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PROLIFERAÇÃO EPIRRETINIANA ASSOCIADA A BURACOS LAMELARES: IMPLICAÇÕES CLÍNICAS E CIRÚRGICAS
OBJETIVOS Descrever a prevalência de proliferação epirretiniana (PER) nos buracos maculares lamelares (BML), e correlacionar esta alteração com a morfologia do BML e prognóstico anatómico e funcional após abordagem cirúrgica ou conservadora. MÉTODOS Série de casos retrospetiva, multicêntrica, que incluiu doentes consecutivos diagnosticados com BML e seguidos por ≥6 meses. Observaram-se todas as tomografias de coerência ótica (OCT), onde se avaliaram: presença de membrana epirretiniana (MER) e PER, espessura do pavimento foveal, maior diâmetro e maior diâmetro da porção interna do BML. Nos doentes operados efetuou-se vitrectomia via pars plana com pelagem de MER e membrana limitante interna e tamponamento interno com SF6. RESULTADOS Foram incluídos 62 olhos (57 doentes), seguidos durante 27,1±19,8 meses, sendo objetivada PER em 33 (53,2%) deles. Comparativamente aos BML sem PER, naqueles com PER objetivou-se um diâmetro significativamente maior (p=0,001), menor espessura do leito (p=0,018), e uma menor razão do diâmetro das camadas internas pelo maior diâmetro (p=0,002). Vinte e sete (81,8%) dos BML com PER apresentaram conformação em tenda, com aproximação dos bordos internos, comparativamente a 23,3% dos BML sem PER. No subgrupo de 13 doentes operados, não se notaram diferenças na performance visual (p=0,687) ou taxa de encerramento (p=0,569) entre os dois grupos nos olhos operados. CONCLUSÕES As PER são entidades descritas recentemente que alteram a fisionomia do BML, com maiores diâmetros máximos nas camadas intermédias e menor espessura do leito. Não se encontraram diferenças na performance visual ou taxa de encerramento do BML nos olhos com PER operados ou seguidos conservadoramente.
2017
Marques, Marco Frederico Rodrigues, Sónia Raimundo, Miguel Marques, João Pedro Alfaiate, Mário Figueira, João
LUXAÇÕES TARDIAS DO COMPLEXO SACO-LENTE INTRA-OCULAR: ANÁLISE DEMOGRÁFICA, FATORES DE RISCO E ABORDAGEM CIRÚRGICA
OBJECTIVOS: Os relatos de luxações tardias espontâneas, parciais ou totais, do complexo saco capsular-lente intraocular (LIO) têm vindo a aumentar. Esta complicação é reportada em média 6.9-10.9 anos após a cirurgia de catarata, em doentes com idades médias entre 71-80 anos. A crescente exigência visual da população, que tem conduzido ao implante de LIOs em indivíduos cada vez mais jovens, tem contribuído para um aumento exponencial da população pseudofáquica. É assim expectável que com o envelhecimento global, possamos vir a assistir a uma prevalência cada vez maior desta complicação. A PEX tem sido reportada como fator de risco mais comum, contribuindo para 40% ou mais dos casos. Não existem para Portugal dados epidemiológicos de complicações com LIOs, nem de prevalência de fatores de risco. O objetivo deste trabalho é caracterizar esta complicação, em termos demográficos, na nossa prática clínica com identificação dos fatores de risco e avaliação das abordagens cirúrgicas utilizadas. MATERIAL E MÉTODOS: Estudo retrospetivo que envolveu 4 centros da área da Grande Lisboa. Foram incluídos casos de subluxações tardias do complexo saco-LIO, pelo menos 3 meses após cirurgia de catarata não complicada, com indicação operatória, diagnosticados entre Janeiro de 2015 e Setembro de 2016. Foi calculado o período de tempo decorrido entre a cirurgia de catarata e o diagnóstico da subluxação. Apresentamos os dados demográficos dos doentes, fatores de risco, abordagem cirúrgica, acuidades visuais pré- e pós-operatórias e complicações pós-operatórias. RESULTADOS: Analisámos 37 olhos de 34 doentes, com idade média de 79.94 anos e predomínio do sexo masculino (73.53%). A subluxação foi diagnosticada em média 9.18 anos depois da cirurgia de catarata. O fator de risco mais frequentemente identificado foi a pseudoexfoliação (67.57%). Na maioria dos doentes operados (92.3%) houve melhoria da acuidade visual corrigida. As abordagens cirúrgicas utilizadas incluíram reposicionamento do complexo com fixação escleral, fixação da lente original à íris, explante do complexo e implante de lente de fixação à iris (pré- ou retro-pupilar), associadas ou não a vitrectomia via pars plana. CONCLUSÕES: Identificámos um número considerável de casos num período de tempo relativamente curto (20 meses). A pseudoexfoliação foi o fator de risco mais frequentemente identificado e com uma prevalência superior à média reportada na literatura. As técnicas cirúrgicas utilizadas ofereceram bons resultados, em termos de acuidade visual. A caracterização desta patologia é fundamental para compreendermos a fisiopatologia deste processo e identificarmos precocemente doentes em risco, de forma a prevenir e otimizar a abordagem desta grave complicação da cirurgia de catarata moderna.
DISTRIBUIÇÃO E DETERMINANTES DE PARÂMETROS BIOMÉTRICOS OCULARES EM CANDIDATOS A CIRURGIA DE CATARATA EM PORTUGAL
Objetivo Descrever os parâmetros biométricos oculares médios e suas associações numa população de candidatos a cirurgia de catarata em Portugal. Material e Métodos Foi realizado um estudo retrospetivo de 3253 olhos de 2928 doentes. O comprimento axial (AL), queratometria média (Km) e astigmatismo, profundidade da câmara anterior (ACD), espessura do cristalino (LT) e branco-a-branco (WTW) foram estudados por refletometria de coerência ótica (Lenstar LS900, Haag-Streit AG). Resultados A idade média foi de 70 ± 10 (45 – 99) anos. O AL, Km e ACD médios foram de 23.83 ± 1.54 mm (19.8 – 31.92), 43.85 ± 1.11 D (40.61 – 54.62) e 3.25 ± 0.46 mm (1.85 – 5.42), respetivamente. A LT média foi de 4.35 ± 0.49 mm (2.73 – 5.77) e o WTW médio de 12.00 ± 0.47 mm (9.13 – 14.15). O astigmatismo corneano médio foi de 1.10 ± 0.90 D (0 – 4.0), tendo 42.7% dos olhos astigmatismo ³ 1 D. Os doentes do sexo masculino apresentaram maiores AL e ACDs (p<.001). Em modelos multivariáveis ajustados para a idade, sexo, Km, ACD, LT e WTW, um maior AL esteve associado ao sexo masculino, e a maior ACD, LT e WTW. Conclusões Estes dados representam valores biométricos normativos para a população portuguesa. O maior preditor da biometria ocular foi o sexo. Não se verificou uma correlação significativa entre a idade e AL, ACD ou Km. 42.7% dos olhos apresentaram astigmatismo corneano ³ 1 D. Estes resultados podem ser relevantes não só na avaliação do erro refrativo como no cálculo da LIO para emetropia.
2018
Ferreira, Tiago Feijoo, Bernardo Zabala, Leyre Campos, Paul Guerra, Paulo Ribeiro, Filomena
Accurate Intraocular Lens Position Determination in Pseudophakic Eyes
OBJECTIVES This work seeks to validate postoperative Anterior Chamber Depth (ACDpost) mesurement devices based in optical low-coherence reflectometry (Lenstar LS 900, (Haag-Streit AG, Köniz, Switzerland) and optical coherence tomography (Visante OCT, Carl Zeiss Meditec Inc., Dublin, California, USA). MATERIAL AND METHODS A pseudophakic eye phantom was built to check the calibration of both devices. A clinical study involving 40 pseudophakic eyes was conducted and 3 months after surgery ACDpost was measured with both devices and compared. RESULTS Zeiss Visante calibrations had a R.M.S error smaller than the device’s 18 μm resolution in all the measurement sets. No span shift nor zero shift errors were found. Lenstar calibrations had a larger R.M.S error in the order of the device’s 20 μm resolution. In the clinical study, Lenstar failed to measure ACDpost 11% of the times. Additionally Lenstar measured an average IOL thickness of 0.74μm with σ = 0.08mm and a 16% failure rate. Bland-Altman (BA) analysis was performed and a mean difference of 74μm between the measurements was found. The dioptric shift induced by the difference between measurements was calculated in a worst case scenario and a 0.18D difference was found. This is clinically insignificant and the measurements can be considered to be interchangeable. CONCLUSIONS Both devices performed accurate measurements of ACDpost. Results from the clinical trial proved the interchangeability of the measurements in vivo. This will certainly contribute to the improvement of ACDpost estimation methodologies and ultimately contribute to the improvement of IOL power calculation methodologies.
Comparação entre diferentes formulações de Neurotoxina Botulínica A no tratamento da endotropia
OBJECTIVOS: Comparar a resposta motora e os efeitos adversos das formulações onatoxina e incotoxina em doentes com endotropia. MATERIAL E MÉTODOS: Estudo unicêntrico, longitudinal com análise de processos de doentes com o diagnóstico de endotropia e tratamento com Neurotoxina Botulínica A como primeira linha entre julho de 2006 e julho de 2015. Dados: tipo de toxina; ângulo do desvio; tipo de desvio; idade de injeção; equivalente esférico; 1ª vez vs subsequente e ptose temporária. Foi realizada análise estatística com investigação da associação entre as variáveis de interesse (análise univariada e multivariada). RESULTADOS: Estudados 180 doentes, totalizando 231 injeções (161 de onatoxina e 70 de incotoxina). O desvio médio ao perto e ao longe não diferiu nos grupos injetados com onatoxina ou incotoxina aos seis ou doze meses (p > 0,05) mas difere aos trinta dias (IC95% = -14.4 ± 3,14, p < 0,01). Aos trinta dias após a injeção, a formulação ONA está associada a hipercorreção do desvio para perto (β= - 5.43, IC95% = [-10.86, -0,00], p=0.05) e para longe (β=-4.40, IC95% = [-9.52, 0.73], p=0,09). No grupo onatoxina verificou-se maior frequência de ptose temporária associada a um risco relativo de 2,34 (IC95% = [1.16, 4,71], p = 0,02). CONCLUSÕES: O tipo de neurotoxina botulínica A injetado não influencia a resposta motora aos seis ou doze meses após a injeção. A formulação onatoxina está associada a hipercorreção aos trinta dias após a injeção e apresenta maior frequência de efeitos adversos locais temporários.
RELAÇÃO ENTRE A PROGRESSÃO PONDERAL DOS PREMATUROS NAS PRIMEIRAS SEMANAS DE VIDA E O DESENVOLVIMENTO DE RETINOPATIA DA PREMATURIDADE GRAVE
Introdução: A Retinopatia da prematuridade (ROP) é uma doença vasoproliferativa que afecta crianças prematuras. Têm sido desenvolvidos vários algoritmos para tentar identificar o risco dos prematuros desenvolverem ROP com necessidade de tratamento (ROP grave), como o algoritmo WINROP, baseado na relação entre a má progressão ponderal e os baixos níveis de IGF-1. Objectivo: Avaliar se o ganho de peso nas primeiras 6 semanas após o nascimento, em crianças prematuras com ROP, influencia o desenvolvimento de ROP grave. Material e Métodos: Estudo retrospectivo, com revisão dos processos de todos os prematuros com diagnóstico de ROP, nascidos no Hospital Professor Dr. Fernando Fonseca, entre Janeiro de 2005 e 2015. Foi registado o peso dos prematuros semanalmente e analisado o ganho de peso às 2, 4 e 6 semanas, assim como a incidência de ROP, estadio e tipo de tratamento efectuado. Resultados: Foram incluídos 150 olhos, dos quais 38 tiveram ROP grave (112 com regressão espontânea da retinopatia). O peso ao nascer foi significativamente mais baixo nos prematuros que desenvolveram ROP grave (p=0,008). O ganho de peso às 2ª, 4ª e 6ª semanas não foi diferente entre os dois grupos analisados (p=0,057, p=0,201 e p=0,169, respectivamente), sendo inclusivamente maior nos prematuros com ROP grave na 2ª e 4ª semanas. Conclusão: Contrariamente a outros estudos, não se observaram diferenças no ganho de peso nas primeiras semanas de vida entre os dois grupos estudados. Assim, o algoritmo WINROP, já validado para a população sueca e americana, poderá não se adequar perfeitamente à população portuguesa.
CORRELAÇÃO DA CLÍNICA NA RETINOPATIA PURTSCHER COM A TOMOGRAFIA DE COERÊNCIA ÓTICA - CASO CLÍNICO
Introdução: A retinopatia de Purtscher é uma vasculopatia oclusiva reportada inicialmente em doentes com traumatismo craneano severo. Posteriormente outras causas foram documentadas, mas a ausência de trauma ocular direto é uma condição para o estabelecimento diagnóstico. O seu aparecimento é variável, entre dias a meses após o evento inicial. O diagnóstico é clínico, podendo ser suportado com outros meios complementares de diagnóstico. Apresenta-se o caso clínico de um paciente com retinopatia de Purtscher. Caso clínico: Homem de 41 anos, politraumatizado, vítima de atropelamento com trauma pélvico e fratura mandibular. Seis dias após o internamento inicia queixas de diminuição da acuidade visual do OE(AV OE), com AV de conta dedos(CD). O segmento anterior não apresentava alterações. Na fundoscopia observavam-se múltiplas manchas algodonosas peripapilares, áreas de palidez retiniana(Purtschen fleckens), com hemorragia retrohialoideia e intrarretiniana foveal. Não foi realizada qualquer terapêutica. A tomografia de coerência ótica(OCT) mostrou uma hiperrefletividade peripapilar correspondente às áreas esbranquiçadas da retina e uma hiporrefletividade ao nível da retina interna na área perifoveal, correspondente à hemorragia macular observada. Aos dez meses após o diagnóstico a AV é de 2/10+, no fundo ocular observam-se reabsorção dos achados clínicos e no OCT observa-se atrofia difusa da camada neurossensorial da retina e diminuição da camada de fibras nervosas peripapilares. Conclusão: A retinopatia de Purtscher é uma condição rara cujo diagnóstico é clínico e suportado por outros meios complementares. O OCT mostra diminuição da retina neurossensorial e da camada de fibras nervosas, concordantes com o prognóstico visual do doente.
2017
Soares, Andreia Freitas, Rui Galvão-Santos, Gil Sousa, Keissy
RASTREIO DE FATORES DE RISCO AMBLIOGÉNICOS – COMPARAÇÃO DE 2 MÉTODOS
Objetivo: Comparar duas modalidades de rastreio de fatores de risco ambliogénicos em crianças numa área urbana. Desenho: Estudo prospetivo. Participantes: crianças das pré-escolas e escolas básicas de uma área urbana. Materiais e métodos: Comparação de dois rastreios de fatores ambliogénicos independentes, de Abril a Setembro de 2014. O rastreio pré-escolar foi realizado com tecnologia de fotorrastreio. O rastreio escolar foi realizado de acordo com o protocolo validado usado nas consultas de rotina de Saúde Infantil e Juvenil dos Cuidados de Saúde Primários. Crianças com critérios de referenciação no rastreio pré-escolar eram convocadas a consulta de Oftalmologia Pediátrica, no rastreio escolar, era recomendada a referenciação. Resultados: Rastreio pré-escolar: 409 crianças rastreadas, destes 47 (11,6%) cumpriam critérios de referenciação. Das 25 que compareceram à consulta, todas apresentavam movimentos oculares externos, biomicroscopia e fundoscopia sem alterações significativas, 18 casos apresentavam fatores de risco ambliogénicos de causa refrativa, apresentando um valor preditivo positivo de 72%. Após tratamento todos melhoraram a acuidade visual. No rastreio escolar: das 664 crianças rastreadas, 102 (15,4%) tinham suspeita de patologia oftalmológica. Das 43 crianças avaliadas em consulta, 27 tinham um exame oftalmológico normal, 16 tinham alterações oftalmológicas, das quais 9 com potencial ambliogénicos ou ambliopia instalada, conferindo a este rastreio um valor preditivo positivo de 20,9 %. Conclusões: O fotorrastreio revelou ser superior à forma de rastreio vigente nas consultas de saúde infantil nos Cuidados de Saúde Primários Portugueses. Foi particularmente efetivo na identificação de fatores de risco ambliogénicos em crianças pré-literadas, com um valor preditivo positivo mais elevado.
2018
Azenha, Cátia Amaral, Joana Machado, Marta Sobral, Isa Monteiro, Madalena Castela, Rui
Densitometria do cristalino baseada no principio de Scheimplug na avaliação pré-operatória de cataratas nucleares
Objetivos: Apresentamos diferentes estudos em que descrevemos a aplicação da imagem Scheimpflug na avaliação pré-operatória de cataratas nucleares senis, no que diz respeito ao estado funcional do cristalino com base na análise de frente de onda por traçado de raios e na previsão da energia ultrassónica consumida durante a facoemulsificação. Material e Métodos: Revisão da artigos publicados na literatura científica. Resultados: Confirmamos que a densitometria do cristalino baseada na imagem de Scheimpflug apresentou forte associação com o envelhecimento, a diminuição da melhor acuidade visual corrigida e a avaliação da lâmpada de fenda. Uma relação significativa e positiva também foi descrita entre as variáveis de densitometria baseada no princípio de Scheimpflug e as aberrações de alta ordem internas, incluindo o coma e o trefoil. Também estudamos a relação entre a densitometria do cristalino e um novo parâmetro (Dysfunctional Lens Index) baseado em achados da frente de onda por traçado de raios. Quanto à facodinâmica, foram selecionados diferentes modos densitométricos do cristalino para analisar a dureza do núcleo, os quais tinham sido descritos e utilizados em estudos anteriores. Os nossos resultados revelaram que os parâmetros derivados de certos modos de análise, tais como os modos tridimensional e de região de interesse, obtiveram os maiores coeficientes de correlação com a energia ultrassónica consumida durante a facoemulsificação. Noutro estudo, também demonstramos que o Dysfunctional Lens Index e a densidade média baseada na análise densitométrica tridimensional apresentaram uma relação similar com a facodinâmica Conclusões: Os resultados apresentados sugerem que a densitometria do cristalino baseado no princípio de Scheimpflug é útil para demonstrar o seu estado funcional. Esta tecnologia também mostrou ser útil em relação à previsão da facodinâmica. Os dados apresentados alertam para o uso adequado do programa de densitometria do cristalino, quanto à seleção e colocação do modelo de densitometria e, os parâmetros de densidade adotados.
2018
Faria Correia, Fernando Monteiro, tiago Franqueira, Nuno Vaz, Fernando Ambrósio Jr, Renato
Parâmetros quantitativos em OCT-A na avaliação da resposta ao tratamento com anti-VEGF em doentes com neovascularização secundária à degenerescência macular relacionada com a idade
OBJECTIVO: Estudar a correlação entre o número de tratamentos e os parâmetros quantitativos em OCT-A da neovascularização coroideia (NVC) secundária à degenerescência macular relacionada com a idade (DMIn). MÉTODOS: Estudo transversal após amostragem consecutiva de doentes com DMIn exsudativa (grupo 1) e indivíduos sem patologia vascular (grupo 2). Avaliação imagiológica (retinografia; OCT-B; OCT-A) e do processo clínico (número de injecções intravitreas (IIV); duração da doença). No grupo 1 foi analisada a camada retiniana externa avascular e no grupo 2 o complexo vascular superficial. As NVC foram delineadas automaticamente em Matlab. A análise quantitativa envolveu: área, densidade vascular (DV), lacunaridade e análise da dimensão fractal (DF). A análise estatística compreendeu comparação de médias e associação entre as variáveis de interesse. RESULTADOS: Inclusão de 131 doentes (131 olhos): idade média 78.38 +/- 9.7 anos, 34% eram mulheres (comparação de médias entre grupos p >0.05). No grupo 1 o número médio de IIV foi 23.4 +/- 15 e a duração da doença média 56.8 +/- 33.3 meses. O valor médio da área vascular foi 3.6 +/-3.2 mm2; a DV 45.5 +/ 13.7%; a lacunaridade 1.95 +/- 0.6 e a DF 1.35 +/- 0.13. No grupo 2 o valor médio da DF foi 1.63 +/-0.04 (p <0.01). Verificou-se: associação entre duração da doença e: número de IIV (r=0.763, p<0.01), DF (r=0.321, p<0.01) e DV (r=-0.183, p =0.02); correlação linear moderada entre a DF e o número de IIV (r = 0.431, p < 0,01). CONCLUSÕES: A análise da dimensão fractal pode ser um biomarcador útil na avaliação quantitativa da resposta ao tratamento com fármacos intravítreos.
REFRACTIVE LASER SURGERY: WHAT’S NEW?
The correction or improvement of common vision problems (such as, myopia, hypermetropia and astigmatism) through refractive laser surgery, as a permanent alternative to eyeglasses or contact lenses, has been growing in demand over recent years. The most common refractive laser surgery is the laser in-situ keratomileusis (LASIK) and its recent technological variants with improvements. Nevertheless, the generality (if not all), these ophthalmic laser procedures are based in the same physical principle: the reshaping of the cornea and thus altering its optical properties in order to improve vision. Here, the authors attempt to describe in general terms, a very promising, refractive laser procedure much less invasive that doesn’t alter the shape or thickness of the cornea and probably overcomes some limitations of usual LASIK procedure.
2018
Lobo Ribeiro, Antonio B Salgado-Borges, José
Editorial
No summary/description provided
Exercícios oculares na Insuficiência de Convergência: Série de Casos
Objetivos: Avaliar a eficácia da terapia visual no tratamento da insuficiência de convergência. Material e métodos: Trata-se de um estudo de série de casos clínicos, com indivíduos de ambos os sexos, com idade mínima de 18 anos e máxima de 60 anos. Realizado no Centro Universitário da Fundação Assis Gurgacz - FAG, na cidade de Cascavel – PR- Brasil, entre Fevereiro e Setembro de 2017. Resultados: Foram avaliados e tratados cinco indivíduos, sendo quatro do sexo feminino e um do sexo masculino, com média de idade de 33,8±14,8 anos. Todos apresentaram melhora em relação ao ponto próximo de convergência, tendo média inicial de 18,1±3,8cm e média final de 11,2±4,5cm, com diferença da média (DM) de 6,9±2,4 pontos com intervalo de confiança de 95% (IC 95%) de 3,8-9,9 pontos P=0,03. Em relação ao questionário CISS, quatro apresentaram diminuição na pontuação, apresentando média inicial de 28,8±7,4 pontos e média final de 23,0±11,6 pontos, com DM=5,8±9,5 e IC 95% -6,1-9,2 pontos P=0,24. Já em relação à acuidade visual, os indivíduos não apresentaram diferença estatisticamente significativa. Conclusões: Conclui-se que a terapia visual é eficaz para o tratamento da insuficiência de convergência, com redução da sintomatologia e do ponto próximo de convergência.
Neuropatia óptica isquémica anterior não arterítica: do perfil do doente à eficácia da corticoterapia – estudo retrospetivo
Objectivos: A neuropatia óptica isquémica anterior não arterítica é a causa mais comum de neuropatia óptica isquémica aguda, sendo uma causa importante de perda visual irreversível. Em Portugal, não há dados exatos relativamente à prevalência desta patologia. Assim, o objectivo deste estudo consiste na caracterização do perfil do doente e avaliação do efeito da corticoterapia e da terapêutica antiagregante no seu tratamento. Materiais e métodos: Análise retrospetiva dos doentes seguidos em consulta de Neuroftalmologia no Centro Hospitalar São João entre 2013-2016. Resultados: Foram incluídos 66 doentes com idade média de 59,84 ±10,22 anos (variação dos 39 aos 87 anos), sendo 57,6% do sexo masculino. Em 68,1% dos casos, a apresentação foi unilateral. 19,7% dos doentes tinha descrição de crowded disc no olho adelfo. 53,0% doentes apresentavam hipertensão arterial, 27,3% diabetes mellitus e 71,2% dislipidemia. À apresentação, a mediana da acuidade visual corrigida, nos casos unilaterais, era de 0,40 ±0,70 (LogMAR). 32,3% dos doentes iniciou a associação corticóides e ácido acetilsalicílico e 52,3% apenas este último isoladamente. A mediana da acuidade visual corrigida nos doentes submetidos à associação terapêutica não diferiu significativamente do grupo submetido apenas ao ácido acetilsalicílico. Conclusão: Este estudo não demonstrou benefício da associação de corticoterapia e ácido acetilsalicílico nem do uso isolado de ácido acetilsalicílico na acuidade visual. A corticoterapia sem benefício comprovado está associada ao aumento de custos, internamentos e complicações, tornando-se difícil justificar a sua aplicação na prática clínica como tratamento da neuropatia óptica isquémica anterior não arterítica.
2019
Torres-Costa, Sónia Faria, Olinda Falcão-Reis, Fernando
Editorial
No summary/description provided
2018
Rocha-Sousa, Amândio Carneiro, Angela Silva, Rufino
Degenerescência Macular da Idade (DMI) - Guidelines de Tratamento 2018
Degenerescência Macular da Idade (DMI) - Guidelines de Tratamento 2018
2018
Teixeira, Carla C Furtado, Maria João Carneiro, Angela Silva, Rufino
Hemorragia pré-macular: hialoidetomia com laser (Nd):YAG
Objetivo: Apresentar um caso de hemorragia pré-macular tratada com hialoidetomia por Neodímio (Nd):YAG laser. Materiais/Métodos: Uma mulher de 78 anos recorreu ao Serviço de Urgência com perda súbita de visão no olho direito (máxima visão corrigida: 20/400). Observou-se uma hemorragia na interface vítreoretina no exame de fundo de olho e se estabeleceu um diagnóstico de hemorragia pré-foveal após alguns exames, possivelmente devido a um macroaneurisma. Realizou-se um punção com um impacto de 5 mJ de (Nd): YAG. Após 2 meses, os exames mostraram uma área pré-macular limpa com contorno foveal preservado e depois de 3 meses, a paciente estava assintomática. Conclusões: Os macroaneurismas arteriais retinianos são anomalias adquiridas, relacionadas com fatores de risco cardiovascular. A sua progressão é imprevisível, sendo a hemorragia pré-macular uma das complicações que comprometem a visão. Não há normas para o tratamento da hemorragia. O laser (Nd):YAG é um método não invasivo, económico e seguro. Neste caso, permitiu una recuperação rápida sem dano macular significativo.
2018
Pereira Vieira, Maria João Mendes Pereira, Joana Campos Figueiredo, An Neves, Arminda Santos, Mónica Castro Sousa, João Paulo
LINFOMA INTRAOCULAR PRIMÁRIO – CASO CLINICO
Introdução: O Linfoma Intraocular Primário é uma neoplasia rara que pode envolver o vítreo, retina, epitélio pigmentar da retina, membrana de Bruch e o nervo ótico. Manifesta-se de forma independente ou associado ao linfoma do sistema nervoso central e frequentemente manifesta-se como uma uveíte posterior de difícil tratamento. Esta forma de linfoma é um dos tumores intraoculares mais desafiantes de se diagnosticar. Caso clinico: Relatamos o caso de um linfoma intraocular primário num doente do sexo masculino de 67 anos cuja manifestação inicial foi uma uveíte posterior unilateral. Foi submetido a tratamento com injeções intravítreas de metotrexato duas vezes por semana durante 1 mês, semanalmente no mês seguinte e mensalmente até perfazer um ano. Discussão: O linfoma intraocular primário é reportado como sendo a síndrome mascarada ocular mais comum. Perante a diversidade de apresentações é difícil fazer o diagnóstico precoce, sendo necessário um elevado índice de suspeição. As recomendações publicadas para o tratamento do linfoma intraocular primário variam no caso de envolvimento exclusivamente ocular. O metotrexato intravítreo tem sido uma das opções mais utilizadas, geralmente administrado num esquema intensivo de indução-consolidação-manutenção. No caso apresentado a quimioterapia IV foi eficaz com complicações oculares mínimas.
2019
Silva, Andreia Fonseca, Cristina Fernandes, Julia Proença, Rui
Olho seco: abordagem terapêutica
Resumo Introdução: O olho seco é uma doença multifatorial onde há inflamação da superfície ocular e aumento da osmolaridade do filme lacrimal, podendo ser classificada com base na etiologia, mecanismos e estadio da doença. É uma doença comum que afeta principalmente o sexo feminino e acarreta elevada morbilidade, sobretudo nas formas graves da doença. Objetivo: O objetivo principal deste trabalho consiste numa revisão bibliográfica das modalidades terapêuticas, de forma a identificar qual o tratamento mais eficaz consoante o estadio da doença. Métodos: Efetuou-se uma revisão de artigos publicados na literatura científica, após seleção criteriosa na PubMed e UpToDate. Resultados: A história clínica é fundamental para o diagnóstico, assim como outros testes que avaliam a superfície ocular e a estabilidade do filme lacrimal. As lágrimas artificiais são o tratamento de primeira linha para olho seco ligeiro a moderado. A higiene palpebral é útil no olho seco por perda evaporativa, mas para estados hipossecretores graves prefere-se uma terapia de conservação de lágrimas. O tratamento anti-inflamatório mostrou benefício terapêutico em todos os estadios da doença, por isso é considerado indispensável ao tratamento. O consumo de ácidos gordos ómega-3 é aconselhável, principalmente em doentes com disfunção meibomiana associada. Conclusões: O tratamento é altamente variável, desde a suplementação única com lágrimas artificiais até a um algoritmo terapêutico complexo. Atualmente várias questões permanecem em aberto quanto à toxicidade a longo prazo e efetividade de alguns regimes terapêuticos. No futuro, a biologia molecular e a genética poderão oferecer um melhor entendimento fisiopatológico da doença, o que ajudará na tomada de decisão clínica.
Impacto da implantação de segmentos de anel corneanos intra-estromais na qualidade de vida de doentes com queratocone
Objetivo: Avaliar a influência da implantação de segmentos de anel corneanos intra-estromais (SACIE) na qualidade de vida de doentes com queratocone, através do National Eye Institute Visual Function Questionnaire-25 (NEI VFQ-25). Material e Métodos: Estudo retrospetivo descritivo de 18 doentes com diagnóstico de queratocone, submetidos a implantação de SACIE entre 2011 e 2017. Administrou-se o NEI VFQ-25, ajustado ao desenho retrospetivo do estudo e à língua portuguesa. Os resultados foram avaliados em conjunto com dados pré e pós-operatórios de acuidade visual melhor corrigida (AVMC), curvatura máxima da superfície anterior da córnea (Kmáx), astigmatismo queratométrico (AQ) e valor quadrático médio da aberração de coma (VQMAC). Resultados: Observaram-se melhorias estatisticamente significativas da AVMC (p=0,001), de uma mediana pré-operatória de 0,40 para 0,65, e do score composto do NEI VFQ-25 (p=0,001), de 70,21 para 80,51 no pós-operatório. Adicionalmente, verificaram-se diminuições estatisticamente significativas da Kmáx (p=0,012), de uma mediana de 59,20 para 53,90 dioptrias, e do VQMAC (p=0,001), de 2,63 µm para 1,81 µm. A diminuição da mediana do AQ, de -3,25 para -1,50 dioptrias, não foi estatisticamente significativa (p=0,896). Conclusões: A implantação de SACIE no queratocone melhora significativamente medidas clínicas e topográficas de visão, assim como a qualidade de vida dos doentes.
2019
Sousa, Anita Antunes Torrão, Luís Miguel Gonçalves