Repositório RCAAP
Consulta de Anestesia e sua importância – A perspetiva do doente
Introdução: A consulta de anestesia tem como objetivo principal avaliar os doentes que vão ser submetidos a um procedimento anestésico-cirúrgico eletivo. Apesar de a consulta ter sido implementada na maioria dos centros hospitalares, a opinião dos doentes sobre a mesma foi pouco estudada. Os objetivos deste estudo foram: avaliar a opinião dos doentessobre a Consulta de Anestesia, e identificar os medos e preocupações relacionados com a anestesia. Material e Métodos: Aplicação de um questionário no final da consulta, após aprovação da Comissão de Ética. Os doentes foram questionados sobre: medos relacionados com a anestesia, satisfação e importância, atribuídas à Consulta de Anestesia, e satisfação sobre a explicação cirúrgica dada pelo cirurgião, numa escala de 5 pontos de Likert. Recolheram-se os seguintes dados: idade, género, escolaridade, especialidade cirúrgica, estado físico da American Society of Anesthesiologists (ASA) e história de anestesia prévia. Recorreu-se a estatística descritiva para sumariar os resultados, e ao teste do Χ2 para o teste de hipóteses. Resultados: Obtivemos 782 questionários, e relativamente à satisfação com a Consultade Anestesia, 58,4 % responderam “satisfeitos” e 40,6 % “completamente satisfeitos”. Sobre a importância atribuída à Consulta de Anestesia, 59,3 % responderam “importante” e 37,1 % “muito importante”. Relativamente aos medos e preocupações, 17,5 % responderam“não acordar”, 9,7 % ”ter dor”, e 57,4 % dos doentes negaram qualquer medo ou preocupação. Discussão e Conclusão: Na globalidade, a satisfação e importância atribuídas à Consultade Anestesia foram elevadas. A maioria dos doentes negou medos ou preocupações relacionados com a anestesia.
2015
Pereira, Luís Guimarães Pinho, Cristiana Moreira, Adriano Passos, Madalena
A Ascensão e Queda da Pressão Venosa Central como Parâmetro de Monitorização: Uma Análise Fisiológica dos Fatores Implicados
Introdução: A pressão venosa central (PVC) é utilizada há décadas para guiar a fluidoterapia em pacientes graves. Contudo, há muito que se vêm acumulando estudos e meta-análises que cada vez mais colocam em causa a sua real utilidade. No presente artigo procurámos verificar a validade dos postulados fisiológicos que levaram à sua implementação clínica. Material e Métodos: Foi feita uma revisão (não sistemática) da literatura para definir o verdadeiro significado fisiológico da PVC. Para tal efectuámos uma pesquisa na PubMed utilizando as expressões ”central venous pressure” e ”fluid therapy”, seguindo-se a utilização de uma estratégia em árvore para incluir algumas das referências presentes nos artigos mais relevantes. Resultados: Diferentes artigos e meta-análises demonstram que a PVC não é um bom marcador de pré-carga, não conseguindo prever a resposta do indivíduo a um bólus de fluidos. Os pressupostos fisiológicos em que assenta não têm em linha de conta alterações cardiovasculares dinâmicas que ocorrem no organismo como um todo. Discussão e Conclusão: A evidência acumulada na literatura mostra não só que não devemos confiar na PVC como guia para fluidoterapia, mas também que a sua utilização parte de pressupostos fisiológicos que não se encontram totalmente correctos. Contudo, verificamos que esta ainda é recomendada nalgumas guidelines internacionais, sendo previsível que só se consigam mudar hábitos instituídos quando estiverem devidamente difundidas alternativas a este método que sejam válidas, baratas e globalmente disponíveis, nomeadamente as dependentes da utilização de índices dinâmicos de pré-carga.
2017
Rodrigues Alves, Daniel Silva, Ronald Carvalho, Cláudia Pais Martins, António
Fratura da Extremidade Proximal do Fémur: Abordagem Peri-Operatória do Doente Medicado com Anticoagulantes e/ou Antiagregantes Plaquetários.” Baseado nas Recomendações da Sociedade Portuguesa de Anestesiologia de 2014, com o apoio da Associação Portuguesa
A fratura do fémur proximal, que habitualmente ocorre na população idosa, é uma causa comum de morbilidade e mortalidade neste grupo etário. Estes doentes apresentam várias co-morbilidades e são, frequentemente, polimedicados, fatores que contribuem para um internamento hospitalar prolongado, aumento de complicações peri-operatórias e mortalidade. A evidência sugere que a intervenção cirúrgica precoce reduz a morbi-mortalidade associada à fratura proximal do fémur e o seu adiamento para além das 48 horas condiciona maior mortalidade pós-operatória e complicações aos 30 dias de internamento. A abordagem peri-operatória destes doentes é complexa, verificando-se, frequentemente, o adiamento cirúrgico, principalmente na presença de fármacos anticoagulantes e antiagregantes plaquetários. Com o objetivo de normalizar os procedimentos peri-operatórios do doente com diagnóstico de fratura proximal do fémur medicado com anticoagulantes e antiagregantes plaquetários, foi constituído um grupo de trabalho multidisciplinar que teve por principal objetivo a aplicação, nestes doentes, das recomendações da Sociedade Portuguesa de Anestesiologia sobre o manuseio peri-operatório do doente medicado com anticoagulantes, publicadas em 2014. Foi realizada uma análise multidisciplinar da evidência na abordagem peri-operatória dos doentes propostos para tratamento cirúrgico da fratura da extremidade proximal do fémur, no que respeita a atuação e reversão dos fármacos anticoagulantes, estratégias poupadoras de sangue e tromboprofilaxia, tendo sido elaborado um protocolo de atuação. A instituição de algoritmos multidisciplinares para a abordagem peri-operatória do doente com fratura proximal do fémur e a sua divulgação é fundamental, de forma a facilitar a prática clínica diária e melhorar a prestação de cuidados de saúde.
2015
Fonseca, Cristiana Marta, Miguel Dias, José Pinto, Rui Bettencourt, Paulo Maciel, Júlia Araújo, Fernando
Disreflexia Autonómica no Peri-operatório
A disreflexia autonómica caracteriza-se por uma resposta simpática inapropriada em doentes com lesão vertebro-medular ao nível ou acima da sexta vértebra torácica, desencadeada por estímulos nóxicos ou outros provenientes de níveis abaixo da lesão. Apresentamos o caso de uma doente de 48 anos, com lesão traumática vertebro-medular, ao nível da transição cérvico-torácica, submetida a injeção intra-vesical de toxina botulínica, sob anestesia geral inalatória. No intra-operatório apresentou bradicardia acompanhada de hipertensão sustentada (pressão arterial máxima de 184/121 mmHg) e rubor cutâneo do pescoço e tórax, compatível com episódio de disreflexia autonómica. Apesar da rápida identificação e suspensão dos fatores desencadeantes, o quadro clínico reverteu apenas no pós-operatório, depois da administração de labetalol. Com este caso pretendemos reforçar a importância das medidas preventivas, nomeadamente a preferência pela anestesia regional em cirurgia urológica nos doentes com lesão vertebro-medular.
Broken Heart Syndrome: Miocardiopatia de Takotsubo após rutura intraoperatória de aneurisma cerebral
Doentes com hemorragia subaracnoideia aneurismática podem apresentar diversasmanifestações cardíacas cujo diagnóstico diferencial é desafiante, sobretudoquando decorrem no período intraoperatório. A miocardiopatia de Takotsubo é umdistúrbio raro que decorre com disfunção ventricular esquerda predominantementereversível, apresentando alterações eletrocardiográficas que mimetizam uma síndromecoronária aguda. Descreve-se o caso de uma mulher de 41 anos que durantea clipagem de um aneurisma gigante da artéria cerebral anterior esquerda,sofre rutura aneurismática seguida de alterações eletrocardiográficas compatíveiscom isquémia miocárdica. Desenvolve disfunção ventricular esquerda progressiva,agravada no pós-operatório, sem relação com enzimologia cardíaca, progredindopara choque cardiogénico, isquémia cerebral secundária e morte cerebral. Existempoucos casos descritos de miocardiopatia de Takotsubo em contexto intraoperatório.O anestesiologista deve estar alerta para esta entidade nosológica pelas exigênciasclínicas inerentes ao manuseamento simultâneo de duas emergências intraoperatórias,podendo o seu atraso diagnóstico protelar intervenções terapêuticas fundamentais,determinantes no prognóstico do doente.
A problemática da recusa de sangue por Testemunhas de Jeová adultas e legalmente competentes
Introdução: A recusa em receber derivados do sangue a que as Testemunhas de Jeová estão submetidas levanta problemas éticos e legais relativamente ao modo como proporcionar os melhores cuidados de saúde a estes pacientes. No presente artigo discutimos os princípios Bioéticos envolvidos bem como a regulamentação existente sobre o assunto, esperando contribuir para uma acção mais reflectida e uniforme entre os profissionais de saúde. Material e Métodos: Efectuámos uma pesquisa na PubMed utilizando as expressões “Jehovah’s Witness”, “Living will”, “Transfusion refusal” e “Blood refusal”, bem como uma pesquisa no ordenamento jurídico português e organismos institucionais. Resultados: Apresentamos diferentes argumentos a favor e contra a transfusão sanguínea neste contexto. Discussão e Conclusões: A maioria dos autores inclina-se para que, salvo raras excepções, a vontade livremente expressa do paciente e o seu direito à autonomia devem ser respeitados num campo em que diferentes conceitos Bioéticos entram naturalmente em colisão.
Cuidar Bem dos Doentes Requer Cuidar Bem dos Cuidadores
No summary/description provided
30 Anos de Revista da SPA Reflexão sobre uma publicação anestesiológica portuguesa
No summary/description provided
História da Revista da Sociedade Portuguesa de Anestesiologia
O primeiro número da Revista da Sociedade Portuguesa de Anestesiologia apareceu em maio de 1985.1 António Alfredo Meireles, Presidente da Direção da Sociedade, foi o responsável pela sua edição (Fig. 1). Os outros membros desta direção eram Álvaro Ferreira Pais como secretário e Maria Leontina Freitas Costa Carvalhais, como Tesoureira, todos do Hospital Geral de Santo António, no Porto. Com esta iniciativa, a Sociedade propôs-se avançar no cumprimento das suas funções em favor da qualidade da especialidade e seus agentes através da disponibilização de um instrumento que, por um lado, permitisse melhorar a comunicação com os associados, e por outro, contribuísse para a formação dos recém-chegados à especialidade e dos que tinham já o título de especialista, bem como facultasse a publicação em língua portuguesa, dos seus trabalhos de índole científica ou clínica em Anestesiologia ou Cuidados Intensivos.
Estratégias de Pesquisa Bibliográfica para Anestesiologistas
A quantidade de nova informação disponível para médicos está a crescer a uma taxa exponencial, contudo, a quantidade de tempo que os médicos podem dedicar a fazer a sua triagem é que não. Saber qual a ferramenta a usar para cada tipo de informação e estratégias para a usar com eficácia pode economizar tempo valiosa. O objectivo deste artigo é dar a conhecer os principais recursos de informação e as técnicas de pesquisa mais sofisticadas. Porque conhecendo as técnicas de pesquisa mais "elaboradas", a eficácia na investigação aumentará. Os recursos listados permitem que a procura e publicação de informação em Medicina se acelerem e simplifiquem radicalmente. É importante que reconheçam as oportunidades e limitações dos recursos mencionados, assim como a sua utilidade. É impossível ser exaustivo nesta abordagem. e exhaustive in this approach.
Efeito paradoxal da atropina: mito ou realidade subvalorizada?
A atropina é uma molécula bem conhecida dos Anestesiologistas, que há muito reconhecem o seu potencial para um efeito paradoxal decorrente da utilização de doses baixas do medicamento. Contudo, o assunto raramente é discutido em publicações recentes e a verdadeira incidência do fenómeno fica assim por elucidar. No presente artigo apresentamos os casos clínicos de 7 pacientes que desenvolveram efeito paradoxal após a administração de atropina na dose de 0,5 mg em bólus rápido por via endovenosa, o qual reverteu com a administração de uma dose adicional de 0,5mg, revendo posteriormente os mecanismos subjacentes.
2016
Rodrigues Alves, Daniel Amim, Susana Gonçalves, Nídia
Visto do outro lado ...
No momento em que recebi o amável convite para este Editorial encontrava-me, pela segunda vez este ano, a convalescer de uma cirurgia. Coisas da idade e do destino, que de um momento para o outro, nos troca os papéis e, de médica passei de repente a doente. Sosseguemo-nos, temos a convicção que ambas cirurgias foram necessárias e curativas. Tento relembrar esses momentos das cirurgias: da picada do cateter na veia periferica, da ida, já deitada, para o bloco operatório, da entrada na sala de operações, do momento da monitorização e do momento do nada… Tento reviver todas essas emoções e o que me ressalta é que tudo foi vivido com naturalidade e tranquilidade – eu conhecia o ambiente de uma sala de operações e estava confiante na capacidade dos cirurgiões, os anestesistas eram meus “velhos” conhecidos – um tinha sido meu formador e a outra é minha amiga, colega de curso e de especialidade. Num ambiente tão favorável e amigável não é de admirar que a doente estivesse tranquila e confiante – tenho a convição que esse facto só pode ter tido influência na minha boa recuperação. A que propósito vem este desfilar de questões pessoais? Para falar da humanização da relação médico-doente e muito particularmente do anestesista- doente. É um tema mais que batido, dirão, - estou de acordo. Contudo, não estou certa que tenhamos conseguido superar esta questão. Todos nós temos amigos ou familiares próximos com verdadeiros relatos de terror vivenciados em salas de operação, e porquê? ...
Anestesia em Doentes com Fígado Gordo Agudo da Gravidez: Série de Casos
Intodução: O fígado gordo agudo da gravidez é uma entidade clínica associada a morbi-mortalidade materna e fetal significativas. O objetivo deste estudo é rever os aspetos essenciais do fígado gordo agudo da gravidez e suas implicações na abordagem anestésica. Material e Métodos: Relatamos uma série de casos de fígado gordo agudo da gravidez, as suas características, complicações e abordagem anestésica. Os dados foram resumidos pela análise descritiva das variáveis. Resultados: Entre janeiro de 2010 e dezembro de 2012, foram encontradas cinco doentes com fígado gordo agudo. Três doentes apresentaram sintomas prodrómicos inespecíficos e duas alterações assintomáticas das enzimas hepáticas. Três apresentaram aumento da creatinina sérica e hipoglicemia foi detetada em quatro doentes. Três apresentaram alteração da coagulação. Todas as grávidas foram submetidas a cesariana, duas programadas e três urgentes. Quatro foram intervencionadas sob anestesia geral balanceada e uma sob anestesia combinada. Não registámos mortes maternas ou neo-natais. O tempo médio de internamento global foi de 7,8 dias. Discussão: O fígado gordo agudo da gravidez tem uma apresentação clínica variada e o diagnóstico tardio pode conduzir a insuficiência hepática grave e disfunção sistémica multiorgânica, com necessidade de internamento em unidade de cuidados intensivos. O parto é o único tratamento definitivo. A anestesia geral é realizada mais frequentemente, embora na ausência de alteração da coagulação, a anestesia loco-regional é uma opção. Conclusões: A presente série de casos corrobora que o diagnóstico e intervenção precoces podem reduzir a morbi-mortalidade associada a esta patologia.
2016
Vaz Antunes, Maria Norton, Maria Moreira, Adriano Sampaio, Catarina Faria, Aida
História da Sociedade Portuguesa de Anestesiologia
A Sociedade Portuguesa de Anestesiologia (SPA), um dos pilares em que assentou aestratégia de implementação da especialidade em Portugal, foi fundada em 1955como secção da Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa. Entre os seus objetivos,salientava-se o defender os interesses dos sócios e estimular o estudo da anestesiologiacomo disciplina bem individualizada. A trajetória da SPA foi feita de umconjunto de intervenções direcionadas aos seus objetivos. A sua primeira direçãoprocurou logo um lugar no mundo das suas congéneres europeias e mundiais daespecialidade, para o que participou da fundação da World Federation of Societiesof Anaesthesiologists (WFSA) e estabeleceu parcerias com congéneres estrangeira.A chegada dos especialistas formados na carreira médica nacional criada em 1968impôs a adoção de novas iniciativas, nomeadamente a organização de reuniõesnacionais, a primeira das quais em 1977 e a criação, em 1985, da Revista da SPA,publicação periódica destinada a ser o veículo privilegiado da produção científicados seus sócios. A participação da SPA na formação dos anestesiologistas portugueses,quer através de organizações próprias quer através da concessão de patrocíniosconstituiu a sua atividade mais saliente ao longo destes 50 anos. A partir de 2003,a SPA aprofundou a sua colaboração com o Colégio de Anestesiologia da Ordem dosMédicos. A partir de 2005, a SPA enveredou pala criação de secções temáticas e degrupos de trabalho com o objetivo de dinamizar e diversificar as suas intervenções.
Trombose do seio cavernoso no puerpério em paciente submetida a bloqueio subaracnoideu
A cefaleia é um sintoma frequente no puerpério. Nos últimos anos assistiu-se a um aumento do número de técnicas de analgesia e anestesia loco-regionais para o parto, acarretando risco de cefaleia pós punção da dura-máter, que deve ser reconhecida e tratada atempadamente. No entanto, o diagnóstico diferencial de cefaleia na puérpera é extremamente importante, pelo risco de fenómenos trombóticos que, quando não reconhecidos, podem ter graves consequências. Encontra-se por esclarecer a associação entre técnicas loco-regionais e fenómenos trombóticos, embora alguns estudos defendam que a hipotensão intracraniana transitória causada por estas técnicas pode ser suficiente para criar uma estase venosa que poderá, associada ao estado de hipercoagulabilidade do puerpério, estar na génese de tromboses venosas cerebrais. Apresentamos o caso de uma puérpera submetida a anestesia loco-regional para cesariana, cuja cefaleia foi inicialmente interpretada como cefaleia pós punção da dura-máter, atrasando o diagnóstico de trombose do seio cavernoso.
How trustworthy are ECG monitors? The filter selection dilemma
Introduction: Electrocardiographic monitoring has long been established as a standard for basic anesthetic monitoring by international societies, also being routine in intensive care settings. However, there are some caveats to this technology, and overreliance on the monitors’ results may lead to misdiagnosis. In this article we analyze the influence of filter selection on the final electrocardiographic (ECG) tracing. Though not a new subject, the precise mechanisms involved are usually more familiar to technicians and basic scientists than to physicians, mainly because of a lack of focus on the technical peculiarities of equipment function during medical education. Materials and Methods: We performed a Pubmed search for the expressions “ECG filters” and “ECG artifacts”, complementing it with references from the articles deemed most relevant. Results: The present article presents the basics of frequency representation of ECG signals, as well as examples of artifacts that can be removed or distortions that can be artificially introduced. Real world examples are used to exemplify these concepts. Discussion and Conclusions: Correct filter selection has the potential to provide a neater, clearer tracing, whereas lack of knowledge as to the settings being used may either provoque or mask important changes, namely repolarization abnormalities.
2016
Rodrigues Alves, Daniel Lourenço, André Antunes, Inês Leitão, João
Pré-aquecimento de dez minutos – uma boa forma de evitar a hipotermia?
INTRODUÇÃO: A hipotermia inadvertida perioperatória é uma complicação comum e está associada a consequências adversas. A sua prevalência varia de 50% a 90% e a incidência atinge os 70%. O uso do aquecimento prévio à indução anestésica tem sido usado e recomendado como medida preventiva. O objetivo do presente trabalho é avaliar a eficácia de um protocolo que tem como medida central o pré-aquecimento ativo com ar quente forçado iniciado 10 minutos antes da indução anestésica na prevenção de hipotermia inadvertida perioperatória. MATERIAL E MÉTODOS: Estudo prospetivo, analítico e não-controlado. Aplicado protocolo de aquecimento perioperatório a doentes propostos para cirurgia abdominal sob anestesia geral com duração prevista entre 45 e 240 minutos. O protocolo inclui: pré-aquecimento de 10 minutos a temperatura intermédia (38ºC) e manutenção durante o procedimento, aquecimento de fluídos intravenosos e uso de sistema anestésico circular semifechado ou fechado. Registada temperatura central no momento da descontinuação do fornecimento de halogenado – temperatura central final. Considerou-se hipotermia uma temperatura central final inferior a 36ºC. Análise estatística realizada com software SPSS Statistics. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Incluídos 33 doentes. A temperatura média obtida foi de 36,3 ± 0,59ºC. Apresentavam normotermia 27 doentes (81,8%). Cinco doentes (15,2%) apresentavam hipotermia ligeira e um doente (3%) apresentava hipotermia moderada. Não houve diferença significativamente estatística na temperatura central final nos procedimentos laparoscópicos (p = 0,378). CONCLUSÃO: Neste estudo, o uso de um protocolo de aquecimento peri-operatório, que tem como medida central o pré-aquecimento ativo com ar quente forçado durante 10 minutos, permitiu a obtenção de uma prevalência muito baixa de hipotermia no final da cirurgia.
2017
Matias, Francisco Gil Gonçalves Ferreira, Céline Martins Matos, Francisco Maio Martins, Mafalda Ramos
Epidural analgesia for hyperbaric oxygen therapy in a patient with Nicolau Syndrome
Nicolau syndrome is a rare complication following intramuscular injection, leading to local ischemic necrosis. The authors present a case of a 3-year-old boy who was admitted with Nicolau syndrome after intramuscular penicillin injection and then proposed for hyperbaric oxygen therapy. On the 3rd day after admission an epidural catheter was inserted and a perfusion of ropivacaine was initiated. 24 hours after the epidural block the pain was under control and 48 hours after the block the patient was extubated. The hyperbaric oxygen therapy treatment was performed without any events. There are numerous treatments described for Nicolau syndrome, however, there is not a gold standard treatment established. Pain treatment with epidural analgesia seems a good option, particularly in pediatric patients, allowing a satisfactory adhesion to the other treatments. The authors also attested the security and efficacy of epidural catheters during hyperbaric oxygen therapy.
2016
Moreira, Joana Fonseca Bettencourt, Margarida Barros, Fernanda
Analgesia de parto: Abordagem do neuroeixo e satisfação materna
Introdução: O trabalho de parto pode causar dor intensa e sofrimento materno, pelo que o pedido da grávida é indicação suficiente para iniciar a analgesia do neuroeixo. Tem surgido novas tecnologias para administração dos fármacos epidurais durante a manutenção da analgesia. Esta pode ser efetuada através de continuous epidural infusion (CEI), bolus intermitentes manuais, programmed intermitente epidural bolus (PIEB), patient-controlled epidural analgesia (PCEA) ou computer-integrater PCEA (CI-PCEA). É importante comparar as várias opções e perceber quais as vantagens de cada uma. A satisfação materna é multifatorial e difícil de avaliar. A qualidade da analgesia é um dos fatores envolvidos e para melhorar os serviços prestados será necessário tornar claro o seu contributo e conhecer os outros fatores. Objetivo: Com este artigo pretende-se rever a literatura recente sobre a analgesia do neuroeixo no trabalho de parto, com especial enfase nas técnicas de manutenção da analgesia e na satisfação materna. Material e métodos: Esta revisão baseou-se na bibliografia que abordava este tema, publicada nos últimos 5 anos nas bases de dados PubMed, Web of Science e Scopus. Resultados: Para iniciar a analgesia do neuroeixo, parece não haver vantagem em usar por rotina a técnica combinada em relação à epidural em baixa dose. A PIEB permite uma melhor difusão da solução analgésica no espaço epidural do que a CEI, resultando em menor consumo de fármacos e menos episódios de dor. A PCEA proporciona autonomia à grávida e pode ser usada com ou sem uma perfusão basal ou ainda associada a PIEB. Esta última combinação apresenta melhores resultados, com menores scores de dor e menor carga de trabalho para o anestesiologista. O envolvimento materno na tomada de decisões, a relação da grávida com os cuidadores, o apoio dos profissionais de saúde e as expectativas pessoais são fatores importantes para a satisfação materna. A analgesia epidural de baixa dose associa-se a maior satisfação. A técnica PIEB ao diminuir os episódios de dor e a PCEA ao proporcionar autonomia estão igualmente associados a maior satisfação. Conclusões: Nos últimos anos têm surgido desenvolvimentos tecnológicos na manutenção da analgesia de parto, por via epidural, com preocupação crescente com o bem-estar e a satisfação materna. No entanto, são necessários estudos prospetivos, bem formulados, para concluir qual o esquema que proporciona melhor analgesia, bem como para avaliar de forma eficaz a satisfação materna com a experiência do parto. Palavras-chave: Analgesia de parto, parturiente e satisfação materna.
Índice de Massa Corporal e Cefaleia Pós-punção da Dura na População Obstétrica: existe relação?
Introdução A cefaleia pós-punção da dura-máter (CPPD) é uma das complicações mais comuns do bloqueio do neuroeixo. Em grávidas obesas, a abordagem do espaço epidural é tecnicamente mais difícil, associando-se a maior taxa de bloqueio falhado e risco de punção acidental da dura-máter (PAD). O objetivo do nosso estudo foi avaliar a relação entre o índice de massa corporal (IMC) e o desenvolvimento de CPPD. Material e Métodos Realizámos um estudo retrospetivo, entre janeiro de 2007 e dezembro de 2014. Revimos as folhas de registo das doentes em que ocorreu PAD/CPPD. As parturientes foram divididas em dois grupos de acordo com o IMC, não obesas (IMC < 30 kg/m2, G < 30) e obesas (IMC ≥ 30 kg/m2, G ≥ 30). Utilizámos o SPSS 22.0 no tratamento estatístico dos dados. Resultados Ocorreram 58 PAD (0,3%) e 45 (77,6%) mulheres desenvolveram CPPD. Comparando o G < 30 (n = 35) e o G ≥ 30 (n = 23), a incidência de CPPD foi semelhante (80,0% vs 73,9%, p > 0,05). A CPPD grave ocorreu em 4 (11,4%) mulheres no G < 30 e não ocorreu no G ≥ 30 (p > 0,05). O tratamento conservador foi efetuado em todas as doentes. O blood patch epidural (BPE) foi realizado em 42,9% no G < 30 e 17,4% no G ≥ 30 (p = 0,043, OR 3,563 IC 95% 1,00-12,67). Após redefinição dos grupos em mulheres com IMC < 40 kg/m2 e IMC ≥ 40 kg/m2, não houve diferença na incidência e intensidade de CPPD, nem na necessidade de realização de BPE. Discussão O baixo nível de evidência sugere que o risco de CPPD diminui à medida que o IMC aumenta. No nosso estudo, a incidência e as características da CPPD foram similares em gestantes obesas e não obesas, mas a realização de BPE foi inferior nas parturientes obesas, sugerindo que IMC superior pode ser protetor. Conclusão Não foi encontrada evidência de que as doentes obesas estejam menos predispostas ao desenvolvimento de CPPD. Contudo, a obesidade esteve associada a menor realização de BPE.
2017
Vaz Antunes, Maria Moreira, Adriano Faria, Aida