Repositório RCAAP
As origens da Santa Casa da Misericórdia de Vila Real
<p>A Misericórdia de Vila Real, como as suas congéneres de Bragança, Chaves e Freixo de Espada à Cinta, é de fundação manuelina. Conheceu um dos seus períodos mais prósperos no século XVI, quando a sua Igreja foi construída e nela foram instituídos os vínculos de capelas mais importantes da sua história. Contudo, só em finais do século XVIII é que a Misericórdia de Vila Real passou a dispor de um Hospital próprio.</p>
2015
Fernando de Sousa Paula Cardona
A Capela de Santa Ana de Vila Real
<p>Do património construído que faz parte da Misericórdia de Vila Real, encontra-se, a partir do primeiro quartel do século XX, a Capela de Santa Ana, edificada nos anos quarenta de Setecentos por vontade testamentária do Dr. Jerónimo Correia Botelho Guedes do Amaral, ouvidor geral do Rio das Mortes e da Paraíba do Norte, e que era natural de Vila Real. À capela estaria associada uma colegiada constituída por cinco sacerdotes. Desconhecemos o autor do risco, bem como os artistas que estiveram ligados à sua construção. A Capela de Santa Ana, devido à qualidade arquitectónica da fachada e do interior, deve incluir-se como mais um exemplar que dignifica a pujante arquitectura que aparece em Vila Real e seu termo ao longo do século XVIII.</p>
2015
Joaquim Jaime Barros Ferreira-Alves
A Misericórdia de Penafiel e o seu legado artístico-cultural (séculos XVII-XIX)
<p>A comemoração dos 500 anos da Misericórdia de Penafiel, em 2009, proporcionou uma reflexão sobre a sua história e o seu legado artístico-cultural, onde transcorre a arquitectura (igrejas da Misericórdia e de Santo António dos Capuchos, e a capela do Senhor do Hospital), a talha (Maneirismo, Barroco nacional, Rococó e Neoclássico) e imaginária inerente, incluindo espécimes do Museu de Arte Sacra da Misericórdia. Uma breve incursão pela história da Misericórdia conduz-nos ao dinamismo do abade Amaro Moreira, mentor da igreja, cuja capela-mor é dada como concluída em 1625. A criação da confraria da Misericórdia já vinha de 1509.</p>
2015
José Carlos Meneses Rodrigues
As Misericórdias em Portugal: exemplos singulares de integração urbana
<p>Neste trabalho, são resumidamente abordadas várias igrejas das misericórdias portuguesas, na perspectiva da sua integração urbana e do modo como esta integração condicionou as opções de arquitectura, ao nível das respectivas plantas e alçados. Um dos principais aspectos focados prende-se com a ligação entre as igrejas das misericórdias e a organização de grandes eventos exteriores próprios da Semana Santa, com as consequentes soluções arquitectónicas.</p>
Nos primórdios da igreja da Misericórdia de Castro Vicente
<p>Este estudo pretende contribuir para o conhecimento das origens da Misericórdia de Castro Vicente, no contexto transmontano do último quartel do século XVI, passando a saber-se que a escritura de hipoteca dos bens indispensáveis para a manutenção do culto e da conservação da igreja desta instituição, exigida para a obtenção da licença canónica para este templo entrar ao serviço do culto, data de 7 de Janeiro de 1587. Esta informação assume particular relevo, face ao completo desconhecimento da origem desta Misericórdia, já expressamente referido nas Memórias Paroquiais, de 1758.</p> <p>Pelas informações recolhidas, ficámos a saber também que esta instituição atingiu o período de esplendor na segunda metade do século XVIII, tendo entrado em declínio conducente à sua extinção, a partir de 1855.</p>
A documentação das confrarias medievais como fonte para a História da Arte
<p>Apesar do laconismo da documentação das confrarias, principalmente entre os séculos XII e XIV, a informação sobre locais de devoção, altares e respectivas evocações, a variação dos locais de sepultura e de sufrágio, o aparato e o significado dos rituais fúnebres e a sua possível relação com a ritualização das imagens, ou a informação sobre estruturas arquitectónicas constitui-se como valiosa matéria para a História da Arte.</p>
O retábulo-mor da Misericórdia de Bragança e o gosto pelos painéis com relevo figurativo no Norte e Centro do país
<p>Em 1518 o rei D. Manuel assinou o Compromisso da Misericórdia de Bragança. Relativamente às misericórdias portuguesas, a historiografia contemporânea tende a avançar com explicações que põem em jogo as mudanças ocorridas durante a Idade Média, nomeadamente as que respeitam aos fenómenos de piedade e mentalidade colectiva. Os franciscanos ao pregarem a caridade difundiram a crença do Purgatório e a iconografia da Mater Omnium. Numa linha de continuidade muito forte, passaria, figurada em painéis em relevo, para o retábulo maneirista da Misericórdia de Bragança onde se usaram também colunas espiralas que antecediam um novo tempo artístico, o Barroco.</p> <p>O gosto pela figuração em relevo sobre madeira, um gosto que se funda na estética gótica, prolongar-se-ia até meados do século XVII e XVIII, especialmente no Norte e Centro do país.</p>
O apoio social à terceira idade e os projectos de arquitectura para as misericórdias de Vimieiro, Pavia e Azaruja
<p>O nosso contacto com a realidade de quatro Santas Casas da Misericórdia de extintos concelhos do Alentejo – Évoramonte, Vimieiro, Pavia, Azaruja – iniciou-se no final dos anos 80 do século passado, quando nos foi pedido, a título de benfeitoria, para que projectássemos um centro de dia para a Santa Casa da Misericórdia de Évoramonte, devendo o mesmo integrar pequenas construções já existentes, que satisfizesse as necessidades básicas dos utentes, contendo uma sala de estar, sala de refeições e respectiva cozinha, sala para banhos e instalações sanitárias. Construção elementar, cuja obra seria executada em regime de auto construção, e ainda fora dos requisitos das normas e regulamentos que posteriormente a legislação veio impondo.</p> <p>Por dificuldades financeiras da instituição o projecto só teve implementação passados dois anos, vindo posteriormente a ser construído com significativas adulterações.</p> <p>No entanto, esse primeiro projecto, mau grado a sua evolução, permitiu-nos ter um primeiro contacto com a realidade destas irmandades, tendo-nos dado conhecimento para encetar outros projectos que se revelaram bem mais frutuosos e que o sentido crítico não nos impediu de apresentar, segundo uma ordem cronológica, sempre condicionados a uma exaustiva contenção de recursos financeiros e consequentemente de recursos técnicos, que obrigam durante o processo criativo a acautelar a concepção do projecto.</p>
Cura de almas para la salud del cuerpo. Arquitectura y fe en torno al Hospital de San Roque de Santiago de Compostela
<p>La capilla de San Roque, lo mismo que el hospital, surgen a raíz de sendas epidemias que afectaron a la ciudad a la ciudad de Santiago en1517 y en 1575-1576; la capilla se levanta por un acuerdo conjunto del ayuntamiento y el cabildo catedralicio y el hospital a propuesta del arzobispo D. Francisco Blanco. Se analiza aquí primero la función en la ciudad de este nuevo centro asistencial, su ubicación como conjunto fuera del antiguo recinto amurallado y en la parte alta de la ciudad; para después hacer una valoración de ambos edificios, en sus diferentes momentos y recordando a sus principales artífices. Unos fueron maestros vinculados con la fábrica de la catedral de Santiago, como los arquitectos Martín de Blas, Juan de Herrera de Gajano, Gaspar de Arce y Miguel Ferro Caaveiro o los escultores Gregorio Español y Juan Davila; otros como Simón Rodríguez y José Gambino fueron afamados artífices del XVIII compostelano.</p>
Em “passagem” pelo hospital – imigrantes galegos no Hospital da Divina Providência de Vila Real de Trás-os-Montes (1796-1836)
<p>Este artigo tem como objectivo sublinhar o interesse dos registos hospitalares para o estudo da imigração no passado. Partindo das informações recolhidas sobre galegos nos registos de internamento do hospital da Divina Providência de Vila Real de Trás-os-Montes entre 1796 e 1836, procura-se dar a conhecer o perfil social e profissional dos indivíduos que por lá «passaram», a sazonalidade do seu ingresso e alguns apontamentos sobre a morbilidade e mortalidade, entre outros aspectos. Apresentada como fonte complementar a outras, como os passaportes e registos paroquiais, os livros de entrada e saída de doentes deste hospital transmontano revelam vidas anónimas que ajudaram a modelar o espaço duriense mas que geralmente nos são apresentadas como massa indiferenciada», sem rosto, entenda-se, sem nome.</p>
2015
Manuel António Couto
Estilo, gosto e novidade do final do século XVIII. As cadeiras da Sala do Despacho da Santa Casa da Misericórdia do Porto
<p>O pagamento de doze cadeiras para a Mesa da Santa Casa da Misericórdia do Porto em 1789 é pretexto para um comentário sobre os modelos de mobiliário de assento na documentação gráfica que nos chegou do ensamblador portuense José Francisco de Paiva.</p> <p>Os comentários quanto a forma e decoração são inspirados em critérios veiculados por um tratado praticamente contemporâneo de um artista francês, Jacques-André Roubo.</p>
Misericórdias do distrito de Vila Real. Fontes para a memória colectiva da Região
<p>Com uma acção decisiva nas comunidades que servem, nomeadamente nos planos económico, social e cultural, as misericórdias encerram uma quantidade inestimável de informação, que urge divulgar.</p> <p>Através dos arquivos das Misericórdias perpassa a vida económica e social, a fortuna e a pobreza, a saúde, a orfandade, numa palavra, a vida e a morte das comunidades a que se estendia o seu raio de acção, e não só das próprias instituições a que diziam respeito.</p> <p>Para estudarmos a economia e a sociedade, a mentalidade e a história da arte, os Arquivos das Misericórdias fornecem-nos dados insubstituíveis, abrangendo, alguns deles, um espectro cronológico de cinco séculos.</p> <p>Acautelar esses arquivos, conservá-los, torná-los acessíveis, é uma tarefa imprescindível e meritória. Guiar os investigadores, organizando os acervos e dotando-os dos necessários instrumentos descritivos, é fornecer um contributo de excepcional relevância aos estudiosos da nossa identidade colectiva.</p> <p>Tem sido essa a preocupação do Arquivo Distrital de Vila Real, desenvolvendo todos os esforços no sentido da preservação, organização e divulgação dos fundos arquivísticos das suas Misericórdias.</p> <p>No contexto do distrito de Vila Real, assumem particular relevância os arquivos da Santa Casa da Misericórdia de Chaves, da Santa Casa da Misericórdia de Vila Real e da Santa Casa da Misericórdia de Mesão Frio.</p>
2015
Manuel Silva Gonçalves Paulo Mesquita Guimarães
Igreja de Nossa Senhora das Mercês e Misericórdia em Ouro Preto: religiosidade e rivalidade nas Minas Setecentistas
<p>A temática das Misericórdias na Capitania de Minas Gerais é assunto complexo; compreendido a partir de um amplo quadro de informações, muitas delas relacionadas ao universo da administração, da economia, da religião e da organização social, próprios da realidade portuguesa. Para o desenvolvimento dessa temática, optamos por situá-la a partir da construção da Igreja das Mercês e Misericórdia em Ouro Preto. Esse enfoque contribui para o entendimento das influências culturais ocorridas e dos procedimentos construtivos adoptados na região de Minas, durante o período colonial brasileiro.</p>
A Santa Casa da Misericórdia da Paraíba: o passado no presente
<p>O objectivo deste artigo é explorar e conhecer, um pouco mais, a história da arquitectura produzida pela Santa Casa da Misericórdia na Paraíba. Para tanto, dois períodos de análise foram definidos: o passado, cujo recorte tem início com a fundação desta irmandade na Paraíba, no final do século XVI, e se encerra quando seu conjunto edificado foi considerado concluído, em 1769. No presente, apenas a Igreja da Misericórdia regista este passado. Permaneceu, modificada pelas diversas reformas a que foi submetida, desde o século XIX. No mais, o hospital e o cemitério da irmandade foram sentenciados pela modernização e desenvolvimento da cidade: a antiga Filipéia de Nossa Senhora das Neves, hoje denominada João Pessoa, cuja história está intrinsecamente vinculada à trajectória da Santa Casa na Paraíba.</p>
2015
Maria Berthilde Moura Filha
As realizações artísticas e a criação da espacialidade religiosa barroca na Igreja da Misericórdia de Mangualde
<p>A igreja da Santa Casa da Misericórdia de Mangualde, edificada na terceira década do século XVIII, apresenta uma arquitectura característica das edificações barrocas da região, com um exterior sem exuberância decorativa significativa e planta rectilínea, sem jogos de perfis e o dinamismo que são apanágio do barroco.</p> <p>A ausência de formas planimétricas complexas e por si só geradoras do movimento e dos efeitos cenográficos implementados na arquitectura do período barroco e fomentados pela Igreja Católica, não constituíram um impedimento para que no interior da igreja da Misericórdia se tenham alcançado os conceitos e a uma ambiência identitárias da espacialidade barroca. As carências da arquitectura foram ultrapassadas através do recurso a um jogo de diferentes linguagens artísticas, com potencialidades de luz, de sugestão de movimento e com cores diferenciadas, mas capazes de se articularem de forma coerente e harmoniosa. Talha, pintura e azulejos, reunidas no espaço interior dissimulam a materialidade da “caixa” arquitectónica e conferem-lhe de forma ilusória uma dimensão e um dinamismo superiores aos reais. Presencia-se um engrandecimento do espaço interno e a criação de uma cenografia de aparato e exuberância adequadas à orgânica devocional e aos cerimoniais setecentistas. Materializa-se, assim, o engano decorativo que é apanágio do barroco.</p>
Instituciones asistenciales en Cáceres. Del siglo XIX a las primeras décadas del siglo XX. Hitos del crecimiento urbano
<p>El Hospital provincial y la Casa de las Hermanitas de los Pobres, de Cáceres (España), constituyen dos fundaciones de la edad contemporánea que influyen tanto en las propuestas de nuevos criterios asistenciales como en la ordenación de la ciudad. Sus proyectos constructivos van acompañados de actuaciones en el eje urbano que dio lugar al “Ensanche” de la población, orientado hacia la antigua estación del ferrocarril, con un parque y jardines, superando las dificultades topográficas.</p>
2015
Maria del Mar Lozano Bartolozzi
A Santa Casa da Misericórdia de Vila Real e a Procissão dos Santos Passos (1774-1902)
<p>Entre as procissões que a Santa Casa da Misericórdia de Vila Real organizava todos os anos, para além das obrigatórias na Quinta-feira Santa e na Sexta-feira Santa, contavam-se ainda a das Cinzas e a dos Santos Passos, esta última, no segundo Domingo da Quaresma. Não sendo obrigatória, a Procissão dos Santos Passos, era uma festividade de grande importância, não só no contexto religioso, mas também no contexto social de Vila Real. Ao analisarmos o período cronológico que medeia entre 1774 e 1902, sobre o qual temos registo, verificamos a existência de algumas alterações na sua estrutura organizativa, designadamente a partir de 1866.</p>
D. Diogo de Sousa, fundador das Misericórdias do Porto e de Braga: rumos do gosto em obras da sua encomenda
<p>Esta comunicação dá atenção ao que resta da capela funerária do arcebispo de Braga D. Diogo de Sousa, na qual o arcebispo quis agasalhar a recém-criada Misericórdia de Braga. Os elementos que parecem subsistir da construção original indicam obra precoce em Portugal ao modo do renascimento italiano do Quattrocento.</p>
Confrarias da Misericórdia. Dinâmicas artísticas do Minho
<p>O presente artigo debruça-se sobre as confrarias da Misericórdia do Minho, assumindo como estudos de caso as Misericórdias de cinco concelhos do Vale do Lima – Ponte de Lima, Ponte da Barca e Arcos de Valdevez, o concelho de fronteira entre os Vales do Lima e Minho, Viana do Castelo e, ainda, o concelho de Caminha. O estudo percorre o território geográfico retratando, sucintamente, os diferentes níveis de desenvolvimento económico e a sua tradução na estrutura social de cada núcleo com reflexos directos na política assistencial das Misericórdias. Considerou-se os eixos periféricos, mais rurais como Ponte da Barca, Arcos de Valdevez, colocando-se Ponte de Lima num eixo de transição entre o interior e o litoral e os dois territórios Atlânticos – Viana do Castelo e Caminha. Para a análise interpretativa do tema privilegiaram-se cinco factores, percorridos de forma a explicitar as condicionantes por detrás das dinâmicas artísticas que caracterizaram as Misericórdias em estudo desde a sua fundação: 1 – Protecção e patrocínio régio; 2 – Ascensão e reforço do prestígio social; 3 – Afirmação da elite local – acção dos provedores; 4 – Processos construtivos; 5 – Artistas: 5.1 A presença dos mestres Galegos; 5.2 O Circuito das elites.</p>
A Mortalidade no Hospital da Divina Providência da Misericórdia de Vila Real (1837-1853)
<p>O presente trabalho – inserido num estudo mais abrangente que se encontra a ser realizado no âmbito do projecto “A Santa Casa da Misericórdia de Vila Real. História e Património” –, procura ser um contributo para a história do Hospital da Divina Providência, nomeadamente no que se refere ao fenómeno específico da mortalidade, num período em que o restabelecimento do liberalismo (1834) e a revolução setembrista (1836), impuseram a modernização do Estado português, incluindo ao nível dos serviços e políticas de saúde.</p> <p>O levantamento, tratamento e análise dos dados recolhidos nos termos de óbitos, fonte privilegiada neste trabalho, permitiram-nos concluir sobre as características da mortalidade no Hospital, uma vez que nos dão conta do volume dos óbitos, da distribuição por género, estado civil, naturalidade e cemitério de enterramento dos indivíduos falecidos, o seu tempo de permanência no Hospital, bem como das causas da morte e do processo burocrático inerente a estes óbitos, onde se evidencia o elemento religioso, ao mesmo tempo que nos dão a perceber a real importância e impacto da Instituição na região.</p>