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Pelo pão e pela liberdade. Imigrantes, padeiros e experiências políticas em São Paulo (1870-1945)

<p>Este artigo pretende ser uma contribuição para o estudo das experiências&nbsp;cotidianas de imigrantes na cidade de São Paulo, no período entre 1870 e<br /> 1945. A análise procurará recuperar a teia de relações cotidianas na sua dimensão&nbsp;da experiência no mundo dos negócios e do trabalho, recobrando as atividades&nbsp;de produção e comercialização do pão, observando a trama das conexões e&nbsp;tensões que se estabeleciam entre proprietários e trabalhadores nas padarias, na&nbsp;sua maioria de origem portuguesa. Privilegiando a documentação do DEOPS&nbsp;(Departamento Estadual de Ordem Política e social), particularmente os prontuários,&nbsp;a proposta recupera enfrentamentos, formas de resistência, luta e greves&nbsp;que atingiram o setor da panificação.</p>

A atuação dos imigrantes portugueses nos movimentos sociais, como fonte de garantia e alargamento de direitos

<p>Este artigo tem o intuito de analisar a participação dos imigrantes portugueses&nbsp;ao longo do processo de constituição da cidadania no Brasil, enfocando,<br /> principalmente, a sua actuação na Primeira República brasileira (1890-1930). A&nbsp;cidadania é vista aqui como um processo e não limitada aos canais formais de&nbsp;participação política, mas comporta um feixe de manifestações e pressões sociais&nbsp;exercidas pelos indivíduos, associações, colectividades ou grupos sociais na defesa&nbsp;de seus interesses. Os imigrantes portugueses procuraram exercer seus direitos e&nbsp;tê-los garantidos pelo Estado recorrendo ao Judiciário, bem como faziam-no na&nbsp;prática, participando nos movimentos sociais. As aspirações e lutas dos imigrantes&nbsp;devem ser entendidas dentro do contexto do trabalho urbano, que envolvia&nbsp;constantes disputas entre eles e os homens “de cor”.</p>

Globalização cultural: a música popular brasileira

<p>O processo de globalização, intensificado nos séculos XX e XXI, atingiu os&nbsp;mais variados sectores (política, economia, militar, informação, etc.) tanto<br /> nacional quanto internacionalmente. Não obstante, a cultura foi um deles.&nbsp;Assim, o presente artigo argumenta que a globalização cultural é um factor de&nbsp;extrema importância para a solidificação de uma determinada identidade nacional&nbsp;e que, ao mesmo tempo, pode ser compreendido como fonte de homogeneização&nbsp;e diversificação cultural. Deste modo, apresenta-se o estudo de caso da Música&nbsp;Popular Brasileira (MPB) e suas características que representam a(s) identidade(s) de um povo, uma trajectória que muitas vezes se confunde com a própria&nbsp;história do Brasil.</p>

Olhares sobre o Mercúrio Português (1663-1667)

<p>Sucessor do primeiro periódico português, conhecido como <em>Gazeta da Restauração </em>(1641-1647/1648), surgiu, na mesma linha de expressão, o <em>Mercúrio Português</em> (1663-1667), sob a orientação de D. António de Sousa de Macedo. Elaborado segundo os moldes editoriais da primeira <em>Gazeta </em>portuguesa, o <em>Mercúrio Português</em> representa a expressão política nacional no contexto dos últimos anos da Guerra da Restauração, tornando-se um instrumento amplamente politizado e um excelente órgão de notícias, pelo que se apresenta como uma fonte de informação histórica de elevada importância para este período.</p> <p><strong>Nota:</strong><span style="background-color: #ececec; font-size: 12.8000001907349px;"> </span><em>Por questões de direitos de publicação, apenas disponiblizamos as primeiras páginas da obra, que pode ser adquirida em livrarias ou consultada na Biblioteca do CEPESE.</em></p>

Nas Duas Margens. Os Portugueses no Brasil

<p>Os trinta textos publicados nesta obra, da autoria de especialistas portugueses, brasileiros e espanhóis que se têm centrado, nas suas investigações, sobre o complexo fenómeno da emigração/imigração para o Brasil, através do levantamento e análise dos fundos documentais disponíveis num e no outro lado do Oceano, suscitam novos dados e achegas sobre a questão da emigração/imigração para o Brasil, contribuindo, desta forma, para o alargamento do conhecimento nas suas múltiplas vertentes, desde a identificação das fontes à análise quantitativa e qualitativa da informação.</p>

Year

2012

Creators

Fernando de Sousa Maria José Ferraria Ismênia de Lima Martins Jorge Carvalho Arroteia José Jobson Arruda Gladys Sabina Ribeiro Maria Apparecida Franco Pereira Suzel Frutuoso Alexandre Hecker Adelina Piloto António Monteiro dos Santos † Fernanda Paula Maia Maria de Nazaré Sarges Maria da Graça Martins Yvone Dias Avelino Lená Medeiros de Menezes Vitor Fonseca Maria Izilda Matos Sênia Bastos Maria da Conceição Meireles Pereira Paula Santos Isilda Monteiro Susana Serpa Silva Ricardo Rocha Diogo Ferreira Paulo Amorim Maria Ortelinda Gonçalves António José de Oliveira Celeste Castro Alda Neto Cristina Donza Cancela Juan Andrés Blanco Rodríguez Carmen Sarmento Manuel de Sampayo Azevedo Graça João Cosme Adília Fernandes Odete Paiva Sílvia Braga

A emigração portuguesa para o Brasil e as oigens da Agência Abreu (1840)

<p>A emigração portuguesa para o Brasil, no século XIX, só pode ser entendida como a continuação de um processo multissecular iniciado no século XVI e que, ao longo do tempo, com altos e baixos, se prolongou até praticamente aos nossos dias. Quer sob a forma de colonização/ emigração durante o Império Português (1500-1822), quer sob a forma de emigração propriamente dita a partir da independência do Brasil (1822), exigindo sempre, de 1709 em diante, a emissão de um passaporte para quem pretendesse ausentar-se de Portugal para aquele território, esta longa emigração iludiu as leis da proibição ou restrição de cá e de lá, e ignorou as mudanças dos regimes políticos que ocorreram em cada um dos países nos últimos dois séculos.</p> <p>Estas breves considerações vêm a propósito do percurso de um português que cedo emigrou para o Brasil e regressou a Portugal como outros tantos brasileiros para fundar, no Porto, em 1840, a Agência Abreu, a mais antiga empresa de viagens portuguesa, uma das mais antigas do mundo, e que, nas mãos da mesma família, veio até aos nossos dias. Importa, assim, caracterizar a emigração portuguesa para o Brasil entre 1836-1843, traçar o perfil do seu fundador Bernardo Luís Vieira de Abreu e explicar as razões que estão na origem da Agência Abreu, a qual, durante largas décadas, teve na emigração transoceânica a sua principal actividade.</p>

A movimentação de portugueses no Brasil: 1808 a 1842. A Base Lusa do Arquivo Nacional

<p>O trabalho que agora se publica, apresenta a base de dados montada para comportar os dados originalmente extraídos do fundo da polícia da Corte, 1808-1842, existente no Arquivo Nacional. Comportando 63 189 registos, o instrumento terá abrangência sobre 96 volumes de livros de registos produzidos pela Polícia da Corte para controlo da movimentação de estrangeiros, tanto em deslocamentos para o interior quanto para o exterior do país. A estrutura básica dos dados incluídos compreende: nome e sobrenome, naturalidade, idade, características físicas, estado civil, ocupação/profissão, moradia, local de trabalho, data de chegada, procedência, tipo de embarcação, nacionalidade da embarcação, nome da embarcação, comandante, razão da vinda, destino, data do registo, observações e notação. Finalmente, serão apontadas as possibilidades deste instrumento de pesquisa, que se encontra disponibilizado on-line, resultado do Convénio CEPESE/FAPERJ/Arquivo Nacional.</p>

Emigrantes e irmandades de origem portuguesa no Brasil: as Santas Casas de Misericórdia

<p>Criadas nos finais do século XV por acção da Rainha D. Leonor, a Irmandade da Confraria de N.ª S.ª da Misericórdia de Lisboa, cedo se espalhou por todo o território do reino, nas principais cidades e vilas, difundindo-se com o movimento dos Descobrimentos, a várias praças e cidades fundadas pelos portugueses. Assim acontece com o Brasil, sendo que, desde a chegada dos portugueses a este território até à data da sua independência, foram fundadas mais de uma dezena de irmandades em território brasileiro. Esta acção segue o modelo centralizador da administração portuguesa durante o período colonial, mas prossegue após a independência, respondendo a muitas solicitações assistenciais e outras, da população local e emigrante. Relacionar o movimento de criação das Santas Casas de Misericórdia com a emigração portuguesa no Brasil, constitui uma linha de pesquisa enriquecedora, a qual beneficia do levantamento orientado pela Prof.ª Doutora Yara Aun Khoury (2004), da PUC-SP, no âmbito das celebrações dos 500 anos do Brasil.</p>

Migrações sociais, transmigrações políticas e receptividade imigracional

<p>O objetivo central deste texto é estabelecer uma forte relação entre as dimensões políticas e os processos migratórios. No caso específico, trata-se de focar a transmigração da família real portuguesa para o Brasil, onde esteve pelo período de 13 anos, e o estabelecimento de condições favoráveis para o desenvolvimento da imigração portuguesa no Brasil durante o século XIX, na medida em que representou uma continuação do regime político (Império) e, sobretudo, uma continuação dinástica (Braganças), elementos que, certamente, tornaram acolhedor o território brasileiro para aqueles portugueses que se dispuseram a emigrar.</p>

Portugueses e a luta pelo alargamento de direitos e pela cidadania no final do século XIX e início do século XX

Pretende-se analisar a participação dos imigrantes portugueses nos movimentos sociais de finais do século XIX e inícios do XX, em busca de uma igualdade democrática através da inserção na sociedade brasileira. Nossa perspectiva é a de que a cidadania não se remete apenas aos direitos políticos, mas tem dimensões relativas aos direitos sociais e direitos humanos ao se travar uma luta pela equidade social. Nesse sentido, as liberdades, como as de associação, de livre exercício profissional e de expressão, assumiriam sentido específico tendo no Judiciário um importante um canal de expressão. Estas demandas teriam significado especial em momento de pretensa igualdade democrática, como no primeiro período republicano, que, contudo, demonstrou-se ocasião de excepção política constante com estados de sítio decretados justamente em função do alegado perigo à ordem, consubstanciado pelo intenso movimento social. Portanto, ao analisar a participação dos portugueses nos movimentos sociais e o recurso à Justiça pretendemos avançar nas reflexões sobre a necessidade de alargarmos o conceito de cidadania, ultrapassando a sua divisão em direitos políticos, civis e sociais. Pretendemos reforçar a ideia que a cidadania deve apontar na direcção das identidades construídas no movimento social e o seu entendimento deve mapear as expectativas de vivências das liberdades dentro de uma sociedade democrática. A luta política pode ser entendida como forma de alargamento de direitos, onde o indivíduo nem é cooptado pelo Estado nem meramente aceita ou reivindica a concessão de direitos.

Os trabalhadores portugueses na cidade portuária de Santos, no final do século XIX

<p>O presente estudo pretende conhecer os trabalhadores portugueses imigrados para a cidade portuária de Santos, que passava por intensa transformação, sobretudo pela grande exportação de café, que impulsionava a modernização do porto e buscava superar as inúmeras epidemias que sacrificavam a população. Os portugueses formaram a principal corrente imigratória estrangeira na região das últimas décadas do século XIX a meados do século XX. Visou-se, neste primeiro momento, o levantamento dos trabalhadores das principais instituições da cidade, tais como a Empresa Melhoramentos do Porto de Santos (depois Cia. Docas de Santos); da Cia. City (concessionária dos transportes coletivos) e dos hospitais da Santa Casa de Misericórdia de Santos (o primeiro do Brasil) e de Hospital Santo Antônio, da Sociedade de Beneficência Portuguesa. A intenção foi traçar um perfil dos mesmos, procurando saber quem eram, de que regiões são oriundos, seu grau de instrução, suas relações com os espaços de trabalho, seus principais problemas (multas, demissões, internações), como a grande rotatividade do trabalho e a fuga das epidemias. Um estudo crítico das fontes e do potencial das mesmas também se fez necessário, a fim de melhor compreender a presença desses trabalhadores no meio santista e sua relação com a cidade.Um dos principais problemas para o pesquisador são as falhas de dados contínuos nas fontes e as lacunas de informação, nos livros de registro funcional e nos de resumo de freqüência (livro do ponto).</p>

A repressão aos imigrantes portugueses em São Paulo: os subversivos e os outros

<p>Neste artigo pretende-se, por meio da documentação reunida pela polícia política paulista, interpretar alguns dos sucessos relativos à história política da imigração portuguesa, justamente no período em que sua presença nas transformações sociais brasileiras tornava-se fundamental: dos anos 1920, até o momento da instalação do governo varguista do Estado Novo (1937).</p>

Vilacondenses na fundação e engrandecimento do Real Hospital Português de Pernambuco

<p>Em meados do século XIX uma mortífera epidemia de cholera-morbus assolou o Brasil, martirizando de forma particularmente dramática o Estado de Pernambuco. Face a essa terrível realidade que chegava a ceifar mais de cem vidas diárias em todo o país, a comunidade portuguesa liderada pelo Dr. José de Almeida Soares Lima Basto decidiu fundar em 1855, o Real Hospital de Beneficência no Recife, para tratar gratuitamente as vítimas da moléstia. Desde a sua fundação, e ao longo dos mais de 150 anos de existência, muitos naturais de Vila do Conde, à semelhança de outros portugueses solidários e altruístas, têm concedido generosos donativos e desempenhado cargos da mais alta responsabilidade nessa instituição.</p>

Imigração portuguesa, casamento e riqueza em Belém (1870-1920)

<p>Neste artigo, analiso a imigração portuguesa para Belém durante os anos de 1870 a 1920, período de desenvolvimento e crise da economia da borracha. Observo o perfil dessa imigração quanto ao gênero, a origem e a atividade exercida, destacando os motivos do deslocamento, os arranjos necessários para que ele ocorresse, a presença feminina e as cartas trocadas pelos casais. Investigo ainda as alianças matrimoniais e familiares e a inclusão dos comerciantes portugueses junto às famílias proprietárias de terra e gado da elite local.</p>

Os “brasileiros” de torna-viagem e as relações Portugal Brasil na década de 1930 – estudo de caso

<p>Com fortes raízes na região Noroeste do continente português que, desde o século XVII, viu muita da sua população excedente cruzar o Atlântico em demanda do Brasil, seria, no entanto, apenas no século XIX que a emigração para o território americano registaria um volume quantitativo mais significativo, factor responsável e determinante para o debate que a partir de então suscitou. Embora inserida numa era de migração de massas que afectou toda a Europa, a emigração portuguesa para a antiga colónia americana, agora nação independente, não deixaria de ser vista, pelo Estado, como um fenómeno isolado, expressão sintomática de uma vivência patológica da sociedade portuguesa. Talvez assim se perceba melhor a tendência do discurso oficial para, pelo menos até à década de 1940, acentuar a noção de decadência na análise deste fenómeno. Ora, nesta comunicação, a partir de uma abordagem biográfica, pretende-se evidenciar o papel do emigrante português no Brasil (o conhecido brasileiro) enquanto protagonista no processo de desenvolvimento das relações Portugal-Brasil durante a década de 1930, ou seja, nos alvores do Estado Novo.</p>

Os Portugueses na cidade: trabalho e cotidiano (Belém – 1900)

<p>No início dos anos 1900 o estado do Pará recebeu um expressivo contingente de imigrantes portugueses. Alguns vinham com a passagem subvencionada e embarcados na maioria, pelo porto de Leixões. Sob o forte apelo da propaganda imigrantista do governo paraense, os portugueses chegando à cidade de Belém não demonstraram interesse em se fixar no campo, como determinavam os contratos de trabalho, visto que pouquíssimos eram lavradores. Na cidade exerceram várias atividades, desde vender peixes pelas ruas até carregar pianos ou lavar as casas de pessoas ricas, embora muitas vezes tenham se tornado donos de estabelecimentos comerciais. Também é evidente que desenvolveram estratégias de solidificação de uma certa identidade lusitana por meio de criação de associações como o Grêmio Literário Português ou de gazetas como O Luzitano, e A Colônia Portuguesa, entre outros. Mas é no universo do trabalho que eles irão desenvolver suas práticas cotidianas de resistência, de conciliação e de adaptação à nova terra e aos novos costumes.</p>

Emigración y asociacionismo español en Brasil

<p>Brasil es el tercer país americano que más inmigrantes españoles recibe, fundamentalmente en las dos últimas décadas del siglo XIX y tres primeras del XX. Como en Argentina o Cuba, los españoles llevarán a cabo en Brasil un amplio proceso asociacionista que comienza a mediados del XIX centrado en la beneficencia y la ayuda mutual y que va ampliando sus objetivos y servicios en la etapa de emigración en masa, incidiendo también en los recreativos y culturales. Será un asociacionismo generalmente étnico globalmente español, pero también están presentes las asociaciones regionales, fundamentalmente las constituidas por la colectividad más amplia, la gallega. La segunda ola inmigratoria tras la Segunda Guerra Mundial revitalizará esos espacios de sociabilidad que el corte de la corriente inmigratoria había debilitado y dará lugar a muchos otros que desde los años sesenta protagonizarán un proceso de fusión que trata de incrementar su reducida influencia en la colectividad española.</p>

Fontes para o estudo da emigração: o caso do nordeste transmontano (1901-1920)

<p>É objectivo deste artigo apresentar e comentar algumas das características das fontes estatísticas nacionais que serviram de base ao estudo da emigração do distrito de Bragança, nas duas primeiras décadas do século XX, dando especial destaque aos Livros de Registo de Passaportes, então sob a tutela do Governo Civil. Um outro conjunto de fontes históricas permitiu, ainda, a análise qualitativa do fenómeno emigratório transmontano, como os boletins de emigração e a imprensa regional, preciosos mananciais de informação sobre a temática e a vida deste distrito de interior fronteiriço que contribuiu com um forte contingente emigratório para ao Brasil.</p>

Heróis no mar, heróis na terra: Vila Madalena, um porto seguro

<p>O presente artigo é resultado parcial de uma pesquisa em andamento, que estuda um bairro da cidade de São Paulo, que passou por várias transformações através das décadas, sendo neste recorte nosso foco iluminador o processo da imigração portuguesa para este território. Muitos foram os intelectuais que se interessaram em narrar os acontecimentos que ocasionaram a transformação no bairro de Vila Madalena. Nenhum porém, salvo melhor juízo, se debruçou na temática da imigração portuguesa. Através da técnica da Documentação Oral, além de outras fontes utilizadas, traremos a visão desses imigrantes, que ajudaram a construir esta vila, outras vilas e esta cidade. Esse tema da imigração para o Continente Americano, especificamente o Brasil, pode ser abordado sobre o prisma de enfoques diversificados. É frutífero nesse universo analisálo de forma macro, buscando suas estruturas e razões do deslocamento na Europa. Não deixa de ser também importante adotar um enfoque mais micro, mais pontual, olhando e analisando a trajetória de famílias e suas localizações em diferentes regiões, que é o que nos propomos fazer na nossa pesquisa, e que agora, sintetizamos neste artigo. Nesta pequena reflexão, nossa intenção é lançar o foco iluminador sobre algumas famílias de imigrantes portugueses, que chegaram nos primeiros anos do século XX, numa seqüência até os anos 60, para a cidade de São Paulo, e que ajudaram a construir o bairro de Vila Madalena, onde se instalaram.</p>

A “onda” emigratória de 1912: dos números às trajetórias

<p>O artigo coloca em destaque a emigração portuguesa para o Brasil em 1912. Nessa perspectiva, discute a importância da proclamação da República em Portugal para a elevação dos números relativos à emigração, cotejando os números existentes em Portugal e no Brasil. Diversos métodos são utilizados para demonstrar como os fatores políticos ganharam destaque na conjuntura que enquadrou a mudança de regime em Portugal, enriquecendo o empurra-puxa (pullpush) com histórias de vida baseadas em processos de expulsão movidos contra anarquistas portugueses residentes no Brasil, emigrados entre 1911 e 1913.</p>