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Os artistas ao serviço da confraria do Espírito Santo dos Arcos de Valdevez

<p>Neste artigo apresenta-se o caso particular da confraria do Espírito Santo do concelho dos Arcos de Valdevez realçando o seu espírito empreendedor e a sua robustez económica, como alavanca para o vasto programa de obras que incrementará no seu templo – a Igreja do Espírito Santo.</p> <p>No que se refere ao programa de obras foram identificadas duas tipologias – a arquitectura e a encomenda de estruturas retabulares, num período correspondente à década de 40 do século XVII, até ao terceiro quartel do século XVIII.</p> <p>No primeiro caso, foi possível reconhecer três períodos distintos: o primeiro relacionado com a construção do templo e das estruturas adjacentes – campanário e sacristia, que decorre entre 1640 e 1703; o segundo período marcado pelas intervenções na fachada da igreja e pela construção de uma nova torre, obras balizadas entre 1720-1727 e um terceiro período caracterizado pela ampliação da capela-mor e sacristia que se situa entre 1746-1765.</p> <p>Em matéria de encomendas retabulares, o artigo centra-se nas sete estruturas executadas para a capela-mor e arco-cruzeiro entre 1666 e 1681, correspondente à fase maneirista da talha; na profunda remodelação decorativa levada acabo no final da década de 20 do século XVIII, para culminar com as intervenções feitas na capela-mor entre 1747-1758.</p> <p>Tendo em conta as categorias definidas e os seus respectivos ciclos, foram exaustivamente levantados os artistas e artificies, oficiais e ofícios que permitiram medir por um lado, o peso dos oficiais e das oficinas externas ao núcleo dos Arcos de Valdevez e por outro lado, aquilatar a expressão de oficiais e oficinas locais, tendo em linha de conta os critérios relacionados com os aspectos geográficos e o conhecimento que a confraria clerical do Espírito Santo detinha dos circuitos artísticos locais, regionais e nacionais.</p>

A atuação da família portuense Alão no Rio de Janeiro

<p>Pela historiografia atual da arte brasileira, pouco se sabe sobre a atuação dos artistas da família Alão no Rio de Janeiro. Trataremos, aqui, de três gerações de escultores: Manuel Joaquim Alves de Sousa Alão, João Joaquim Alves de Sousa Alão e Joaquim Alves de Souza Alão. Os dois primeiros, portugueses, atuaram tanto no Porto quanto no Rio de Janeiro, sendo o segundo professor da Academia Imperial de Belas Artes. Já o terceiro, pelo menos até onde indicam as pesquisas atuais, aparece citado apenas em obras cariocas.</p>

A formação dos artistas na difusão das formas e a recepção da sua arte pelo meio socio-cultural do século XVI: notas metodológicas

<p>A propósito das varandas da Misericórdia de Viana de Castelo (in. 1587), inspiradas de forma livre em tratados de arquitectura ou gravuras nórdicas, interroga-se como, através destes elementos, as comunidades locais de artistas deram corpo a “maneiras” de fazer de especificidade regional. Para isso recorre-se a uma breve abordagem da oficina familiar dos Lopes, activa entre os sécs. XVI e XVII no perímetro geográfico do Entre-Douro-e-Minho, cuja obra mostra como as novas linguagens estéticas foram importadas de acordo com o gosto local, segundo uma interacção dinâmica entre clientes e artistas.</p>

A atuação dos arquitetos portugueses no século XIX no Rio de Janeiro. Algumas considerações

<p>O estudo refere-se à atuação dos arquitetos portugueses no século XIX no Rio de Janeiro. Analisa dois projetos de grande significação para a cidade – a Santa Casa de Misericórdia e o Hospício D. Pedro II, ambos riscados por Domingos Monteiro, arquiteto nascido no Porto.</p>

A visita ao Porto dos Imperadores do Brasil (1872). Construções efémeras, ornamentações e artistas

<p>Em 1872 os Imperadores do Brasil, no regresso da sua primeira viagem à Europa, visitaram o Porto que os recebeu, não como simples particulares como pretendiam, mas como os representantes do ramo brasileiro da dinastia Bragança e principalmente D. Pedro II, como filho do Rei Libertador. Arcos triunfais e ornamentações decoravam os percursos mais importantes da cidade contribuindo, para a sua concretização, alguns artistas conhecidos da cidade e algumas figuras de menor importância no contexto artístico do Porto do século XIX.</p>

Arnaus. Um pintor a fresco no Norte de Portugal na 1.ª metade do século XVI

<p>A qualidade e novidade da obra do pintor Arnaus em igrejas e capelas do Entre- Douro-e-Minho e Trás-os-Montes revela que o conhecimento da organização do território, da relação entre encomendadores e obra de arte, da relação entre mosteiros e igrejas paroquiais, entre os finais da Idade Média e os inícios da época Moderna, é um amplo e nuclear campo de investigação.</p>

Um Abade e o seu Jericó

<p>Um Abade Jardineiro. Alguns dos Mosteiros da Congregação de São Bento de Portugal no Norte do País, entre o séc. XVII e o séc. XIX, incluem na sua documentação a referência a jardins com a designação de Jericós.</p> <p>No caso de Santo André de Rendufe, a criação do Jericó está atribuída a um Monge, que chegará a ser o Abade Geral da Congregação na primeira metade do séc. XVIII – Frei Tomás do Sacramento (Porto 1671-Rendufe 1747).</p> <p>A jardinagem está incluída nos trabalhos de mãos recomendados para os Monges Beneditinos na Congregação.</p>

O mestre pedreiro Antônio Fernandes de Matos: um minhoto em Pernambuco no século XVII

<p>Esta comunicação trata sobre a presença do mestre de obras Antônio Fernandes de Matos no Recife, entre os anos de 1671 e 1701. Nascido no Minho, Matos se estabeleceu no Recife onde executou inúmeras obras de relevância e fez fortuna com o comércio de escravos e de produtos da terra como o açúcar e o tabaco. Busca-se demonstrar o papel relevante de Matos na construção do contexto urbano do Recife na segunda metade do século XVII e sua relação com outros profi ssionais atuantes na mesma época.</p>

Os escravos e os ofícios mecânicos na Bahia-Brasil

<p>Complementando um estudo sobre os ofícios mecânicos, ativos no século XVIII e XIX, em Salvador/Bahia/Brasil, com base nos Testamentos e Inventários, busca-se levantar o número dos artífi ces escravos, explicando as causas que os diferenciavam das atividades praticadas por brancos, destacando aqueles ofícios que podiam ser ocupados, indiferentemente, por negros, pardos ou brancos. Distinguem-se as atividades de homens e mulheres. São apontados também os números de escravos úteis ao trabalho e aqueles impedidos de exercê-lo com suas respectivas causas. Estabelece-se a proporção entre os escravos empregados em trabalhos tipicamente rurais e os dedicados aos ofícios mecânicos.</p>

A Comunidade Lusíada em Joanesburgo

<p>A presente investigação visa proporcionar uma compreensão mais aprofundada do percurso da comunidade portuguesa radicada na África do Sul, a partir de uma análise que incidiu na região metropolitana de Joanesburgo, onde se situa o seu núcleo primordial. Através de uma descrição exaustiva das múltiplas facetas do perfil comunitário, segundo uma perspectiva diacrónica, procurou-se determinar como se processou a adaptação dos portugueses e seus descendentes à realidade política, económica, social e cultural sul-africana, durante o apartheid e após a democratização. Concedeu-se uma atenção particular à forma como a comunidade, enquanto minoria etno-racial, manteve a sua coesão identitária e se inseriu na lógica de grupos subjacente à sociedade sul-africana.</p>

A Santa Casa da Misericórdia de Vila Real. História e Património

<p>Este trabalho dá a conhecer as origens e evolução da Santa Casa da Misericórdia de Vila Real, a sua ação assistencial no passado e ao presente, analisando a sua documentação e o seu valioso património arquitetónico e móvel, detetando e classificando influências e correntes artísticas. A primeira parte desta obra diz respeito à História da Misericórdia de Vila Real sob o ponto de vista institucional, as suas origens no contexto da fundação das primeiras misericórdias trasmontanas, a organização institucional, a constituição e gestão do património financeiro, as procissões e festividades que realizou, o seu Hospital, e caracterização ao presente. Na segunda parte, relativa à arte e património da Santa Casa da Misericórdia de Vila Real, é analisado o património imóvel, a sua construção, evolução e constituição atual, e inventariado, contextualizando, o seu valioso património móvel.</p>

Year

2012

Creators

Fernando de Sousa António Mourato Bruno Rodrigues Diogo Ferreira Joana Martins José Francisco Queiroz Manuel Couto Manuel Silva Gonçalves Manuela Pinto da Costa Maria de Fátima Eusébio Natália Marinho Ferreira-Alves Paula Barros Paula Cardona Paulo Amorim Paulo Guimarães Ricardo Rocha Susana Oliveira

Entre Mares. O Brasil dos Portugueses

<p style="text-align: left;">Na viragem do século XIX para o século XX, em plena expansão da borracha, o Estado do Pará constituiu-se no terceiro maior local de atração de emigrantes portugueses para o Brasil, que hoje se reflete na presença significativa de sociedades beneficentes, agremiações, equipas de futebol e empresas pertencentes a descendentes desses emigrantes. A presente publicação apresenta trabalhos de investigadores portugueses e brasileiros que se debruçam sobre esta temática, procurando desvendar e compreender a lógica do movimento migratório português nas diferentes temporalidades e dimensões e que se constituiu num dos traços da formação social brasileira.</p>

Year

2012

Creators

Maria de Nazaré Sarges Maria Izilda Matos Antonio Otaviano Vieira Junior Cristina Donza Cancela Aldrin Moura de Figueiredo Daniel Souza Barroso Eliana Ramos Ferreira Magda Ricci Paulo Marreiro Rafael Chambouleyron Cauê Morgado Andréa Telo da Corte Suzel Frutuoso Maria Apparecida Franco Pereira Conceição Salgado Diogo Ferreira Isilda Monteiro Ismênia de Lima Martins Lená Medeiros de Menezes Ricardo Rocha Roseli Boschilia Celina Fiamoncini Giseli Cristina Passos Sênia Bastos Vitor Fonseca Yvone Dias Avelino Alexandre Hecker Fernando de Sousa José Jobson Arruda Paula Barros Paula Santos Pedro Leitão Filipe Ramos Paulo Gonçalves José Sacchetta Susana Serpa Silva

Manoel dos Santos, o pajé de Portugal: Imigração e contatos culturais em Belém do Pará no final do século XIX

<p>Sessão magna-apreensão de burundangas. Assim, o jornal Diário de Notícias, um dos mais lidos em Belém na década de 1880, anunciava a prisão de um pajé e seus paramentos rituais na noite do dia 31 de novembro de 1 886. O termo utilizado pela imprensa - burundangas - para qualificar a ação da polícia era usual no século XIX e, quase sempre, como sinônimo de "coisas imprestáveis", mixórdia, confusão, embrulhada, trapalhada. A etimologia do termo não deixa enganar. Do espanhol burundanga, o vocábulo significa, além do que já citei, palavreado confuso, algaravia, cozinhado malfeito, algo sujo e repugnante. Porém, segundo Aurélio Buarque de Holanda, na Amazônia brasileira é comum o uso da expressão como analogia às "mezinhas empregadas na feitiçaria". Raymundo Moraes registrou em seu dicionário amazônico, o termo berundanga como sinônimo de feitiço, puçanga, ou "beberagem usada para desgraçar o inimigo".</p>

Imigração Portuguesa e casamento: um olhar a partir do gênero, da geração e da atividade (Belém, 1908-1920)

<p>A paraense Maria de Nazaré Martins entrou, no Juizado de Órfãos, com uma ação de Suprimento de consentimento para casamento contra sua mãe, a portuguesa Isaura de Jesus Martins. Por ser menor de idade (a maioridade no período se dava a partir dos 21 anos), Nazaré necessitava do consentimento paterno para casar-se. Mas, por ser órfã de pai, o consentimento deveria ser dado por sua mãe. Na ação, ela argumentava que sua mãe não autorizava seu casamento por motivos frívolos, dentre os quais, um se destacava: o fato de seu pretendente não ser de origem portuguesa como sua mãe e, muito possivelmente, seu pai. Em sua inquirição, Isaura declarou não estar mais interessada no casamento de sua filha, que para ela havia "morrido". Além disso, pedia também para não ser mais incomodada com o assunto.</p>

“Alterações” e “Rixosos”: colonos portugueses numa vila militar no Pará imperial

<p>As motivações que impulsionaram a mobilidade de grupos consideráveis de portugueses são diversas, ao longo do tempo desses deslocamentos, e foram tanto por razões estruturais quanto conjunturais. Uma delas relaciona-se com as políticas dos governos brasileiros para esse trabalho, notadamente em meados do século XIX, que incentivaram a fixação de novos colonos [ . . . ] que se propusessem ao cultivo da terra.</p> <p>Uma dessas políticas se fez necessária quando pressões internas e externas sinalizavam a mudança no tipo da força de trabalho utilizado na produção, o que colocou em xeque a extinção formal do então chamado infame tráfico negreiro, em 1850. O problema da substituição da mão de obra escrava na organização do trabalho rascunhava um quadro de mudanças estruturais que se apresentava na organização da produção, bem como em outros níveis da organização social do trabalho no império, pedindo medidas e decisões políticas objetivando uma solução compatível com tão profundo problema. A extinção do tráfico de escravos levou o Estado Imperial à procura de fontes alternativas de mão de obra.</p>

Pátria minha: portugueses e brasileiros no Grão-Pará (1808-1840)

<p>Uma região considerada distante do Rio de Janeiro, a província do Grão-Pará teria demorado demais para "aderir" ao Brasil, fato ocorrido apenas em agosto de 1823 e este foi processo penoso e difícil que teria desembocado na Cabanagem em 1835. Apesar da existência de vínculos com a monarquia e com o menino príncipe Pedro II, é importante lembrar que muitos cabanos e suas lideranças vislumbravam perspectivas políticas e sociais diferentes daquelas vindas dos governantes do Império, centralizado na corte carioca. Já analisei como os cabanos se autodenominavam "patriotas", e como o sê-lo não necessariamente era sinónimo de ser brasileiro.</p>

Um estudo sobre a migração portuguesa para a amazônia joanina (Pará, 1808-1821)

<p>Entre números imprecisos e memórias recriadas, rumou ao Brasil um período marcado por transformações sociais, políticas e económicas, ao qual, hoj e, chamamos de joanino (1808-1821) . Anos de histórias de muitas separações: separações de um príncipe de seus súditos, separação de uma Corte de sua origem, separação de uma colónia de sua metrópole, separação de uma nobreza de parte de sua riqueza, separação de proprietários de seus pertencesses, de soldados de seus generais, de criados de seus senhores, separação de famílias . . . Separação de populações.</p>

Criminalidade e etnicidade na Manaus da Bélle Époque

<p>A presença portuguesa - em maior medida - deixou reflexos na historiografia e nas memórias e imaginário das populações do Amazonas, principalmente nas de Manaus, capital do estado.</p> <p>Na parca historiografia local, os portugueses têm sido ressaltados como ícones da tríade trabalho, poupança e ascensão social, associados também a outros símbolos como os de "hábitos sofisticados", civilizadores, povoadores, robustos, laboriosos, disciplinados, representações grafadas pela História, corroborando com a ideia de que o português era o que havia de melhor para ocupar e progredir a região.</p> <p>Mas, o que tem sido hegemônico na historiografia e senso locais, é produto de construção de sentidos ou de "verdades" discursivas historicamente formuladas?</p>

Uma “conquista tão dilatada”. A coroa portuguesa e a migração voluntária para a amazônia (século XVII)

<p>Desde 1640, a preocupação em povoar as conquistas do Maranhão e Grão-Pará fizera parte das inquietações dos primeiros reis bragantinos (o que se manteve durante boa parte do período colonial, notadamente durante o ministério Pombalino). O incentivo ao povoamento das capitanias reais foi organizado em diversos uiveis pela Coroa - muitas vezes, por solicitação, principalmente, dos governadores.</p> <p>O movimento de pessoas, como salientou Anthony Russell-Wood foi uma característica frequente, não só na América portuguesa como em todo o império. Entretanto, para Russell-Wood, o "papel do Estado no incentivo à migração foi mínimo". Dados referentes ao Estado do Maranhão, contudo, revelam outra perspetiva. Em relação à Amazônia, o limitado número de europeus que se dirigia para a região ensejou uma ação çlara da própria Coroa, que pode ser percebida em diversas esferas e em relação a vários grupos, não só de europeus.</p>

Os portugueses nos autos judiciários: sociabilidades e tensões

<p>A última década do século XIX foi de intensa modificação no cenário econômico, social, político e urbano da cidade de Belém, propiciada pela economia da borracha que se tornara o mais importante produto de exportação da região amazônica.</p> <p>Nesse contexto, uma leva muita grande de trabalhadores afluíra à região, sobretudo, vindos do nordeste brasileiro fugidos da seca, que matava milhares de indivíduos nos sertões nordestinos. Ao lado desses imigrantes nacionais também chegava um expres sivo contingente de estrangeiros, especialmente portugueses.</p>