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A Europa em Portugal: uma cartografia das distâncias

<p>Fronte de terra debruçada sobre o oceano, Portugal está, para além dos mapas, simbolicamente incrustado entre dois mundos, fazendo dessa vertigem – e equilíbrio – boa parte da sua história. A agudeza da polarização entre a matriz europeia e a vocação imperial emerge do debate de ideias desde a segunda metade do século XIX e permanece hoje como tematização privilegiada da autodefinição nacional. Deste modo, importa procurar conhecer a dimensão europeia da identidade portuguesa, procurando compreender como, no último século, Portugal se posicionou face à Europa e que sentido tem a ideia de Europa para os portugueses. Dito de outro modo, como se identificam os portugueses com a Europa e com que Europa se identificam. Hoje, mais de vinte anos após a adesão à Comunidade Europeia, a pertença europeia é plenamente assumida, ainda que se possa dizer tratar-se de uma aceitação tácita e funcional da europeização de Portugal. Ou seja, mantemos com a Europa uma relação ambivalente, que espelha a própria fluidez identitária que caracteriza a modernidade tardia.</p>

Europa y la identidad nacional portuguesa

<p>El proyecto de la Unión Europea está atravesado por dos lógicas de identidad en tensión que reflejan maneras distintas de interpretar su lema: “unidad en la diversidad”. Por una parte, está la lógica de la civilización europea, el proyecto progresista de construir una sociedad que se quiere mejor, más libre y más segura; que deje atrás las guerras civiles europeas, desarrollando unos rasgos característicos europeos: el individualismo, la economía de mercado y la democracia. Pero junto a esta visión de una única civilización europea está la visión opuesta de Europa como un mosaico de culturas orgánicas unidas para preservar su diversidad. Aquí la unidad es subsidiaria al fin principal de preservar identidades y culturas heredadas. La lógica de la civilización es la del cambio cultural; la lógica de la cultura, la de la preservación de un legado que se valora de una forma positiva. Ahora bien, ambas de alguna manera se necesitan. La lógica de la civilización precisa de una identidad europea más firme y más densa congruente con su proyecto integrador, algo para lo que el proyecto de una ciudadanía europea parece no bastar. La lógica de la cultura, por su parte, ha de dejar sitio a su pesar al individualismo, al mercado y a la democracia como medios con los que generar los recursos que permitan la protección de la cultura en un mundo globalizado. En mi comunicación quiero mostrar el significado más preciso de estas lógicas en el proyecto europeo y la raíz común que mantienen ambas. Pero además quiero mostrar de qué manera afectan a la identidad nacional portuguesa. Esto es, si la transforman en el sentido de la civilización; o si movilizan la resistencia frente al cambio en el sentido de la protección de la cultura.</p>

Das realidades quantificáveis às percepções. Imigração e Segurança em Portugal

<p>À semelhança do que sucede na Europa demograficamente envelhecida, também em Portugal o impacto dos fluxos migratórios se torna difícil de prever, a médio e longo prazo. Historicamente um país de emigrantes, Portugal tornou-se atractivo a partir de 1993. No entanto, existem perfis migratórios diferenciados em termos regionais, resultado de formas e direcções variadas de desenvolvimento económico e social, os quais geram desafios, riscos e oportunidades também diversas. Num tempo de mudança parece-nos pertinente avaliar a relação que no contexto das dinâmicas migratórias se estabelece entre factos quantificáveis (volumes, tipologias, comunidades) e as percepções de (in)segurança que as mesmas podem gerar.</p>

A etno-epo-história e os mitos fundacionais da nação – “Viriato” de Teófilo Braga

<p>A “narrativa epo-histórica” sobre Viriato, escrita por Teófilo Braga em 1904, sugere uma reflexão sobre os mitos fundacionais da Nação e o seu enraizamento no imaginário colectivo, como representação da “alma portuguesa”, que visa explicar numa perspectiva amplamente cultural a antiguidade da nacionalidade através da evocação da raça, da história, da tradição, da língua. Inclui-se este texto no labor de escavação/revitalização dos mitos nacionais – impulsionado pelos estudos históricos, etnográficos, mas também pela “reconstrução poética” – levado a cabo pelas elites intelectuais de Oitocentos, motivando essa convocação do passado a legitimação de interesses do presente.</p>

Identidade nacional Portuguesa no século XX – Representações oriundas de Portugal e do Brasil

<p>Este trabalho debruça-se sobre algumas das representações mais influentes da identidade nacional portuguesa no século XX, que se devem, entre outros, a figuras importantes do campo intelectual português e brasileiro como Jorge Dias, Mendes Correia, Gilberto Freyre ou Sérgio Buarque de Hollanda. Procura-se mostrar, por um lado, que a preocupação com a caracterização da identidade nacional portuguesa, um facto relevante tanto em Portugal como na sua antiga colónia, implica a circulação de discursos e de imagens da identidade entre intelectuais de ambos os países; e, por outro, que ela se insere em contextos políticos e culturais, que não se restringem aos espaços nacionais português e brasileiro, que constituem os seus referentes.</p>

Amoras bravas no Verão: o país de Eugénio de Andrade

<p>Este artigo propõe uma leitura da poesia de Eugénio de Andrade (1923-2005), como elaboração criativa sobre questões de identidade. E, em particular, procura caracterizar a relação entre o poeta e o seu país. Põe, assim, em relevo uma dupla afinidade. Afinidade da poesia solar com a experiência vivida ao rés-do-chão, rente à terra e ao território, das portuguesas e dos seus filhos. E afinidade da poesia consigo própria, com a opção radical pela expressão mais lapidar, e por aí afinidade formal com essoutros trabalhos de transformação de simples matérias disponíveis em obra sua e comunicável para uso de outrem, esses trabalhos que qualificam os camponeses, os artesãos e as lides caseiras. A poesia não é, pois, um derivado, para o poeta, um efeito ou uma aplicação da representação da pátria; a pátria é que é um efeito da poesia: uma criação da palavra poética. A palavra poética é a mais forte e mais constante ligação de Eugénio de Andrade ao seu país.</p>

A reprodução quotidiana dos mitos nacionais: o caso de Nuno Álvares Pereira

<p>A figura de Nuno Álvares Pereira, um dos heróis medievais da nação portuguesa, foi recentemente recuperada e as suas características reproduzidas e reavaliadas como modelares por alguns sectores da sociedade portuguesa. A canonização forneceu o pretexto para uma (re)introdução discursiva do mito e da identidade nacional no quotidiano dos portugueses. Neste artigo proponho-me, por um lado, avaliar a importância do mito na memória colectiva enquanto parte da construção nacional, e por outro detectar as várias formas como o mito é reproduzido e reciclado para a contemporaneidade, concentrando-nos para tal na análise dos vários contextos em que esse processo teve lugar. Esta abordagem implica conciliar teoricamente duas perspectivas que são, em princípio, não só diferentes mas até antagónicas: o etnosimbolismo e a sua concepção da nação como “uma comunidade sagrada”, cujas raízes étnicas são pré-modernas; e o nacionalismo banal, perspectiva claramente secular e materialista. Vamos recuperar a importância do mito na construção nacional e o elemento “quotidiano” que se detecta na apropriação colectiva e reprodução do mesmo.</p>

História da População Portuguesa

<p>A presente obra propõe-se contribuir para um melhor conhecimento das grandes tendências que definem a história da população de Portugal, numa perspectiva integrada, que concilie informação de carácter quantitativo e qualitativo, uma vez que ainda não existia em Portugal uma obra dedicada às dinâmicas da população e do comportamento colectivo que conciliasse a perspectiva histórica de longa duração com a leitura específica da Demografia Histórica e da Análise Demográfica, sem descurar o rigor científico, e de fácil leitura, de modo a atingir um público vasto, não forçosamente especializado. A História da População Portuguesa funciona, assim, como obra de consulta para aqueles que em diferentes áreas do saber e para épocas cronologicamente diferenciadas necessitam utilizar informações concretas sobre o fator humano, sem desejarem empreender uma pesquisa específica e morosa.</p>

Year

2012

Creators

Teresa Rodrigues Maria João Guardado Moreira Filipa de Castro Henriques João Silva de Sousa

A Companhia e as Relações Económicas de Portugal com o Brasil, a Inglaterra e a Rússia

<p>O CEPESE, em parceria com a Real Companhia Velha, a propósito das comemorações dos 250 anos da Companhia, realizou em 2006 dois Seminários, em Vila Nova de Gaia e no Rio de Janeiro, que  permitiram reunir três dezenas de investigadores que se têm debruçado sobre a história daquela que é a mais antiga empresa portuguesa, bem como do Alto Douro e das relações comerciais de Portugal com o Brasil, e cujos trabalhos são publicados obra.</p>

Year

2012

Creators

António Barros Cardoso António Jucá de Sampaio António Mourato Carlos Gabriel Guimarães Maria da Conceição Meireles Pereira Diogo Ferreira Fernando de Sousa Fernando Novais Francisco Calazans Falcon José Francisco Queiroz Francisco Ribeiro da Silva Francisco Vieira Gaspar Martins Pereira Isabel Gomes de Oliveira João Mendonça Joaquim Jaime Barros Ferreira-Alves Júnia Ferreira Furtado Maria José Ferraria Mariza de Carvalho Soares Paula Barros Paulo Amorim Ricardo Rocha Valentim Alexandre

Legislação sobre emigração para o brasil na Monarquia Constitucional

<p>É, obviamente, na centúria de Oitocentos que se assiste à multiplicação do labor legislativo em torno da magna questão emigratória, labor cuja precocidade é, todavia, assinalável, pois apesar de se constatar a necessária e inevitável mobilidade de pessoas no império português, essa circulação nunca foi livre já que o Estado, desde cedo, tentou superintender a difícil conciliação da colonização e a permanência dos reinóis.</p>

Triângulo imigrantista: o caso Hessels-Carrière e a reemigração de portugueses do Brasil para a Venezuela e as antilhas holandesas

<p>A deflagração da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) marcou o panorama dos deslocamentos populacionais destinados ao Brasil. Condizentes com o espírito da época, as leis que normatizavam a imigração guiaram-se pelo restricionismo e pela seleção dos candidatos ao visto de entrada no país, de acordo com a origem nacional e étnica, profissão, condições de saúde e perfil ideológico. Nesse quadro legal de imposição de limites ao afluxo de estrangeiros, a política do Estado Novo de Getúlio Vargas (1937-1945 ) estabeleceu situação peculiar para os portugueses, habilitando privilégios que os distinguiram em dois sentidos: os lusos foram deixados de fora da legislação brasileira restritiva à admissão de novos imigrantes, ao mesmo tempo em que se buscou incrementar a sua imigração, "por todos os motivos a mais aconselhável para o Brasil", 1 nas palavras do presidente do Conselho de Imigração e Colonização ( CIC), Frederico de Castelo Branco Clark, direcionadas ao ministro das Relações Exteriores Oswaldo Aranha.</p>

A hospedaria central: a ilha das Flores como a ante-sala do paraíso

<p>A Ilha das Flores, no litoral da baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, consagrou- se como uma arena de isolamentos, prisões e quarentenas, existindo tanto a hospedaria para imigrantes em quarentena epidemiológica, como cárceres militares para presos políticos em 1922 (lá estiveram os revoltosos do Levante do Forte de Copacabana, como os tenentistas Cordeiro de Faria e Juarez Távora), 1930, 1935, 1942 (após o governo Vargas ter rompido relações com a Alemanha e a Itália, são instalados "campos de concentração" para "estrangeiros perigosos") e no pós- 1964.</p>

A emigração portuguesa para o estado de São Paulo através dos livros de passaportes do governo civil do porto (1880-1893): percursos de uma diáspora

<p>O presente 'estudo constitui o desenvolvimento natural do projecto iniciado há cerca de três anos, quando integrámos a equipa do Cepese que se propôs fazer o levantamento dos registos de passaportes do Governo Civil do Porto, existente no Arquivo Distrital do Porto.</p>

Um exercício de cruzamento de fontes: identificação de uma família emigrante do, concelho de Guimarães (1903-1913)

<p>No âmbito do Curso de Mestrado em História das Populações, concluído em 1 997, na Universidade do Minho, decidimos dirigir a nossa investigação para o estudo da emigração portuguesa para o Brasil, não sob o ponto de vista quantitativo ou de análise macroscópica do fenómeno, mas numa perspectiva de microanálise demográfica que, através do cruzamento de fontes demográficas e fontes de emigração, permitisse a identificação completa do indivíduo emigrante e do seu contexto familiar e elaborar um quadro sucessivamente enriquecido do fenómeno emigratório e dos seus agentes.</p>

Barradas de carvalho nas lentes da pide

<p>Com 22 anos de idade, em 1942, Joaquim Barradas de Carvalho assina a ficha de adesão ao Partido Comunista Português, incumbindo-se da logística, extremamente complexa é perigosa, de organizar a distribuição do jornal Avante, impresso nas tipografias clandestinas do partido. Mas é somente em 13 de agosto de 1952, dez anos após, que a Pide (Polícia Internacional e de Defesa do Estado) registra em seus boletins de ocorrência á primeira informação sobre seu caráter e desempenho político, afirmando que "moral e politicamente nada se apurou em seu desabono", ressalvando, apenas, em anotação datada de 2 de setembro do mesmo ano, que Barradas "assinou as listas do MUD em 1945", fato revelador da capacidade dos militantes do partido em desenvolver sigilosamente suas atividades, bem como de uma relativa inépcia do aparelho repressor, que se revela menos competente do que, a priori, se poderia imaginar.</p>

Políticas e polícias autoritárias , tanto lá como cá

<p>Os estudos sobre e/imigração, seja do ponto de vista em que são tomados ou da metodologia em que se baseiam, merecem especial atenção.</p> <p>Os referidos estudos constituem um tema ímpar nestes dias em que a comunidade dos historiadores parece trabalhar tão dedicadamente em assuntos de interesse individual, personalista, e nos quais as divisões internas valem mais do que o trabalho coletivo. O fenômeno da e/imigração estorva esta lógica de objetos micros, facetados, subjetivados ao extremo, lógica esta que teima em se apresentar renitente. Ou melhor, os reúnem sob um tema central.</p>

Os portugueses no Brasil durante a segunda guerra mundial – a questão da nacionalidade e a naturalização obrigatória

<p>Com as medidas nacionalistas restritivas adotadas desde 1930 pelo governo revolucionário brasileiro (entrada e permanência de estrangeiros e limitação do acesso dos estrangeiros ao trabalho, ao capital e à propriedade), o Brasil procurava não só resolver o problema do desemprego dos seus cidadãos (preteridos por trabalhadores estrangeiros em muitas áreas), mas também iniciar um processo que reforçasse a identidade nacional brasileira; isto é, dotar o aparelho económico/financeiro de uma prevalência nacional, tentando retirar do domínio estrangeiro áreas tão importantes para o crescimento do país como a banca' e a indústria e, desse modo, diminuir a dependência de influências externas na definição dos rumos político-económicos da nação, construindo de forma inversa uma consciência e identidade nacional.</p>

Imigrantes portugueses e o artigo 399

<p>Macaé, 29 de março de 1910. Um pescador português chega à janela de sua casa, situada à praça Visconde do Rio Branco 22, e dirige à rua "pesados insultos" em alta voz, no momento em que passavam por ali quatro policiais. Segundo inquérito realizado pelo delegado de Macaé e enviado ao chefe de polícia, os policiais se dirigiram indignados à casa do pescador para "tomar satisfações", o que significou, segundo denúncia escrita do visconde de Salgado, vice- cônsul de Portugal, ao presidente do estado do Rio de Janeiro, o espancamento de vários pescadores portugueses ali residentes. A denúncia do vice- cônsul registrava que, ao invés de quatro, foram vinte os policiais que participaram do a to, dos quais oito teriam ficado feridos.</p>

Moncorvo. Da Tradição à Modernidade

<p>Com este trabalho pretende-se dar um contributo para um melhor conhecimento da história de Moncorvo e refletir quanto à definição de um projeto de afirmação cultural de Moncorvo no contexto de Trás-os-Montes e mesmo a nível nacional que tenha em conta as potencialidades, autenticidade e identidade deste velho burgo, contando para o efeito com a colaboração de historiadores de arte, do património industrial e da história contemporânea, professores universitários ligados ao estudo do minério do ferro e especialistas do desenvolvimento regional, nacionais e estrangeiros.</p>

Year

2012

Creators

Fernando de Sousa José Marques Maria da Conceição Salgado Adília Fernandes Adriano Vasco Rodrigues Maria da Assunção Carqueja Virgílio Tavares José Amado Mendes Natália Marinho Ferreira-Alves Luís Alexandre Rodrigues Agostinho Cordeiro Manuel Lemos de Sousa Horácio Maia e Costa Jorge Custódio Otília Lage João Mendonça Francisco Lourenço Vaz David Justino Diogo Ferreira Fátima Farrica Paula Barros Ricardo Rocha Sílvia Braga

Moncorvo. Uma reflexão em torno da sua identidade e da sua afirmação no futuro

<p>O percurso histórico-cultural de Moncorvo confere-lhe autenticidade e possibilita o seu reconhecimento como uma entidade à parte. Assim sendo, parece-nos que a definição de uma estratégia de afirmação e valorização cultural de Moncorvo no contexto regional, nacional e transfronteiriço, que procure ligar a identidade e a modernidade, o passado com o presente e o futuro, passa pela criação de um Centro de Estudos do Ferro em Moncorvo, uma instituição de referência a partir da qual seja possível desenvolver toda uma actividade cultural que dinamize não só o município, mas toda a região do Douro Superior, de que Moncorvo constitui o principal centro de serviços.</p>