitos secundários mínimos e transitórios, que resolvem na maioria dos casos com terapêutica anti-inflamatória ou hipotensora tópica. Em caso de falência terapêutica com o tempo, tem sido demonstrado que pode ser repetida com segurança e eficácia. A SLT pode ser considerada tratamento de primeira linha no glaucoma de ângulo aberto e HTO, com relação custo-benefício aceitável, sendo ainda um tratamento independente da compliance do doente. Com este artigo, pretende-se fazer uma revisão da literatura sobre os mecanismos de acção, eficácia e complicações da trabeculoplastia laser, comparando-a com outros tratamentos para o glaucoma e HTO. Será feita, ainda, uma breve referência à experiência com a trabeculoplastia seletiva por laser, do Serviço de Oftalmologia do Centro Hospitalar de São João.
Variabilidade intra e inter-observador da determinação da espessura média da coroideia medida por enhanced depth imaging (EDI)- OCT
Introdução: Atualmente é possível medir manualmente a espessura da coroideia com enhanced depth imaging (EDI) OCT. O objectivo foi determinar a variabilidade intra e inter-observador de medições manuais da espessura da coroideia em olhos saudáveis com EDI-OCT. Material e Métodos: Estudo prospectivo duplamente oculto com 38 indivíduos saudáveis (72 olhos). Realizou-se EDI-OCT e a espessura coroideia foi medida manualmente por dois operadores duas vezes com um mês de intervalo nas localizações subfoveal (SF) e a 1000 μm temporal (T) e nasal (N) à fóvea, olho esquerdo (e) e direito (d). Análise com STATA v.13.0. Resultados: 38 indivíduos com idade média de 61.68±14 anos; espessura média da coroideia SF: 291.27±81.17, N: 265.49±77.15 e T: 284.30±78.26 μm. Testes t (α=0.05) sem diferenças significativas da espessura coroideia nas localizações SFd, SFe, Nd, Ne, Td e Te intra-observador ou SFd, SFe, Ne, Td e Te inter-observador (p>0.05). Observou-se uma diferença significativa nas medições Nd inter-observador (p=0.04). A correlação de Pearson foi mais forte nas medições intra-observador (média=0.995) do que inter-observador (média=0.948), p<0.01. Nas localizações SFd, SFe, Nd, Ne, Td, Te os valores de ICC intra-observador foram 0.99 e os inter-observador ≥0.94. Nas localizações SFd, SFe, Nd, Ne, Td e Te os valores de CCC intra-observador foram ≥0.810 e os inter-observador ≥0.939. Conclusões: As medições manuais da coroideia com EDI-OCT são altamente reproduzíveis e repetíveis em olhos saudáveis, com menores diferenças em medições intra-observador do que inter-observador.
2017
Leal, Inês Pinto, Filomena Gala, Telma Monteiro-Grillo, Manuel Marques-Neves, Carlos
THE EUROPEAN REGISTRY OF QUALITY OUTCOMES FOR CATARACT AND REFRACTIVE SURGERY (EUREQUO): A EXPERIENCIA NO HOSPITAL DE BRAGA
Objectivos: O EUREQUO é um projeto de tecnologia de informação em oftalmologia, no qual se procura, através da monitorização das suas diferentes fases, melhorar os resultados da cirurgia de catarata. Desde 1 de Janeiro de 2014 que todas as cirurgias de catarata (exceção, cirurgias combinadas) do Serviço de Oftalmologia do Hospital de Braga (SOHB) são registadas nesta base de dados online. Desenho e métodos: No EUREQUO documentam-se as diferentes fases clínicas da cirurgia de catarata que possam ser registadas de um modo padronizado. Atualmente, encontram-se como fases de registo obrigatório as seguintes: cirurgia do primeiro vs. segundo olho; ambulatório vs. internamento; dados demográficos; consulta pré-operatória; co-morbilidades oculares pré-operatórias; tipo de cirurgia; complicações durante a cirurgia; acuidade visual, refracção e complicações pós-cirúrgicas. Resultados: Até ao presente, o SOHB contribuiu com 736 registos, correspondentes à nossa atividade de cirurgia de catarata não combinada entre 1 de Janeiro e 25 de Maio de 2014. Os resultados foram: 54,76% do sexo feminino; 36,7% já com cirurgia contralateral; 99,59% ambulatórios; melhores acuidades visuais corrigidas (MAVC) pré-operatórias de ≤1/10 e <5/10 em 15,90% e 52,31% respectivamente; complicações intra-operatórias em 2,72%; no pós-operatório imediato (1-7 dias), acuidades visuais não corrigidas de ≥5/10 e ≥ 8/10 em 79,62% e 38,86% respectivamente; pós-operatório tardio, MAVC ≥5/10 e ≥8/10 em 93,34% e 81,52% respectivamente. Conclusões: A monitorização padronizada e em larga escala das várias fases que integram a cirurgia de catarata é importante no melhor entendimento deste procedimento e na optimização dos seus resultados.
Diagnostic and Therapeutic Challenges in Schnyder’s Crystalline Dystrophy: A Family Report
Introduction: Schnyder’s crystalline corneal dystrophy (SCCD) is a rare autossomal dominant condition characterized by abnormally increased deposition of cholesterol and phospholipids in the cornea leading to glare and disproportionate loss of photopic vision. Methods: The authors present two cases of SCCD, from the same portuguese family. Results: The first case is a 60-year-old man with progressive, bilateral and painless loss of visual acuity over more than 30 years. He was clinically diagnosed with SCCD and confirmed histologically after penetrating keratoplasty. The second patient is a 41-year-old woman, daughter of the first patient, with a milder form of the disease, often more difficult to diagnose. Conclusions: The two cases reported confirm the fact that the more elderly patients with SCCD present with increasing opacification and therefore poorer vision. The more severe form of the disease of the first patient associated with the presence of crystals makes the clinical diagnosis easier. However, the second patient could have been easily misdiagnosed. This confirms the importance of other family members examination.
2017
Miranda, Ana Filipa Barros, Sandra Parreira, Sónia Campos, Paul Campos, Nuno
A formação avançada em glaucoma
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PARALISIA DO III PAR CRANIANO COM REGENERAÇÃO ABERRANTE
RESUMO Objetivos: Relato de um caso clínico de doente com paralisia do III par craniano com regeneração aberrante, respetiva abordagem terapêutica e resultados. Material e Métodos: Mulher, 39 anos, com história de paralisia do III par craniano direito pós-traumática. À observação, MAVC OD: 9/10 e MAVC OE: 9/10; endotropia OE de 15 DP BExt. e hipertropia OE de 30 DP BInf.; OD com limitação nos movimentos de elevação e depressão e retração da pálpebra superior no olhar para baixo e em adução – sincinesia; diplopia na ppo; OD em meia midríase; coriorretinopatia miópica ODE. Trata-se de um caso de oftalmoplegia no contexto de paralisia pós-traumática do III par craniano direito com regeneração aberrante. Colocou-se também a hipótese de lesão do VI par OE. Resultados: A doente foi operada de acordo com o seguinte plano: OD – retroinserção do reto inferior; OE – anteroposição do pequeno oblíquo + retroinserção do reto superior + retroinserção do reto interno. Verificou-se melhoria estética com diminuição do desvio. No entanto, manteve limitação nos movimentos de elevação e de depressão no OD, bem como diplopia instável na ppo, impossível de neutralizar com prismas. Conclusões: A regeneração aberrante é um fenómeno que pode ocorrer na sequência de uma paralisia do III par craniano de etiologia traumática. O tratamento da regeneração aberrante do III par craniano tem por objetivo melhorar a estética e a função, sobretudo na presença de diplopia na ppo. No entanto, à semelhança da paralisia do III par craniano a abordagem cirúrgica é complexa e nem sempre bem-sucedida.
2017
Gomes, Irina Ramos Seldon, Raquel Varandas, Gabriela Vieira, Maria de Lourdes
A Cirurgia da interface vitreo-retiniana
As patologias da interface vítreorretiniana são extremamente comuns na consulta de retina cirúrgica. Com os recentes avanços na área da imagiologia, nomeadamente com o aparecimento do OCT de alta resolução e de domínio espectral, estas patologias são diagnosticadas cada vez mais frequentemente, e muitas vezes antes de causarem sintomas ao paciente. O conhecimento da história natural destes distúrbios, bem como as indicações para cirurgia, são cruciais na orientação e decisão terapêutica destes doentes. Com os recentes avanços na cirurgia vítreorretiniana o tratamento é realizado de forma cada vez mais precoce, uma vez que os últimos desenvolvimentos permitem realizar a vitrectomia via pars plana de forma mais segura e controlada. A técnica cirúrgica básica consiste na indução de um descolamento da hialoideia posterior associado posteriormente à remoção das trações na superficie da retina, eventualmente com remoção da membrana limitante interna. Na maioria dos casos, com excepção do buraco macular, não é necessário utilizar tamponamento de longa duração. Seguidamente apresentamos um resumo das patologias mais frequentes da interface vitreorretiniana, com ênfase na história natural e nalgumas particularidades da abordagem cirúrgica de cada uma delas.
A Ambliopia: Um problema de saúde pública.
Este artigo descreve resumidamente o Projecto de Rastreio Nacional – de Saúde Visual na Infância (RN-SVI), implementado pelo Ministério da Saúde em Maio de 2016
Type I Uveal Effusion Syndrome: a Case Report
Introduction: Uveal effusion syndrome (UES) is a rare idiopathic serous detachment of the retina, most probably caused by scleral abnormality. Treatment may be challenging due to the frequent relapsing course and unresponsiveness of the disease. The authors report a case of a type I bilateral UES, successfully resolved with surgery. Methods: The authors report a case of a 61-year-old man with a history of high bilateral hyperopia since childhood and nanophthalmic eyes. On examination bilateral exudative retinal detachment was evident. Results: Patient was treated medically and since there was no clinical response, underwent bilateral inferonasal and inferotemporal scleral flaps and full-thicknes sclerectomy. Thirty months after the first surgery on the right eye and six months after surgery on the left eye, patient had a visual acuity of 20/100 and resolution of the retinal detachment on both eyes. Conclusion: The case reported highlights the importance of surgical approach in some cases of UES, which are frequently refractory to medical therapy. Surgical intervention aimed to decrease the overall resistance to choroidal fluid outflow, facilitating drainage and resolution of retinal detachment.
2017
Miranda, Ana Filipa Parreira, Sónia Barros, Sandra Beltran, Belmira Telles, Paula Campos, Nuno
Cirurgia do estrabismo com miopexia
Durante muitos séculos o Estrabismo foi considerado um mal incurável, uma vez que não se percebiam as razões subjacentes ao seu aparecimento. Foi inicialmente interpretado como uma “maldição” e por isso “tratado” com métodos de “purificação” espiritual e poções “mágicas”. Com exceção das alterações estruturais da órbita, das patologias sistémicas da estrutura muscular que alteram a sua elasticidade, das anomalias congénitas da diferenciação e anatomia musculares, o estrabismo é uma doença neurológica. A posição anómala dos globos oculares, as posições viciosas da cabeça e as próprias alterações histológicas dos músculos são fenómenos consecutivos e não causais. Por isso, somente com o advento do conhecimento dos mecanismos neurológicos subjacentes à motilidade ocular e à binocularidade, foi possível compreender a dinâmica das forças musculares e dos seus componentes restritivos e portanto imaginar soluções para a sua correção. Sendo o estrabismo uma consequência, o seu tratamento eficaz deveria, obviamente, consistir na modificação da causa neurológica subjacente, localizada ao nível do Sistema Nervoso Central. Não sendo todavia possível, no estado atual do conhecimento, atuar desta forma exata e precisa, foram ensaiadas um número incalculável de soluções imaginativas com uma característica comum: alterar a força rotatória imprimida ao globo pela contração de um músculo, modificando a sua ligação com o olho através de encurtamentos musculares ou recuos e avanços da sua inserção, ou ainda com a modificação da sua estrutura com cortes (miotomias e miectomias) ou químicos (toxina).O inicio do Século XIX é classicamente relacionado com o advento da cirurgia moderna do Estrabismo, após ter sido efetuada uma miotomia do reto medial num doente com estrabismo convergente. Inicialmente não havia suturas para reinserir os músculos e por isso as técnicas mais eficazes consistiam em miotomias marginais ou miectomias parciais do corpo muscular com a finalidade de tornar o musculo mais longo ou mais enfraquecido, e portanto menos eficaz no seu campo de ação (fig 1). O conhecimento aprofundado dos princípios gerais pelos quais se rege a binocularidade, designadamente os conceitos de horopter, espaço de Panum, correspondência retiniana, estereopsia, confusão, supressão e diplopia, as leis da inervação de Hering e Sherrington, assim como da anatomia e tipo de ação musculares foram fundamentais para estabelecer um protocolo cirúrgico baseado em modificar uma estrutura para assim poder programar um efeito. A compreensão do papel do arco de contacto e da sua modificação, assim como os mais recentes avanços no conhecimento das “pulley´s musculares e das ligações membranosas intermusculares foram determinantes para o aparecimento de soluções alternativas ou complementares. A Eletrofisiologia e os estudos dos músculos e das suas fascias com RMN modificaram conceitos anteriores e estiveram na base de novas abordagens na cirurgia do estrabismo.
Editorial
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Estudo retrospetivo dos doentes com queratocone do HFF: características clínicas, epidemiológicas e topográficas e fatores preditivos de progressão
Objetivos: Caracterizar clínica, epidemiológica e topograficamente os doentes com queratocone do HFF e determinar os fatores preditivos de progressão. Material e Métodos: Estudo retrospetivo de 93 olhos de 53 doentes com queratocone do HFF. Analisaram-se as características clínicas e epidemiológicas dos doentes e os parâmetros topográficos obtidos por Pentacam®. Estudaram-se os fatores preditivos de progressão dos casos de queratocone até ao estadio 2-3, com pelo menos dois exames de Pentacam® em pelo menos 1 ano, sem cirurgia nesse período (36 olhos, 27 doentes). Dividiram-se esses doentes entre grupo com e sem progressão, tendo como critério de progressão o aumento de pelo menos 1.50D na queratometria central. Resultados: Dos 53 doentes, 52.8% é do sexo masculino, com idade média de 23.3±5.97 anos e queratocone bilateral (76.9%). Atopia existe em 44.2% dos casos, eye rubbing habit em 66% e antecedente familiar de queratocone em 18.9%. 50% é portador de lentes de contacto, 17.5% colocou INTACS, 10.3% realizou cross-linking e 5.6% queratoplastia penetrante. O estadio 2 do queratocone foi o mais prevalente (23.7%). O cone é temporal inferior em 87.1%. Dos 36 olhos apenas progrediram 16. O eye rubbing habit e alguns parâmetros topográficos mostraram diferenças estatisticamente significativas entre os dois grupos. Os parâmetros que mostraram associação com a progressão da doença foram o Km da queratometria anterior, o astigmatismo anterior e posterior e a paquimetria central de forma marginal. Discussão: Um melhor conhecimento das características dos doentes permite uma intervenção mais eficaz. O Km da queratometria anterior, o astigmatismo anterior e posterior e a paquimetria central são potenciais fatores preditivos de progressão.
Avaliação da contribuição do astigmatismo corneano posterior para o astigmatismo corneano total e a sua relação com a idade
Introdução: O astigmatismo corneano é o principal determinante do astigmatismo corneano total. Classicamente, assume-se uma relação fixa entre o astigmatismo anterior e posterior da córnea para deduzir a contribuição da superfície posterior da córnea. Tecnologia mais recente, baseada em imagens de Scheimpflug e na tomografia de coerência óptica, permite analisar de forma independente a superfície posterior da córnea. O objectivo do estudo é avaliar a contribuição do astigmatismo corneano anterior e posterior para o total e relacionar a magnitude e tipos de astigmatismo com a idade. Material e métodos: Os autores mediram o astigmatismo anterior, posterior e total através do tomógrafo Pentacam HR® (Oculus). Foram incluídos 123 olhos de 123 pessoas, com idades compreendidas entre os 20 e os 80 anos de idade, com um astigmatismo corneano superior a 1,00D e sem antecedentes de doença corneana ou procedimento cirúrgico corneano. Resultados: Verificou-se uma relação fraca e negativa entre os valores de astigmatismo corneano e a idade. Aproximadamente 94,1% da variação do astigmatismo total é explicada pelo astigmatismo anterior e posterior, sendo que o astigmatismo corneano anterior apresenta uma correlação positiva e o astigmatismo posterior uma correlação negativa. Verifica-se que, na superfície anterior da córnea, o astigmatismo a favor da regra surge em idades inferiores ao oblíquo, estando o astigmatismo contra a regra associado a idades mais avançadas aos dois tipos anteriores. Na superfície posterior, não existem diferenças significativas (teste ANOVA, p<0.05). Usando um modelo de regressão linear múltipla, observámos que valores mais altos de astigmatismo corneano anterior estão associados a valores mais altos de astigmatismo total (p>0,05). Por seu turno, valores mais altos de astigmatismo na superfície posterior da córnea estão associados a valores mais baixos de astigmatismo total (p<0,05). Conclusão: O astigmatismo corneano anterior contribui de forma diferente do astigmatismo posterior para o astigmatismo corneano total. Não podemos estimar o astigmatismo da superfície posterior da córnea avaliando apenas a sua superfície anterior. A definição da contribuição do astigmatismo corneano posterior para o astigmatismo corneano total assume um papel fundamental na correcção do astigmatismo na cirurgia de cristalino com implante de lente tórica. Ignorar o astigmatismo da superfície posterior da córnea pode conduzir a erros na correcção astigmática.
Editorial
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2016
Rocha Sousa, Amandio Vilafranca, Marta Castela, Guilherme