Repositório RCAAP

Notas do Editor

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Ano

2015

Creators

Campos, Nuno

Toxoplasmose Ocular

A toxoplasmose é causada pelo parasita Toxoplasma gondii, que infecta pelo menos um terço da população mundial. Embora a importância da infecção sistémica se resuma aos doentes imunode- primidos e aos casos de infecção congénita, a toxoplasmose ocular (TO) é um problema global. Focam-se neste trabalho os principais avanços no conhecimento do parasita e na epidemiologia, diagnóstico e tratamento da TO. Considerada em tempos maioritariamente de transmissão con- génita, sabe-se hoje que a infecção adquirida é a mais prevalente. Reconhece-se a ingestão de água contaminada como o principal modo de contágio, responsável pelas formas mais graves da doença. Novos genótipos mais virulentos foram identificados. Métodos de diagnóstico foram desenvolvidos para serem usados nas apresentações atípicas da doença, de especial importância na abordagem aos doentes imunodeprimidos. O melhor conhecimento das armas terapêuticas permite-nos usar esquemas de tratamento mais simples e com menos efeitos secundários. Novos dados sobre a profilaxia antibiótica secundária guiam-nos na prevenção das recorrências.

Ano

2015

Creators

Nogueira, Vanda Liverani, Marco

Retinal angiogenesis arrest in a full term infant with congenital toxoplasmosis

We report the finding of avascular retina in the vicinity of toxoplasmosis retinochoroiditis lesions in a full term infant. We postulate that an antiangiogenic stimulus in utero might have interrupted normal retinal vessel growth.

Ano

2015

Creators

Santos, Cristina Ramalho, Mário Pedrosa, Catarina Coutinho, Inês Ferreira, Marta Brito, Maria João Teixeira, Susana

SD-OCT MACULAR NO RASTREIO DA RETINOPATIA DOS ANTI-MALÁRICOS/

Objectivos: Um dos efeitos secundários dos anti-maláricos é o desenvolvimento de retinopatia, com consequente perda irreversível da visão, sendo o adelgaçamento retiniano um sinal precoce. Uma vez que o ERGmf foi proposto como exame de detecção desta retinopatia mas não está amplamente disponível, o objectivo foi verificar o papel do SD-OCT na avaliação da toxicidade retiniana precoce dos anti-maláricos. Métodos: estudo prospectivo com 58 doentes (116 olhos), entre Março-Junho 2014, divididos em 3 grupos: 1 (controlo, n=11), 2 (olhos com sinais de toxicidade no ERGmf, n=17) e 3 (olhos expostos a anti-maláricos mas sem alterações no ERGmf, n=30). A espessura retiniana foi medida (mm) a 1.0 mm temporal e nasal ao centro da fóvea com SD-OCT. Análise estatística: software STATA 13.0. Resultados: O teste t  demonstrou diferenças estatisticamente significativas entre a média da espessuras retiniana dos grupos 1 (337.66±12.93) e 2 (320.97±16.77), t(26)=2.80, p=0.01, grupos 1 (337.66±12.93) e 3 (348.02±11.78), t(39)=-2.43 e p<0.001 e grupos 2 (320.97±16.77) e 3 (348.02±11.78), t(45)=-6.47 e p<0.001; α=0.05. No grupo 2, a espessura retiniana a 1.0 mm nasal (313.62±17.32) à fóvea foi estatisticamente inferior à espessura a 1.0 mm temporal (328.32±17.54), t(32)=-2.46, p=0.02, α=0.05. Conclusões: Os doentes do grupo 2 demonstraram menor espessura retiniana total do que os do grupo 3. A menor espessura retiniana a 1 mm nasal à fóvea do que na região correspondente temporal pode indicar dano precoce às células ganglionares. O SD-OCT pode ser uma ferramenta útil na avaliação do dano retiniano dos anti-maláricos.

Ano

2017

Creators

Leal, Ines Barata, André Diogo Nunes, Ana Teresa Perpétua, Carlos Neto, Eliana Pinto, Filomena

OCRIPLASMINA NAS TRACÇÕES VITREOMACULARES: A EXPERIÊNCIA DO NOSSO SERVIÇO

Objectivos: Após os estudos MIVI-TRUST, a ocriplasmina foi aprovada para a terapêutica de tracções vítreo-maculares focais, acompanhadas de alterações visuais e/ou de buraco macular <400μm. Os autores apresentam a sua experiência com a injecção de ocriplasmina e propõem um novo método de avaliação da área das TVMs. Métodos: durante o ano de 2014 foram seleccionados 8 doentes (9 olhos) com TVM focal ou buraco macular. Após a administração intravítrea de 125μg de ocriplasmina, cada doente foi avaliado diariamente nos primeiros 7 dias e, depois, semanalmente. O follow-up mínimo foi de 6 meses. Resultados: a idade média na amostra foi de 70,8 anos, com 5 olhos fáquicos e 4 pseudo-fáquicos. Um doente tinha um buraco macular de 263µm. O tamanho da TVM médio foi de 449.3 µm, sendo a área de aderência média de 0.19mm2. Constatou-se resolução total da tracção vítreo-macular em 44% (4 casos) e parcial em 11% (1 caso). A libertação constatou-se em média aos 20.8 dias, tendo um caso libertando apenas ao 56º dia. A área média de aderência do grupo que não libertou foi o dobro da média dos doentes com libertação da TVM (0.12 vs 0.25 mm2, respectivamente). A acuidade visual média no grupo com sucesso melhorou em 2/10 no 1º mês e em 3/10 ao 6º mês. Não reportamos eventos adversos graves. Conclusão: verificámos uma taxa de sucesso superior à descrita no estudo MIVI-TRUST. Provavelmente, tal deveu-se a melhores critérios de selecção. A medição da área de aderência revelou-se potencialmente útil na avaliação da TVM.

Ano

2016

Creators

Neves, Pedro Pereira

Leber’s Hereditary Optic Neuropathy and Ocular Hypertension - a case report

Purpose: to report an unusual case of Leber's Hereditary Optic Neuropathy (LHON) and simultaneous ocular hypertension.  Methods: case report of a 40 year-old patient, who complained of recently noticed vision loss in the right eye (OD). Results: OD presented with simultaneous ocular hypertension, optic atrophy and total cupping, leading to the suspicion of glaucomatous optic atrophy. Progressive vision loss was later noticed in the left eye (OS), but no fundoscopic findings were detected in sequential examinations. The patient became increasingly anxious and uncooperative, raising the hypothesis of non-organic visual loss in OS. Several visual evoked potentials were needed to prove reduction of P100 wave. Genetic results for LHON were positive for the 11778 G>A mutation. Conclusions: This case highlights the importance of considering the diagnosis of LHON in all cases of unexplained optic neuropathy, including cases with normal fundoscopic appearance. It also emphasizes that nonorganic vision loss should always be a diagnosis of exclusion in the context of unexplained vision loss. Concomitant LHON and glaucoma have been rarely described and it is uncertain whether LHON-associated mitochondrial DNA mutations are risk factors for glaucoma. However it is hypothesized that the two diseases may have a cumulative effect on retinal ganglion cell damage with the consequent rapid progression of visual impairment.

Ano

2015

Creators

Couceiro, Rita Barata, André Diogo Leal, Inês Proença, Helena Fonseca, Ana Campos, Fátima Monteiro-Grillo, Manuel

The performance of Plusoptix A09 in detection of Refractive Amblyopia Risk Factors

Purpose: To assess the accuracy of the Plusoptix A09 noncycloplegic photorefraction for detection of refractive amblyopia risk factors (RARFs) in children and determine cutoff points. Methods: This study included 402 children observed in Pediatric Ophthalmology Clinic between June and December 2014. All children underwent initially photorefraction using Plusoptix A09 followed by cycloplegic retinoscopy (obtained during a complete ophthalmologic examination). Patients were considered to have RARFs based on American Association for Pediatric Ophthalmology and Strabismus 2013 guidelines. Considering cycloplegic retinoscopy as the gold standard, accuracy parameters of noncycloplegic photorefraction were calculated for detection of RARFs. Results: RARFs were found in 148 (36.8%) and 151 (37.6%) cases by cycloplegic retinoscopy and photorefraction, respectively. Plusoptix showed an overall 85.1% sensitivity for 90% specificity, 83.4% positive predictive value and 91.2% negative predictive value for detection of RARFs. Plusoptix had good specificity for detection of all specific types of RARFs (between 93.0 and 98.1%), and good sensitivity for detection of myopia (96.6%) and astigmatism (91.0%), however its sensitivity for detecting hyperopia RARFs was only 48.9%. Using a cutoff point of +1,5D for hyperopia instead of +3.5D (in children > 48 months), sensitivity can be improved to 88.6% in this group. Conclusions: The Plusoptix A09 is a useful, portable and accurate tool for the detection of RARFs in pediatric populations. However, in hyperopic RARFs an alternative cutoff value should be used.

Ano

2016

Creators

Lemos, José Alberto Gonçalves, Rita Ribeiro, Isabel Mota, Ágata Mateus, Catarina Vieira, Bruna Tenedório, Paula

POSICIONAMENTO DE LENTES INTRA-OCULARES MULTIFOCAIS DIFRATIVAS E A SUA INFLUÊNCIA NO PERFIL DE ABERROMETRIA AVALIADO POR RAY TRACING

OBJETIVO Avaliar o posicionamento de lentes intraoculares multifocais difrativas e a sua influência no perfil de aberrometria. MATERIAL E MÉTODOS Estudo prospetivo de 30 olhos (15 doentes) com implante bilateral sequencial de lentes multifocais difrativas centradas no eixo visual. Na 4ª semana do período pós-operatório, foi realizado um exame oftalmológico completo, que incluiu a avaliação do perfil de aberrometria e posicionamento da lente através de um aberrómetro do tipo ray tracing. RESULTADOS A distância média do centro da lente ao eixo visual foi de 0.176mm (0.037-0.423mm). Este descentramento foi mais significativo em doentes com maior desvio a, ou seja, naqueles com um globo ocular mais assimétrico, em que o eixo visual está mais afastado do centro do saco capsular (r=,460, p=,011). Não houve correlação entre o descentramento da lente em relação ao eixo visual e parâmetros óticos qualitativos. Pelo contrário, quanto maior o ângulo k e o descentramento da lente em relação ao centro pupilar, mais aberrações de alta ordem foram observadas (r=,384, p=,036 e r=,431, p=,018, respetivamente). CONCLUSÕES Três semanas após o implante de uma lente multifocal centrada ao eixo visual, esta mantém a sua posição no saco capsular. Para valores de descentramento até 0.423mm não se observou uma degradação da qualidade ótica. O descentramento da lente em relação ao centro da pupila leva a um aumento significativo das aberrações de alta ordem. Os nossos resultados sugerem que as lentes multifocais difrativas devem ser centradas entre o eixo visual e o pupilar, no ponto intermédio do ângulo k.

Ano

2016

Creators

Costa, José F. Rosa, Andreia Martins, Amélia Almeida, Elisabete Araújo, Ricardo Rito, Filipe Póvoa, João Lobo, Conceição Murta, Joaquim

PARÂMETROS MORFOLÓGICOS NO SD-OCT EM DOENTES COM DEGENERAÇÃO MACULAR DA IDADE ANTES E APÓS TERAPÊUTICA COM BEVACIZUMAB

Objectivo: Estudar a evolução dos parâmetros quantitativos e qualitativos obtidos na tomografia de coerência óptica spectral domain (SD-OCT) num sub-grupo de doentes com degeneração macular da idade (DMI) sujeitos a injecções intravítreas (IV) de bevacizumab. Procurou-se também verificar se estes parâmetros poderão funcionar como factores de prognóstico da acuidade visual (AV) pós- terapêutica com IV de bevacizumab. Material e Métodos: Estudo retrospectivo de 55 olhos de 50 doentes, com diagnóstico de DMI sem terapêutica prévia, submetidos a pelo menos 3 IVs mensais de bevacizumab. Foram estudados os parâmetros quantitativos [espessura foveal central (EFC), comprimento da membrana limitante externa (MLE) e zona elipsóide (ZE)] e qualitativos obtidos através do SD-OCT antes e após IV. Foi analisada a existência ou não de correlação entre estes parâmetros e a AV pré e pós IV. Resultados: A  média da AV (Log MAR), EFC (μm), comprimento da MLE (μm) e comprimento da ZE (μm) variou de valores pré-IV de 0,59+/-0,40; 429,3+/-112,2; 381,2+/-380,5 e 149,1+/-266,1 para valores pós-IV de 0,49+/-0,42; 334,5+/-126,1; 540,4+/-424,2 e 159,6+/-209,0. Existiu correlação entre a AV pré-IV e da EFC (rs=0,30), comprimento da MLE (rs=-0,28) e disrupção da MLE (rs=-0,39) pré-IVs bem como correlação entre a AV pós-IV e comprimento da MLE pós-IV (rs=-0,42). A AV pós-IV apresentou correlação com os valores pré-IVs da AV (rs=0,59), do comprimento da MLE (rs=-0,36) e disrupção da MLE (rs=-0,47). Conclusão: Neste grupo de estudo a AV, o comprimento da MLE e a disrupção da MLE pré-IVs parecem poder funcionar como factores de prognóstico da AV pós-IV.

Ano

2016

Creators

Noronha, Manuel

Evolução dos Transplantes de Córnea no Centro Hospitalar do Porto: Da Queratoplastia Penetrante aos Transplantes Lamelares

Objetivo: O CHP iniciou a realização de transplantes de córnea em 1958, totalizando mais de 4000 transplantes até hoje. Em 2005 iniciou a era dos transplantes lamelares, que permitem a substituição seletiva apenas das camadas alteradas da córnea, com menores complicações e melhores resultados funcionais.  O objetivo deste trabalho é avaliar a evolução das técnicas cirúrgicas e principais indicações para transplante de córnea no CHP na última década. Material e Métodos: Análise retrospetiva de todos os doentes que realizaram transplante de córnea no CHP entre Janeiro de 2005 e Junho de 2015. Foram analisadas variáveis demográficas, indicação cirúrgica e tipo de transplante realizado. Resultados: Foram incluídos 1315 olhos no estudo. Em 2005 foram realizadas 97,1% de queratoplastias penetrantes (QP) sendo a principal indicação cirúrgica o queratocone. A percentagem de transplantes lamelares foi aumentando progressivamente, especialmente depois de 2010. Em 2015 apenas 41,94% foram QP, sendo 32,26% DSAEK (Descemet's stripping automated endothelial keratoplasty), 20,97% DALK (Deep anterior lamellar keratoplasty) e 4,84% DMEK (Descemet membrane endothelial keratoplasty). As indicações cirúrgicas para transplante também se alteraram, sendo que nos últimos anos as principais indicações cirúrgicas foram as disfunções endoteliais. Conclusões: Desde a implementação dos transplantes lamelares no CHP há uma década, o seu número tem aumentado progressivamente, em detrimento da QP. No limite, as técnicas lamelares devem ser a opção para quase todas as indicações primárias para transplante, estando o CHP a caminhar neste sentido.

Ano

2017

Creators

Borges, Tânia Lages, Vânia Coelho, João Gomes, Miguel Oliveira, Luís

Válvulas de Ahmed em doentes com Polineuropatia Amiloidótica Familiar

Objetivo: Avaliar os resultados clínicos dos doentes com glaucoma secundário à Polineuropatia Amiloidótica Familiar (PAF) submetidos a implante de válvula de Ahmed no Serviço de Oftalmologia do CHP entre Novembro de 2010 e Fevereiro de 2015. Material e Métodos: Estudo retrospetivo de 37 doentes (47 olhos) com o follow-up mínimo de 6 meses. Definiu-se sucesso cirúrgico relativo como pressão intraocular (PIO) ≥6 mmHg e ≤21 mmHg ou redução de 20% da PIO, com ou sem medicação ou reoperação. Sucesso cirúrgico absoluto foi definido como a obtenção dos mesmos resultados, mas sem recurso a medicação ou cirurgia adicional. Foram analisadas variáveis demográficas, PIO no 1º dia, 1ª e 2ª semanas, 1º, 2º, 3º e 6º meses, 1º ano e à data da última consulta, acuidade visual pré e 1 mês após cirurgia, número de anti-glaucomatosos pré e pós cirurgia, entre outras. Resultados: A PIO pré-operatória média foi de 27,53±7,48 e a pós-operatória foi de 15,29±4,37 (6º mês), p<0,01. A média de fármacos diminuiu de 3,89±0,67 para 1,30±1,32 após a cirurgia (p<0,01). As principais complicações foram 1 caso (2.13%) de descolamento da coróide e 5 casos (10,64%) de hipotonia. 15 casos (31,91%) apresentaram pelo menos uma medição de PIO≥22mmHg nos primeiros 3 meses. Os sucessos relativo e absoluto foram 93,62 e 34,04 %, respetivamente. Conclusões: A válvula de Ahmed parece ser uma excelente opção em doentes com glaucoma associado à PAF, assumindo-se como uma opção segura e eficaz no nosso estudo.

Ano

2016

Creators

Borges, Tânia Figueiredo, Ana Reis, Rita Sampaio, Isabel Menéres, Maria João

INJECÇÃO SUBTENON DE CORTICÓIDES

Introdução: As uveítes não tratadas de forma adequada podem cursar com perda visual. Apesar das novas terapêuticas, os corticoides (CCT) continuam a ser a principal arma terapêutica, apresentando contudo inúmeros efeitos laterais a nível sistémico ou local. Para controlar a actividade inflamatória, minimizando estes efeitos, a sua administração periocular, nomeadamente de triamcinolona subtenon, apresenta um interesse renovado. Existe pouca informação recente disponível na literatura, pelo que é nosso objectivo avaliar os efeitos funcionais e anatómicos deste tipo de terapia nas uveítes crónicas ou recorrentes, complicadas por vitrite grave ou edema macular, reportando a sua eficácia, duração de efeito, e efeitos laterais, propondo-a como uma alternativa válida Material e Métodos: Estudo retrospectivo de todos os casos de uveíte não infeciosa que receberam pelo menos uma injecção subtenon de CCT, entre Setembro 2013 e Maio 2015, estendendo-se o follow-up até Setembro de 2015. A indicação para a injecção de triamcinolona foi edema macular, vitrite ou necessidade de titular CCT sistémicos. Foram analisados os eventos favoráveis (melhoria da acuidade visual (AV), edema macular ou vitrite) e adversos (catarata, hipertensão ocular, necessidade de cirurgia). Resultados: Nos 48 olhos estudados, 44.7% foram classificados como tendo uma uveíte anterior, 4.3% intermédia, 31.9% posterior e 19.19% como uma panuveíte. O follow-up mediano foi de 14 meses [5; 15]. No grupo injectado por edema macular, a espessura diminuiu 75.00 µm [23.50; 104.75], tendo 83.3% dos doentes ficado melhor. No subgrupo de doentes com vitrite, 53.8% melhorou muito, 23.1% melhorou pouco e 23.1% não obtiveram melhorias; a resposta foi melhor no grupo etiológico por tuberculose e melhor em casos idiopáticos e por artrite/espondiloartrite (p=0.049). No subgrupo injectado para poupar CCT sistémica o objectivo foi conseguido em todos os casos. Como grupo, existiu uma tendência para melhor AV (p=0.103). A pressão intra-ocular foi significativamente mais elevada no pós injecção (p<0.001), com 12.8% dos doentes acima dos 22 mmHg, mas sem alterar significativamente o número de fármacos para o controlar (p=0.467). Nenhum doente necessitou de cirurgia ao glaucoma ou catarata. Uma segunda injecção foi necessária em 29.8%, numa mediana de 305 dias [227.50; 331]. Conclusões: As injecções de CCT subTenon apresentaram bons resultados anatómicos nas uveítes não infeciosas complicadas com edema macular ou vitrite, auxiliando a poupar CCT sistémica. Estes resultados são sustentados, com um longo tempo de acção. Contudo, os resultados funcionais continuam a necessitar de melhorar. Os efeitos laterais desta terapia são mínimos, apresentando-se portanto como uma opção válida, segura e eficaz no controlo da inflamação intraocular activa.

Ano

2016

Creators

Ferreira, Carla Sofia

COLOBOMA: CHAVE OCULAR PARA PATOLOGIA SISTÉMICA

Resumo Introdução: Um coloboma é uma anomalia do desenvolvimento que se caracteriza, na maioria dos casos, por um deficiente encerramento da fissura embrionária na 6ª semana da gestação. Trata-se de um defeito que pode afectar diferentes estruturas do globo ocular, nomeadamente, a íris, corpo ciliar, coróide, retina ou nervo óptico. A eventual associação com patologia sistémica e alterações genéticas faz com que o diagnóstico oftalmológico seja fundamental para a orientação e seguimento dos doentes. Material e métodos: Estudo retrospectivo de 26 doentes da Consulta de Oftalmologia Pediátrica do Hospital de São José, do Centro Hospitalar de Lisboa Central, através da consulta do processo, exames complementares de diagnóstico e registo fotográfico. Foram caracterizados os doentes de acordo com o sexo, idade, antecedentes familiares de anomalias oculares, antecedentes gestacionais, tipo de coloboma, localização, lateralidade, melhor acuidade visual corrigida, presença de outras anomalias oculares concomitantes e associação com doenças sistémicas. Com este estudo pretendemos avaliar e comparar o perfil dos doentes portadores de colobomas, comparando-o com o descrito na literatura, bem como salientar a importância para o seu seguimento, despiste de doenças sistémicas associadas e tratamento das complicações.   Resultados: Dos 26 doentes avaliados, 14 (54%) eram do sexo feminino, e 12 (46%) do sexo masculino. A idade variou entre 1 e 25 anos, com média de 11,23 anos. A média da idade do diagnóstico foi de 2,6 anos, variando entre 1 mês até 8 anos de idade. Nenhum doente apresentava história familiar de coloboma, existindo história de prematuridade em 2 casos (8%). Quanto à localização, 16 casos (62%) apresentavam coloboma do disco óptico, 14 (54%) da íris e 13 (50%) colobomas coriorretinianos. Em 13 casos (50%) o coloboma atingia mais do que uma estrutura anatómica e era bilateral em 11 casos (42%). As acuidades visuais variaram entre ausência de percepção luminosa e 20/20. Apenas 3 casos (12%) apresentavam um coloboma isolado, sendo os restantes associados a outras alterações oftalmológicas, nomeadamente estrabismo em 13 casos (50%), microftalmia em 8 casos (31%), catarata em 3 casos (12%), descolamento de retina em 3 casos (12%) e nistagmus em 4 casos (15%). Da série de 26 doentes, 19 (73%) não apresentavam doenças sistémicas associadas ao coloboma. 4 doentes (15%) foram classificados como tendo síndrome CHARGE, 1 aguardando confirmação molecular (4%), 1 síndrome de Joubert, 1 síndrome de Kabuki e 1 síndrome de DiGeorge. Foram detectadas anomalias do desenvolvimento psicomotor em 8 casos (31%). Conclusões: O exame oftalmológico completo é importante no diagnóstico, prognóstico e vigilância de doentes com coloboma. O coloboma é frequentemente o primeiro achado diagnóstico nestas crianças, sendo que a referenciação pela Oftalmologia a outras especialidades é fundamental, devendo incluir o despiste das várias anomalias sistémicas que podem estar associadas.  

Ano

2017

Creators

Proença, Rita Pinto

Aplicação de Membranas Amnióticas na Reconstrução da Superfície Ocular Externa em Idade Pediátrica

Introdução: Vários estudos comprovam os benefícios da aplicação de membranas amnióticas na reconstrução da superfície ocular em idade adulta, pelos seus efeitos anti-inflamatorios, anti-adesivos e anti-apoptóticos. Em idade pediátrica, a reconstrução da superfície ocular carece de especial atenção e este procedimento encontra-se ainda pouco estudado. Não foi encontrado nenhum estudo específicamente dirigido à aplicação de membranas amnióticas na reconstrução da superfície ocular externa desta faixa etária, pelo que procurámos elucidá-lo. Material e métodos: Estudo retrospetivo englobando todos os doentes em idade pediátrica (×= 7,1 anos +/- DP 4,17) submetidos a transplante de membrana amniótica no Centro Hospitalar de Lisboa Central entre 2008 e 2015, para reconstrução da superfície ocular externa. Entre os doentes (n=6 olhos de 6 crianças), quatro apresentavam patologia do foro neoformativo ou inflamatório e dois apresentavam queimaduras extensas da superfície ocular. Foi realizada divisão em dois grupos, com base na presença ou não de insuficiência de células limbares. Foram avaliadas características clínicas e demográficas, MAVC antes e após a cirurgia, tempo de reepitelização, amplitude de movimentos oculares antes e após a cirurgia, presença de recidiva ou complicações e resultado estético. O tempo de follow-up foi de 4 a 83 meses. Resultados: Verificaram-se sucessos completos em todos os doentes sem insuficiência limbar (50% do total de doentes), sucessos parciais em dois dos doentes com insuficiência limbar (33,3%) e um caso de falência terapêutica (16.7%). Nos doentes em que se observou recidiva, o tempo médio para esta ocorrência foi de 8,3 +/- 6,8 meses. Não se verificaram complicações em nenhum dos casos. Observou-se melhoria pós-operatória em um dos dois casos que tinham diminuição da acuidade visual pré-operatória (aumento da MAVC em 6 linhas). Verificou-se ainda uma melhoria da motilidade ocular e aspeto estético em todos os doentes com alterações prévias destes parâmetros. Conclusão: O transplante de membrana amniótica mostrou ser muito benéfico também em idade pediátrica. Pode ser realizado como tratamento isolado ou coadjuvante, sendo os resultados superiores nos casos de células limbares funcionantes. Não foi detetada maior incidência de complicações ou rejeições comparativamente ao descrito na literatura para a idade adulta.

Ano

2017

Creators

Crisóstomo, Sara Leonor Bleeker Casquinha Proença, Rita Cardigos, Joana Basílio, Ana Luisa Maduro, Vitor Miguel Toscano, Alcina

DESCEMET´S MEMBRANE ENDOTHELIAL KERATOPLASTY (DMEK) – UM ANO DEPOIS

Objetivo: Os autores apresentam os resultados obtidos com a técnica de transplantação endotelial DMEK (Descemet´s Membrane Endothelial Keratoplasty). Esta técnica permite uma rápida recuperação visual com baixas taxas de rejeição. Métodos: Quinze olhos de 15 pacientes com distrofia endotelial de Fuchs ou queratopatia bolhosa pseudofáquica foram submetidos a esta técnica. Melhor acuidade visual corrigida (MAVC), contagem endotelial, paquimetria e complicações foram avaliados à 1ª semana, 1°, 4° e 12º mês (tempo máximo de seguimento para todos os pacientes). Dos 15 olhos, 9 foram submetidos no mesmo tempo cirúrgico a facoemulsificação de catarata. Resultados: Aos 12 meses de follow-up, 67% dos olhos apresentavam MAVC superior ou igual a 0.8 e 25% igual a 1.0. A perda endotelial média foi de 34% (comparada com os valores prévios medidos no banco de olhos). Redução média da paquimetria central de 26%. A complicação mais frequente foi o descolamento parcial da membrana de Descemet, com necessidade de re-injeção de ar em 4 casos. Três casos desenvolveram falência endotelial, tendo sido posteriormente submetidos a DSAEK (Descemet-stripping automated endothelial keratoplasty). Hipertensão ocular secundária aos corticoides foi observada em 2 olhos. Não foi verificado nenhum caso de rejeição. Conclusão: Esta técnica apresenta, de forma consistente, uma recuperação rápida com bons resultados visuais e refrativos, além de permitir o aproveitamento de uma córnea dadora para 2 transplantes (anterior e posterior). A taxa de complicações poderá refletir o início da curva de aprendizagem inerente à técnica, ainda superior a outras técnicas de transplantação endotelial.

Ano

2017

Creators

Vale, Ana Carolina Pereira do

Optical Coherence Tomography: a window to multiple sclerosis?

Abstract Introduction: Multiple sclerosis (MS) is an inflammatory immune-mediated demyelinating disease that frequently affects the central nervous system. Approximately 20% of patients have optic neuritis has the first manifestation of the disease. Its frequency, heterogeneity and absence of definitive treatment make it a therapeutic and diagnostic challenge for both the patient and the clinician. Material and methods: Retrospective study of 133 eyes of 87 patients, 38 patients with MS (Group 1), 9 patients with isolated optic neuritis (Group 2) and 40 healthy patients (Group 3) from the Neurophthalmology Department of Centro Hospitalar de Lisboa Central from January 2013 to August 2015. Patients were characterized according to gender, age, years of follow-up, best corrected visual acuity, presence of other ocular disorders and episodes of optic neuritis. Patients with other ocular pathologies were excluded. Optical coherence tomography (OCT Spectralis, Heidelberg Engineering) of the macular region was done in all patients, followed by automatic segmentation of the retinal layer. Statistical tests were made to calculate statistically significant results between different groups. Results: Of the 87 patients evaluated, the mean age in Group 1 was 41.55 compared to 36.88 in Group 2 and 44.73 in the control group. Mean age of diagnosis for patients with MS was 33.73 years with a mean follow up of 8.01 years, whereas patients with isolated optic neuritis had a mean age of diagnosis of 34.33 years, with a mean follow-up of 2.88 years. Best corrected visual acuity ranged from 0.2 to 1.0 in Group 1 and 0.5 to 1.0 in Group 2. In patients with previous episodes of optic neuritis isolated or associated with multiple sclerosis we observed a statistically significant (p<0.05) reduction of the average retinal thickness as well as a thinner retinal nerve fiber layer, ganglion cell layer and inner plexiform layer when compared to the control group. Conclusion: Thickness of the internal retinal layers was reduced (retinal nerve, ganglion cell and inner plexiform layer) in a statistically significant value (p<0.05) when compared to the control group.

Ano

2016

Creators

Proença, Rita Pinto

THE RESULTS OF A VISUAL HEALTH SCREENING IN LISBON – THE IMPORTANCE OF PRIMARY PREVENTION

Visual health problems are a major public health burden. Preventing avoidable visual impairment and blindness is a strategic objective of the national health program for 2011-2016. Population information, primary prevention and access to ophthalmological care are major aims of this program. The purpose of this project is to present the results of a visual health screening on the city of Lisbon. Retrospective analysis of the results of a visual health screening taken between September and November 2014. Each subject filled a questionnaire concerning demographic data, past medical history and past ophthalmologic history. Afterwards, an ophthalmological observation was undertaken, which included visual acuity (VA) evaluation and external eye observation. Referral for further ophthalmological evaluation was performed according to observation. General visual health information was provided. A total of 1955 subjects voluntarily participated in the screening. The majority were above 55 years of age, currently retired, with a low level of education. 13.2% stated that had never been evaluated by an ophthalmologist. Arterial Hypertension and Diabetes Mellitus were the most common systemic diseases. 78.2% of the subjects had a refractive error (RE) correction. Cataract, ocular trauma and glaucoma were the most frequent past ophthalmologic problems. One third of the cases had subnormal VA. 18% of the individuals who had no RE correction had a VA inferior to 20/40. 327 subjects were referred for ophthalmological evaluation. Visual health screening is a fundamental strategy to provide information to the population and an effective method to identify individuals at risk of severe visual impairment.

Ano

2016

Creators

Canastro, Mário

OCULAR DISEASE IN CHILDREN WITH TYPE 1 DIABETES

Specialized care provided to diabetic patients, in developed countries, has contributed to the reduced number of ocular complications in pediatric age. The effectiveness of annual eye examinations in this group is unclear. The authors intend to determine the prevalence and onset of ocular disease in this population and adapt the results to the dynamics of a tertiary center, based on a retrospective study of type 1 diabetes patients’ medical records registered and monitored in Pediatric Endocrinology Department of Centro Hospitalar de Lisboa Central, between January of 2008 and July of 2015. Demographic characteristics, underlying and ocular disease, referral and follow-up of these patients in the Pediatric Ophthalmology Department were evaluated. Medical records of 304 patients with type 1 diabetes were analyzed. 110 patients referred to Ophthalmology Department had been included in the study. The mean age was 13.2 years (4-20 years), 57 were male and 53 female. Type 1 diabetes was diagnosed at 7.5 years on average (0.75-13 years) and mean disease duration was 6.0 years (1-14 years). The average of the last hemoglobin A1c value was 8.6% (4.9-14.4%). The first eye exam was performed at 9.4 years on average (2-19 years), in 55 cases the patients had less than 10 years and, of those, 29 were referred in the first year after diagnosis (mean duration diabetes of 2.0 years; 0-7 years). Regarding the 55 patients older than 9 years, 27 were referred in the first year after diagnosis (mean duration of diabetes 2.3 years, 0-9 years). In 54 patients ophthalmological exam was repeated after 1 year, 15 after 2 years, 1 after 3 years and 1 after 5 years. No diabetic retinopathy cases were found. 28 astigmatism, 12 hyperopia, 16 myopia, 5 strabismus, 2 blepharoptosis and 1 polar cataract were diagnosed. International Society for Pediatric and Adolescent Diabetes recommend ophthalmological initial screening 2 years after the diagnosis of type 1 diabetes, in patients above 10 years, and 5 years after, if lower ages. American Academy of Ophthalmology 2014 guidelines recommend that the first eye examination should begin 5 years after the diagnosis and repeated annually. A previous study conducted at Hospital Dona Estefânia, between 1999 and 2000, by Rodrigues P et al has described a low incidence of ocular lesions (6.4%) in the studied population, being in agreement with our results. Recent published studies are also consistent and demonstrate that the rare incidence of ocular complications of diabetes until puberty can justify new guidelines in the coming years.

Ano

2017

Creators

Basílio, Ana Luísa

Análise das camadas retinianas em doentes com lesão isquémica da artéria cerebral posterior unilateral: Um estudo de tomografia de coerência óptica

Introdução:  A degeneração transneuronal retrógrada (DTR) das células ganglionares tem sido implicada na fisiopatologia de lesões na via visual posterior. Apesar de estarem descritas alterações nas camadas mais externas da retina na patologia do nervo óptico, esta relação com lesões a nível occipital permanece desconhecida.  O objectivo do presente estudo é a avaliação das camadas nuclear interna (CNi), plexiforme externa (CPe), nuclear externa (CNe) e dos fotoreceptores (CFo) em doentes com lesões isquémicas da artéria cerebral posterior (ACP) com tomografia de coerência óptica (OCT). Métodos: Estudo transversal observacional, caso-controlo de doentes com hemianópsia homónima decorrente de lesão unilateral isquémica da ACP seguidos no departamento de Neuroftalmologia do Centro Hospitalar de Lisboa Central. Todos os doentes realizaram OCT macular em ambos os olhos. Após segmentação automática das diferentes camadas, foram obtidos os valores de espessuras correspondentes às regiões nasal e temporal entre 1 a 3mm (N1-3 e T1-3) e entre 3 e 6 mm (N3-6 e T3-6) centradas na fóvea. Não se verificaram diferenças estatisticamente significativas no grupo controle Resultados:  Dez doentes com lesão da PCA e um grupo de controlo pareado para o sexo e idade foram incluidos no estudo. Quando comparados ambos os olhos do mesmo doente, verificou-se um aumento da espessura da CNi em N3-6 (p=0,005) do olho ipsilateral e em T3-6  (p=0,011) no olho contralateral, assim como da CPe em N3-6 (p=0,034) do olho ipsilateral. Conclusão: Além da já documentada associação entre lesões isquémicas occipitais e as alterações nas camadas internas da retina, podemos ainda observar algumas  alterações nas camadas retinianas mais externas.  É  possível que a DTR no sistema visual seja um processo que não se esgota nas células ganglionares, afectando camadas mais externas da retina.

Ano

2016

Creators

Anjos, Rita Serrano

Cirurgia da Órbita

Objectivos: Rever a cirurgia da órbita, nomeadamente as diversas técnicas de abordagem, suas indicações e potenciais complicações. Métodos: Revisão da literatura. Resultados: Ao longo do artigo, são abordados os diversos espaços cirúrgicos da órbita, os vários tipos de orbitotomia (ântero-superior, ântero-inferior, ântero-medial, ântero-lateral, lateral e transcraniana), e ainda as cirurgias de evisceração, enucleação e exenteração. Conclusões: Apesar de ser um espaço relativamente pequeno e completamente delimitado por paredes ósseas excepto na sua face anterior, a órbita pode ser abordada cirurgicamente por múltiplas vias, cada uma das quais tem vantagens e desvantagens. A selecção da via de abordagem cirúrgica depende das características da lesão (natureza, tamanho e localização), bem como da preferência do cirurgião, embora haja tendência para favorecer cada vez mais as abordagens anteriores, menos invasivas.

Ano

2015

Creators

Leal, Vítor Pedrosa, Ana Catarina Falcão-Reis, Fernando